Grupo da UFPel promove GT no encontro da Associação Brasileira de Etnomusicologia
Estão abertas as chamadas para o Encontro Nacional da Associação Brasileira de Etnomusicologia (X Enabet). O evento será realizado de 8 a 12 de novembro de forma remota e é organizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS). O grupo de pesquisa do Núcleo de Música Popular da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) estará promovendo, dentro da programação, o Grupo de Trabalho (GT) 16 – “Processos criativos de práticas decoloniais em música popular”.
O GT propõe reunir pesquisas sobre processos criativos que se situam no limiar entre a oralidade e a escrita, individual e coletiva, de compositoras e compositores populares regionais invisibilizados ou alheios aos meios de comunicação de massa, mas atuantes e reconhecidos em suas comunidades através de sua produção artística e cultural. O GT busca ainda discutir as políticas públicas de música no Brasil através da recente implementação da Lei Aldir Blanc e o impacto do contexto virtual na vida dos músicos.
Estabelecida como campo de pesquisa desde o início dos anos 1980, a produção acadêmica em música popular, que estuda de forma colaborativa as práticas musicais locais não restritas aos aspectos folclóricos e de manifestação popular, passou a ser cada vez mais representativa nos programas de pós-graduação e graduação do Brasil, em consonância com outros estudos conduzidos na área na América Latina como um todo. Fora da academia, tais práticas, presentes em todo o território nacional, envolvem uma infinidade de gêneros e manifestações incluindo repentistas, trovadores, foliões, conjuntos instrumentais, sambistas, blocos, nações, congados, rodas, compositores e compositoras populares.
A produção de novas percepções sobre tais práticas, tanto em relação ao conteúdo como aos processo de criação, vem atraindo a atenção de pesquisadores de diversos campos tais como Polanyi (1967), Dietrich (2008), Frith (1978), Tagg (1979), Bastick (1980), Burnad (2012), Middleton (1990), Swanwick (1994), Lilliestam (1996), Maia (2019) Toynbee (2000), Tatit (1986, 1995), Schön (2017), Green (2002), Arroyo (2002), Burnard (2012), Canclini (2004), Quijano (2005), dentre outros, os quais ajudaram a fomentar discussões a respeito de novas epistemologias e pedagogias musicais, transpassados pelas novas perspectivas decoloniais na América Latina e pelos estudos de gênero. Metodologias analíticas e críticas bem como de transcrição, captação, arquivamento e registro, etnografia, auto-etnografia, etnografia virtual/digital ou netnografia, complementam a proposta do GT, que visa a estabelecer uma rede de agentes e instituições vinculados ao estudo de conhecimentos práticos provenientes da música popular de diversas localidades. Trabalhos provenientes da interface entre os campos da etnomusicologia, musicologia, música popular, educação musical, antropologia, história, letras, composição, performance e tecnologia são bem vindos a participar deste GT.
O GT reunirá pesquisadores, professores e grupos de pesquisa e instituições representados por Rafael Henrique Soares Velloso (UFPel), Edwin Pitre-Vásquez (Universidade Federal do Paraná), Leandro Ernesto Maia (UFPel) e Caroline Soares de Abreu (UFRGS).
A chamada para os GT’s e demais informações podem ser acessadas no site do evento.