TCC aborda dificuldades de deficientes visuais em espaços culturais
No dia 6 de dezembro foi apresentado, dentro do curso de Museologia da UFPel, o Trabalho de Conclusão de Curso “Mediação cultural acessibilizada: um modelo de aproximação entre pessoas com deficiência visual e o patrimônio de Pelotas: um estudo de caso do Encontro Olho de Sogra”, por Leandro Pereira, o primeiro deficiente visual do curso.
O novo museólogo trouxe no seu TCC um estudo de caso do Encontro Olho de Sogra para investigar a mediação cultural acessibilizada como um modelo de aproximação entre pessoas com deficiência visual e o patrimônio de Pelotas.
De acordo com Leandro, o encontro Olho de Sogra surgiu a partir do momento que percebeu que pessoas com deficiência visual não tem o mesmo acesso aos patrimônios culturais da cidade. “Eu comecei a organizar o encontro Olho de Sogra em 2017, depois que entrei na Universidade, porque achei que as pessoas com deficiência visual não tinham o mesmo acesso aos patrimônios de Pelotas”, ressalta.
“A pesquisa mostra como as pessoas que não enxergam precisam de recursos para compensar ausência da visão e o quanto são capazes de aproveitar e usufruir das informações culturais e do patrimônio para a construção do seu conhecimento e também utilizar como espaços de lazer”, explica Leandro.
O graduando utilizou um modelo de metodologia para atender essa demanda em Pelotas, que utiliza o recurso de audiodescrição e estimula a experiência com o tato para a apreensão dos patrimônios material e imaterial da cidade. “Ao estudar Museologia percebi o quanto é importante conhecer sobre a culturas, tradições e as sociedades através dos museus e o quanto eles estão despreparados para receber o público que não vê”, afirma.
Por ser o primeiro cego do curso de Museologia, Leandro conta que despertou nos professores, colegas e nos museus a necessidade urgente de se prepararem para receber o público com deficiências. “A motivação para a pesquisa veio das frustrações ao participar de passeios culturais na cidade, que pelo fato de eu não enxergar não eram tão proveitosos”, reflete.
A mediação cultural acessibilizada é uma novidade em Pelotas. “Essa atividade é muito necessária para oferecer socialização entre pessoas com e sem deficiência, o que contribui muito para a diminuição do preconceito e da discriminação para com as pessoas com deficiência”, conclui Leandro.