Secretário nacional de Cultura visita Grande Hotel
As obras de restauração do Grande Hotel devem começar em breve. O prédio, que abrigará o hotel-escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), recebeu a visita do secretário especial de Cultura do Ministério da Cidadania, Henrique Pires, nesta sexta-feira (21). Na ocasião, foram anunciadas as etapas seguintes do processo licitatório – a verba, de R$ 9 milhões, já foi garantida pela assinatura do termo de execução descentralizada entre UFPel e Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A expectativa é que o processo licitatório seja lançado até 15 de julho, com previsão de abertura dos envelopes na primeira semana de agosto. Serão 24 meses de obras para colocar em uso pleno o imóvel de 4,3 mil m2. Além da atividade acadêmica, o Grande Hotel terá capacidade para atender 56 hóspedes e oferecer serviços gastronômicos. “Queremos manter o Grande Hotel de portas abertas para a comunidade. Esse é um momento simbólico”, apontou o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Otávio Peres.
O reitor, Pedro Curi Hallal, ressaltou que a pauta da área patrimonial é muito importante para a Instituição e, na ocasião, apresentou as propostas da UFPel para recuperar e valorizar outros imóveis da Universidade significativos para a comunidade. “Queremos comemorar a restauração do Grande Hotel e apresentar as próximas prioridades, respeitando os melhores caminhos para chegar a elas. Pelotas vive um momento de reconhecimento patrimonial”, observou, destacando o apoio das autoridades.
Para o secretário especial de Cultura, o momento é marcante e assinala o início da reconstrução planejada de mais um imóvel que se reintegra ao conjunto histórico da cidade. Pires lembrou que o Grande Hotel surge em 1928, como resposta à necessidade que o município sentia de um hotel moderno – e que agora, nos moldes de hotéis-escola existentes pelo mundo, prepararão os futuros profissionais além de servir a comunidade com excelência. “Daqui sairão credenciados para atuar em qualquer lugar do mundo. A Universidade, no momento em que une hotelaria e outros cursos no uso deste local vem ao encontro do que se espera no momento: que os espaços sejam utilizados e com vocação para se sustentarem. Certamente será uma inspiração para outros ambientes a se formarem desta maneira”, observou.
O prédio receberá intervenções tanto internas quanto externas. Pelo acesso principal, haverá a recepção do hotel, café e restaurante; já na área térrea acessível pela rua Anchieta ficarão áreas acadêmicas e administrativas do curso de Hotelaria. Nos segundo e terceiro pisos, ficarão os quartos; já no quarto, novos espaços acadêmicos, como salas de aula e laboratórios. Já o porão abrigará serviços do hotel e cozinha.
Em vista
A UFPel apresentou suas propostas para outros imóveis representativos do patrimônio local: a antiga Escola de Belas Artes (EBA), o Centro de Integração do Mercosul, a antiga cervejaria Brahma e a antiga Laneira. A intenção é captar recursos para desenvolver os projetos complementares e executivos, que, como espaços históricos, requerem a contratação de empresas especializadas para a função. O investimento para todos os espaços – com exceção da Laneira, cujos projetos já estão desenvolvidos – gira em torno de R$ 1 milhão.
A EBA, localizada na rua Marechal Floriano, está atualmente interditada. “Queremos colocar em uso todos os prédios da UFPel e esse é o que mais nos dói ver fechado”, declarou o reitor. Para o espaço do Centro de Integração do Mercosul (na rua Andrade Neves), a proposta é torná-lo Biblioteca Central, em homenagem ao escritor e professor Aldyr Schlee, falecido no ano passado. Para o prédio da antiga Brahma, na rua Benjamin Constant, a UFPel planeja um grande Centro de Eventos para Pelotas, destinado a receber especialmente ações acadêmicas e culturais. E o prédio da Laneira, na rua Duque de Caxias, deverá tornar-se Casa dos Museus, unificando uma série de espaços culturais da Universidade.
Na opinião do secretário, trata-se de propostas viáveis. Segundo ele, o prédio da Brahma poderá vir a ser um grande local de revitalização da região. Quanto à EBA, assinalou, é um exemplo da proposta de criação de fundos patrimoniais no país – para que legados deixados por indivíduos possam ser utilizados com finalidades específicas, como o caso do imóvel, doado pela família Simões. “Além disso, o prédio do Mercosul poderá ser mais um espaço cultural de grande qualidade, possibilitando que diversos projetos sejam apresentados em uma localização estratégica. Um local de excelência para que esse material seja compartilhado, conferindo um ‘retempero’ na região”, analisou.
Patrimônio sustentável
O diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan, Andrey Rosenthal Schlee, assinalou que o órgão preconiza a aplicação do recurso em projetos autossustentáveis. “É responsabilidade do gestor público ter certeza de que o pouco recurso que se tem vai ser bem empregado. Em se tratando de uma universidade, não há como não colaborar. Esperamos contribuir com os próximos projetos”, disse. Como filho de Aldyr Schlee, o diretor do Iphan aproveitou a ocasião para anunciar a doação à Universidade do acervo do escritor.
Participaram do encontro, ainda, o deputado estadual Luiz Henrique Viana, o deputado federal Daniel Trzeciak e o secretário municipal de Cultura, Giorgio Ronna.