Pesquisador do Mast palestra no Museu do Doce
A Rede de Museus da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFPel promoveu nesta quarta-feira, dia 22 de maio, no Auditório do Museu do Doce, a palestra “Patrimônio Cultural de Ciência e Tecnologia e Museus Universitários” proferido pelo pesquisador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) Marcus Granato. O MAST é um centro de pesquisa do Ministério de Ciência e Tecnologia e guarda o acervo do Observatório Nacional, dentre outros e desenvolve ampla agenda de atividades com o público, além das exposições.
Marcus, além de coordenador de museologia do MAST, é professor do curso de mestrado profissional em Preservação de Acervos da C&T (MAST), vice-coordenador e professor do Programa de Pós-Graduação (mestrado e doutorado) em Museologia e Patrimônio (UNIRIO/MAST), consultor ad-hoc do CNPq, da FAPESP, da CAPES, da CYTED, da FAPERJ e atua com a conservação de patrimônio e objetos da ciência e da tecnologia.
Iniciou a sua palestra com uma imagem aérea do Museu Nacional em chamas para contextualizar a imensa fragilidade que faz os museus sucumbirem, mesmo a sinistros previsíveis. Com formação estritamente técnica e científica, contou como o seu encontro com os museus, no início de sua carreira de pesquisador, calibrou a percepção para os acervos técnicos e científicos. Saudou o fato de que os museus são lugares encantadores, onde muitas coisas maravilhosas podem acontecer.
Porém, enquanto trabalhava com tais acervos, percebia a dificuldade em conceitua-los, uma vez que tais objetos vinham, em geral, de uma história de abando pela obsolescência ou de um esquecimento determinado pela exaustão do uso ou da perda de função. Nas universidades, tais objetos se perdem de muitos modos. São deixados de lado, esquecidos em armários e almoxarifados, enviados para os setores de inservíveis ou destinados a pilhas de sucatas.
No entanto, dentro de um museu de ciência, podem estabelecer profundo diálogo com as coleções científicas e educativas, podem conquistar voz e contar sobre como eram utilizados e como se davam os procedimentos de investigação científica, como se ensinava e se aprendia, como a técnica, irmã da ciência, era meio e fim para os avanços do conhecimento. Contou, ainda, sobre como pensar nestes acervos enquanto testemunhos dos processos científicos e tecnológicos pode incentivar ao surgimento de novos pesquisadores e de um conceito de ciência mais humanizadoe integrador.
Marcus destacou o fato de que universidades com cursos de Museologia são mais capazes para estabelecer a guarda dos seus acervos históricos, inclusive dos de ciência e tecnologia.
Já no final da palestra, voltou a mostrar as peças do Museu Nacional que sobraram das chamas, sobre as quais ele contribuiu para a identificação. E fez lembrar do temporal que caiu na mesma noite do incêndio, principal responsável por apagar as maiores labaredas que consumiam o MH. Na última imagem mostrada por Marcus, viam-se as hastes de metal serem erguidas para escorar as paredes do prédio mutilado e então contou que há voluntários: pesquisadores, professores, alunos, que antes trabalhavam no museu e que agora, nas horas que podem, andam nas áreas seguras, com o intuito de recuperar dos escombros os objetos sobreviventes.
Entre depoimentos e perguntas que se seguiram, a Profa Silvana Bojanoski, coordenadora da Rede de Museus, anunciou que a Rede pretende, em breve, estabelecer parceria com os cursos de Museologia, Conservação e Restauração e com o Programa de Pós-Graduação em Memória Social para, no curso dos 50 anos da UFPel, iniciar um trabalho de memória sobre o acervo técnico, científico e histórico da Universidade, localizado nas unidades.