Sustentabilidade e Responsabilidade Social são discutidos no Simpósio de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído
Uma maneira sistêmica de ver e pensar o mundo, partindo do pressuposto de uso e manutenção dos recursos naturais de forma sustentável, aliada à valorização e consideração do ser humano de forma igualitária e justa, é a tônica do evento nacional sediado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) nesta semana. A instituição recebe o 8º Simpósio de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído (SBQP), cuja abertura ocorreu nesta quinta-feira (16). O encontro reúne profissionais e estudantes de Arquitetura e Urbanismo e diferentes áreas do conhecimento até sábado (18).
Durante os três dias de evento, conferências, sessões de comunicação, exposição e painéis buscam a reflexão sobre a responsabilidade do projeto em tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
Na cerimônia inicial do SBQP, realizada no prédio do Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Ciências Humanas, Sociais, Sociais Aplicadas, Artes e Linguagem (Cehus), a coordenadora do evento, professora Nirce Saffer Medvedovski, destacou a relação das instituições de ensino com os temas do evento e a necessidade de levantar a voz. Segundo ela, o pós-pandemia tem sido momento de reconstrução das redes de pesquisa e financiamentos relacionados à habitação e cidades, além do desafio de trazer respostas exatamente aos temas emergentes – não pela novidade, mas pela urgência: sustentabilidade e responsabilidade social do projeto. “Temos que buscar respostas urgentes às mudanças climáticas e resgatar a dívida social que temos com a qualidade da habitação e da cidade no nosso país”, ressaltou.
A professora destacou também a necessidade de erguer clamor por linhas de fomento, bolsas para os alunos de graduação e pós, e a implantação de programas de residência em Arquitetura e Urbanismo e áreas relacionadas, já que os arquitetos não trabalham sozinhos pela melhoria do ambiente construído. “Somos corajosos, somos visionários, somos teimosos, somos professores, pesquisadores e extensionistas e nos últimos anos temos feito verdadeiros milagres nas nossas universidades. Que esse evento possa nos ajudar a atingir esses objetivos”, disse.
Na ocasião, a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (Prograu/UFPel), professora Celia Gonsales, falou sobre a consolidação do Programa no estado e impacto social relevante na zona Sul. A docente relatou, também, a aprovação do curso de Doutorado, que em breve deverá inscrever sua primeira turma, e anunciou dois grandes eventos que a instituição receberá nos próximos anos: o Graphica, congresso internacional de engenharia, artes e design, em 2024, e o Seminário Internacional Projetar, em 2025.
O diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FaUrb/UFPel), professor Eduardo Grala da Cunha, usou seu momento de fala para agradecer aos estudantes da equipe organizadora pela dedicação e convidou os participantes do encontro para conhecer a FaUrb.
Também presente na mesa de abertura, a presidente da Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (Antac), Luciani Lorenzi, fez coro à fala da coordenadora do evento, informando que a entidade está atenta à percepção de falta de incentivos. De acordo com ela, um grupo da Associação, junto a representantes da indústria da construção civil, esteve em Brasília levando a demanda da necessidade de fomento e novos investimentos no setor. Segundo a gestora, há boas perspectivas para o segmento científico. A presidente também falou sobre o compromisso da Antac de estar presente nos eventos, levantando possibilidades de melhorias, já que os encontros ainda sofrem reflexos do pós-pandemia.
A importância da participação em eventos também foi ressaltada pelo coordenador científico do SBQP, professor César Imai. Segundo ele, são ocasiões que possibilitam criar redes, estabelecer contatos e oportunizar que estudantes de graduação e pós-graduação possam interagir entre colegas e pesquisadores. “Todos queremos publicar, mas o evento ainda é o local mais adequado para que nós possamos interagir e criar massa crítica”, disse. O coordenador destacou ainda que mais de 75 artigos foram submetidos ao SBQP, sendo 45 deles apresentados. Ao final, os melhores serão premiados.
O pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da UFPel, Paulo Ferreira Júnior, deu as boas-vindas aos participantes e fez uma breve apresentação das principais características da Universidade, relatando os desafios de gerenciar a instituição com poucos recursos, especialmente no que diz respeito a obras e melhorias de infraestrutura. Também destacou a qualidade da instituição e sua atuação por meio do trabalho desenvolvido pelas pessoas que a compõem. Ferreira ainda parabenizou a organização do evento pela ousadia de realizá-lo em uma instituição periférica. “Feliz de a UFPel protagonizar um evento como esse”, ressaltou.
Programação
Dentre as atrações da programação, estão a exposição “Minha Casa, Meu Casarão” – visita guiada ao Museu do Doce, que ocorreu também no primeiro dia do evento, e ação prática da oficina “Mediação digital e patrimônio: a ocupação do espaço público a partir do graffiti digital”. Esta irá ocorrer na sexta-feira (17), das 18h às 20h, com projeção no Largo do Bola (localizado em frente ao Instituto de Ciências Humanas, na rua Coronel Alberto Rosa, entre as ruas Benjamin Constant e Almirante Tamandaré).
A programação completa do SBQP pode ser acessada no site do evento, onde constam outras informações.