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Pesquisa de doutoranda da UFPel busca inovações para inclusão social em museus

A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural (PPGMP) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Desirée Nobre Salasar, está desenvolvendo na sua tese de doutorado intitulada “Comunicação inclusiva na perspectiva do desenho universal: estudo de caso do Museu da Comunidade da Concelhia da Batalha (MCCB)”. O estudo aprofundado sobre o MCCB, localizado no município de Batalha, em Portugal, busca analisar e interpretar as diferentes formas de comunicação inclusiva no Museu, conhecido como um dos principais museus referenciais em acessibilidade para todos os públicos no continente europeu, com ferramentas  exclusivas  para uso de  pessoas com deficiência (PCDs).

Para realizar o estudo de caso do Museu, a doutoranda, que tem bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), realizou  uma pesquisa qualitativa, que buscou levantar fontes documentais, de planejamento e desenvolvimento do museu. Além disso, Desirée vivenciou a relação dos visitantes com as exposições, permitindo-lhe fazer um diagnóstico de todas as ferramentas de acessibilidade do museu,  com o intuito de observar se  os recursos acessíveis  do MCCB são úteis aos PCD’s.

Com o objetivo de ampliar ainda mais a acessibilidade no Museu da Batalha e também como forma de desdobramento da tese de Desirée, a doutoranda escreveu o livro: “Saltos no tempo: uma visita especial ao MCCB” , considerado um livro multiformato. O exemplar reúne recursos de linguagem simples, braille, sistema pictográfico para a comunicação, audiodescrição, vídeo em Língua Gestual Portuguesa e QR Code. O livro conta a história da personagem Matilde, que faz uma visita guiada ao MCCB, onde os objetos do museu contam a história do local para ela, de forma lúdica, didática e inclusiva para todas as crianças.

A obra é resultado do Protocolo de Cooperação entre o PPGMP e o Instituto Politécnico de Leiria. Foi editada pelo Município da Batalha, através do MCCB, em conjunto com o Centro de Recursos para a Inclusão Digital – ESECS/IPLEIRIA (CRID), contando também com a colaboração da Casa do Mimo e do Agrupamento de Escolas da Batalha.

Premiação

No final do mês de maio, o livro de Desirée foi premiado pela Associação Portuguesa de Museologia (APOM), na categoria “Edições”, sendo reconhecido por ser um livro criado por um museu com o objetivo de atingir um maior número de crianças, além de ser o primeiro livro multiformato de um museu português. “Uma forma de ampliar os recursos existentes dentro do Museu, mas também de estar em constante diálogo com a comunidade da Batalha”. explica Desirée.

Após a consulta de várias fontes ligadas ao museu, a doutoranda chegou a conclusão de  que o Museu da Batalha não foi pensado nos princípios de um museu tradicional, onde não há, na maioria dos casos, um sistema acessível para receber PCD’s. Após a defesa de seu doutorado, Desirée pretende levar as ferramentas de acessibilidade, analisadas no MCCB, para o Brasil, onde não há museus pensados para receber todos os públicos. “Por isso eu vim pra cá para realizar esse estudo de caso, para tentar levar para o Brasil esse desenvolvimento de um museu que é pensado para um maior número de pessoas possíveis”. pontua Desirée.