UFPel fortalece a construção de políticas públicas para as mulheres na 5ª Conferência Nacional
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) está entre as instituições que têm contribuído ativamente para a mobilização nacional rumo à 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM), que acontecerá entre os dias 29 de setembro e 1º de outubro, em Brasília. Como parte do processo democrático e participativo que marca a Conferência, a Universidade promoveu e participou de importantes espaços de escuta e proposição, com destaque para as conferências livres realizadas com mulheres negras, mulheres indígenas e do Núcleo de Estudos Feministas e de Gênero (D’Generus), além de sua presença na Conferência Municipal de Pelotas.
Coordenada pelo Ministério das Mulheres e pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, a 5ª CNPM tem como tema central “Mais Democracia, Mais Igualdade, Mais Conquistas para Todas”. Este evento oferece um espaço de participação social, permitindo o diagnóstico e a proposição de políticas públicas para as mulheres em sua diversidade. Com a realização de conferências livres, municipais, regionais, estaduais e nacionais, a CNPM visa levar as realidades locais às instâncias superiores, ampliando o compromisso com a equidade de gênero, o enfrentamento das violências e a promoção da autonomia feminina.
A participação da UFPel neste processo reforça o papel das universidades públicas como agentes de transformação social, abrindo espaço para a escuta qualificada de grupos historicamente silenciados e ampliando o alcance e a legitimidade do processo democrático.
A pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade da UFPel, Cláudia Daiane Molet, destacou a importância da participação da universidade nesse processo. “A universidade tem se aproximado cada vez mais da comunidade, especialmente das mulheres e dos territórios, sendo propositiva e construtiva. Nosso compromisso é com uma universidade cidadã e democrática, onde as mulheres possam se sentir seguras e acolhidas”, afirmou.
Vozes da Aldeia: Conferência Livre na Aldeia Gyró
Realizada no dia 14 de julho, a Pré-Conferência Municipal das Mulheres, na Aldeia Gyró, em Pelotas, marcou um momento importante e simbólico de participação indígena no processo conferencial. Com a presença do Coletivo de Mulheres Indígenas da UFPel, o encontro promoveu a escuta das realidades específicas das mulheres indígenas e a formulação de propostas voltadas à saúde, educação e território.
De acordo com a estudante de jornalismo, Vanessa de Oliveira Silva, do Povo Kaingang, a participação do Coletivo foi muito significativa, um momento de escuta e de contribuir com propostas que representem as mulheres indígenas nas Políticas Pública. “Foi fortalecedor para o nosso coletivo, pois reafirmamos a importância da nossa presença nos espaços de decisão e construção da igualdade. Foi um espaço de diálogo e resistência”, afirmou a estudante.
Para a estudante de Comércio Exterior, Milena Raquel Batista Farias, do povo Tupinambá, a importância da representatividade, a voz, o empoderamento, a visibilidade, o diálogo, o intercultural, nesse processo de formulação de políticas públicas é fundamental. “Nós, como mulheres indígenas, estamos levando essa voz, essa bandeira. Inspirando, porque é necessário e indispensável a nossa participação do coletivo”, destacou.
A atividade contou com a presença da pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade, Cláudia Daiane Molet, e da coordenadora de Políticas Étnico-raciais, Janaize Neves, reforçando o compromisso institucional da UFPel com a escuta e a valorização dos saberes ancestrais.
Mulheres Negras em Movimento: Conferência Livre no Clube Negro Chove Não Molha
No dia 25 de julho, o Grupo Impulsor de Mulheres Rumo à Marcha Nacional de Mulheres Negras (GIMMN) realizou a Conferência Livre das Mulheres Negras de Pelotas, no tradicional Clube Negro Chove Não Molha. O evento reuniu mais de 50 participantes, incluindo estudantes da UFPel, mulheres da periferia, empreendedoras, lideranças religiosas de matriz africana, quilombolas e integrantes de movimentos sociais.
Na conferência, foram aprovadas três propostas: a implementação da Convenção 189 da OIT sobre trabalho doméstico digno; a adoção de políticas reparatórias em áreas como moradia, saúde, transporte e crédito para mulheres negras; e a promoção da equidade racial e de gênero na democracia, com garantia de representação política e nos espaços de controle social.
Segundo Eva Santos, do Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas (GAMP), a UFPel tem papel estratégico como formadora de profissionais que executarão essas políticas, devendo assumir também seu compromisso como agente indutor das ações reparatórias. “Tanto a universidade quanto o poder público precisam reconhecer sua responsabilidade na efetivação dessas políticas. A UFPel também forma os profissionais que estarão diretamente envolvidos na sua execução”, disse.
D’Generus: por mais igualdade na ciência
Sob o título “Elas na Universidade: por mais igualdade e inclusão das mulheres na ciência”, a conferência promovida em 15 de julho pelo grupo D’Generus e pela União Brasileira de Mulheres (UBM), com apoio da Proafe/UFPel, reuniu pesquisadoras, professoras, técnicas e estudantes da Universidade.
O encontro debateu as desigualdades de gênero na ciência e propôs ações concretas como: criação de redes de apoio e mentoria, implementação de políticas de diversidade e inclusão, acolhimento a mães pesquisadoras, combate ao assédio, editais específicos de fomento, cotas para mulheres em cargos de gestão e políticas de popularização da ciência com foco em meninas da educação básica.
As propostas resultantes da conferência foram sistematizadas e enviadas à etapa nacional, reforçando a importância da articulação entre pesquisa, política e transformação social.
A coordenadora do grupo D’Generus da UFPel, Márcia Alves, reforçou a importância desse processo para a participação das mulheres. Ela afirmou: “É uma grande oportunidade de participação das mulheres nas esferas de decisão política. É a democracia acontecendo de fato, pois a Conferência Nacional vai apontar para a elaboração de políticas públicas que podem incidir diretamente nas vidas das mulheres do país”, destacou.
Participação na Conferência Municipal de Pelotas
Além das conferências livres, a UFPel também teve participação ativa na Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres de Pelotas, ampliando o diálogo entre a academia e o poder público, o que potencializa a construção de políticas públicas mais inclusivas e transformadoras.
