Pesquisadora do PPGE recebe o Prêmio Capes de Tese 2013 em Saúde Coletiva
A pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel (PPGE/UFPel), María Clara Restrepo Méndez, recebeu da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) o Prêmio Capes de Tese 2013 da área de Saúde Coletiva pela tese “Maternidade na Adolescência: Efeitos em curto e longo prazo sobre a saúde e o capital humano dos filhos Coortes de Nascimentos de Pelotas, RS – 1982, 1993 e 2004”. É o segundo ano consecutivo em que a produção científica em nível de doutorado do PPGE obtém o Prêmio Capes de Tese, que contemplou, na edição de 2012, o trabalho “Efeito de condições sociodemográficas e do crescimento precoce sobre obesidade abdominal em adultos jovens: resultados da coorte de Pelotas de 1982”, do pesquisador David González-Chica.
Defendida no ano de 2012, sob orientação do epidemiologista Cesar Gomes Victora, a tese premiada em 2013 põe em xeque a hipótese de que a gestação na adolescência é a causa direta de prejuízos à saúde – e até da morte precoce – dos filhos de mães adolescentes.
A partir da base de dados das Coortes de Nascimento de Pelotas, que dispõe de informações sobre a saúde da população de nascidos na cidade em 1982, 1993 e 2004, coletadas do nascimento à idade adulta, a pesquisa avaliou as consequências a curto e longo prazo da maternidade na adolescência sobre diferentes aspectos relacionados à saúde, à escolaridade e ao comportamento dos filhos.
Os resultados revelam que, embora a mortalidade pós-neonatal, o baixo peso ao nascer e a prematuridade tenham sido, respectivamente, 60%, 9% e 20% mais frequentes entre filhos de mães adolescentes (15-19 anos) em comparação com os de mães adultas (20-30 anos), essa diferença de risco se anula quando as mães adolescentes recebem atendimento pré-natal adequado. Em relação às consequências a longo prazo, os filhos de mães adolescentes apresentaram chances 10% maiores de ter relações sexuais antes dos 16 anos, 30%, de ser pais e mães durante a adolescência, e 20%, de formar família precocemente.
Confirmados por revisão sistemática da literatura científica, os resultados da tese apontam que o ambiente socioeconômico e familiar – e não a idade precoce – é o principal responsável pelas desvantagens em relação à saúde e às características socioeconômicas dos filhos de mães adolescentes em comparação com os de mães adultas.
Com base na conclusão da análise dos dados, a tese da pesquisadora do PPGE indica que programas de prevenção da gravidez precoce devem agir sobre aspectos do contexto social – em especial a pobreza e a baixa escolaridade que atingem mais de 30% das jovens gestantes e são os principais determinantes dos prejuízos sociais a curto e longo prazo relacionados à maternidade na adolescência.