UFPel matricula novos alunos quilombolas e indígenas
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) recebeu, nesta sexta-feira (6), oito estudantes que ingressaram neste semestre pelo processo seletivo específico para comunidades quilombolas e indígenas.
Os cinco calouros quilombolas cursarão Agronomia, Educação Física – Diurno, Fisioterapia, Medicina e Nutrição. Os três indígenas serão novos alunos de Fisioterapia, Jornalismo e Odontologia.
Após a matrícula, os universitários foram recebidos em reunião pelo Núcleo de Ações Afirmativas e Diversidade (NUAAD) e Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), que trouxeram informações e esclarecimentos sobre a vida acadêmica.
Essa vai ser a primeira vez que Camile Vitorino, 18 anos, vai deixar a aldeia kaingang, que fica em Iraí (RS), para estudar. A nova universitária vai fazer parte da primeira turma de Fisioterapia da UFPel. “Quero trabalhar na aldeia e ajudar quem precisa”, projetou.
Também morador da mesma aldeia, Diogo Poky Jacinto, 22 anos, também sonha em realizar suas atividades profissionais junto ao povo local. Ele conta que sempre quis cursar Odontologia. “Lá não há nenhum indígena com formação nessa área. Vim adquirir conhecimento para ajudar minha comunidade”, destacou.
Mariana Silveira Alves, 21 anos, diz estar ansiosa pelo começo da nova trajetória – ao mesmo tempo em que exibe um franco sorriso que declara sua alegria. Moradora do quilombo Vó Elvira, na zona rural de Pelotas, a estudante já faz planos para que seu caminho na Universidade seja o mais proveitoso possível. “O curso vai exigir bastante de mim. E quando começar, não quero parar. Para seguir me capacitando, preciso ter boas notas, participar de projetos, publicar artigos. Tenho que estar sempre à frente”, conta a moça, que pretende se especializar em Neurologia. “Vai me abrir um mundo novo”, conta, inspirada na mãe, que também ingressou na UFPel pelo processo seletivo específico e hoje está prestes a se formar em Pedagogia. Para Mariana, trata-se de uma grande oportunidade para que os quilombolas e indígenas possam dar voz à sua cultura nos bancos acadêmicos. “Podemos trazer nossas questões e desmistificar preconceitos que muitas vezes surgem por desconhecimento da nossa cultura, nossa religião e nossas práticas”, observa.
A técnica em assuntos educacionais do NUAAD, Raquel Silveira, destaca que o Núcleo desenvolve um trabalho próximo com os estudantes para focar não apenas no ingresso, mas na permanência desse público na Universidade. “Com essa ação afirmativa, a Universidade está reconhecendo e incluindo os que não estavam nesse espaço, uma conquista dos movimentos sociais e da Instituição. Quando temos esse compromisso social e político, temos que pensar em todas as etapas, para que eles possam finalizar o processo com dignidade e felicidade”, destaca.
Boas-vindas
No dia 17, à tarde, deverá ocorrer um encontro de acolhida para negros, indígenas e quilombolas da UFPel – independentemente de terem ingressado ou não pelo processo seletivo específico. O local será confirmado.
A matrícula dos candidatos quilombolas e indígenas aprovados nos cursos com ingresso no segundo semestre do ano será realizada em data posterior. O edital referente será publicado a partir do dia 1º de julho, na página da Coordenação de Registros Acadêmicos (CRA).