Oficina integra entidades envolvidas em projeto de Resistência Antimicrobiana
Representantes de diversas entidades de assistência e pesquisa em saúde estiveram reunidos nesta quinta-feira (22) no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel) para participar de uma oficina de integração. O evento reuniu representantes da Fiocruz e Centros de Estudo em Resistência Antimicrobiana do Projeto de Pesquisa em Rede.
A proposta, contemplada no edital “Inova Fiocruz – Programa de Saúde em Pesquisa em Saúde Única” versa sobre a avaliação do cenário de resistência antimicrobiana (RAM) em hospitais universitários. Também propõe tecnologias para prevenção, controle e monitoramento das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).
O projeto busca, ainda, fortalecer a capacidade de pesquisa da Rede Saúde do Rio Grande do Sul, em consonância com as políticas preconizadas pelo SUS no Estado.
Integram a equipe do projeto docentes da UFPel, representantes do HE/UFPel – Ebserh, Hospital São Francisco de Paula da Universidade Católica de Pelotas (HUSFP/UCPel), Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Fiocruz Brasília (Fundação Oswaldo Cruz – Distrito Federal) e conta com a colaboração internacional da Universidade Nacional de Singapura e da empresa Cristófoli Equipamentos de Biossegurança. A coordenação é do professor da UFPel Rafael Lund.
Na ocasião, 40 pessoas, integrantes de diversas instituições, participaram de palestras, apresentações dos cases do HE/UFPel, Hospital Miguel Riet Corrêa Jr. (Furg/Ebserh), HUSFP/UCPel e Beneficência Portuguesa. Também houve mesa-redonda e bate-papo dos pesquisadores da Fiocruz Brasília com os representantes dos hospitais.
Na abertura do encontro, o coordenador Rafael Lund deu as boas-vindas e ressaltou a importância e a sensibilidade das pesquisadoras da Fiocruz desde o início do projeto, destacando a parceria e o companheirismo de toda a equipe, que permitiu ao grupo chegar até o momento. De acordo com ele, o projeto é composto por três grandes fases, desenvolvidas em dois anos, “que começam muito bem com a disponibilidade de todos. Essa é a primeira oficina de muitas que virão”, projetou.
O diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), Odir Dellagostin, falou da satisfação em ver se desenvolvendo um projeto apoiado pelo órgão no âmbito da Rede Saúde no edital Inova Fiocruz – Fapergs/Fiocruz. Segundo ele, a Rede Saúde, ação da Fiocruz no Rio Grande do Sul, já existe há muitos anos, mas é a primeira vez que o edital foi direcionado para o fortalecimento dessa rede. O projeto prevê a participação e cooperação de pesquisadores de todas as instituições científicas e tecnológicas vinculadas à rede no estado. “Trará grandes e importantes resultados para a saúde única no Rio Grande do Sul, no Brasil e, quiçá, no mundo”, disse.
A relevância da iniciativa também foi apontada pelo coordenador de Pesquisa da UFPel Marcos Britto Corrêa. Segundo ele, a pesquisa na área da saúde é um grande destaque na UFPel e dentro do Hospital Escola vem ganhando importância. Trata-se, pontuou, de um projeto estratégico para a instituição. “É um desejo da nossa comunidade aproveitar a estrutura do HE para desenvolver trabalhos e o potencial que se tem na área da saúde para dar resposta aos problemas da realidade do Hospital”, observou.
Representando o Serviço de Gestão da Qualidade da Ebserh, Tatiana Damasceno da Silva parabenizou pela iniciativa e disse que o projeto abrange um tema que demanda atenção, pelo protagonismo que a resistência antimicrobiana tem assumido nos serviços de saúde, e também por possibilitar demonstrar o andamento do estudo que está sendo conduzido pelas instituições. De acordo com ela, além do mérito há um alinhamento do projeto tanto com as competências do Serviço quanto com o planejamento de capacitações pensadas pelo órgão para os hospitais da rede, relacionadas à temática do estudo. Tatiana também falou sobre os indicadores de qualidade em saúde utilizados pela Ebserh que podem contribuir com a pesquisa. De acordo com ela, mais de 90% dos hospitais da rede mantêm monitoramento sistemático de ocorrência de resistência antimicrobiana e dos surtos infecciosos.
A pesquisadora da equipe do Núcleo de Epidemiologia e Vigilância em Saúde da Fiocruz, Mariana Pastorello Verotti, se disse emocionada em ver o auditório cheio para tratar do tema. Ela mencionou o trabalho desenvolvido pelo Núcleo abordando o cenário nacional de resistência aos antimicrobianos. A pesquisadora destacou ainda o interesse do grupo no assunto, tendo em vista o foco da OMS à One Health – Saúde Única, e informando que em breve o país deve apresentar seu plano nacional de resistência aos antimicrobianos. “A gente quer fazer parte desse contexto e dessa história junto com a OMS. E pra nós é um prazer trabalhar com a Ebserh. A inda não tínhamos tido a oportunidade de atuar com os hospitais universitários”, afirmou, estimando que o projeto será grandioso não só para o estado, mas para o Brasil. “Temos que trabalhar mais nessa área juntos, laboratórios, empresas, hospitais universitários, Fiocruz. Um trabalho de formiguinha, mas unificado”, disse.
Envolvimento na pesquisa
O gerente administrativo do HE, Eduardo Palma, salientou o enorme potencial para desenvolvimento de pesquisas dentro do Hospital. “É uma de suas razões de existir”, disse, destacando que a iniciativa une instituições públicas, entes privados e outros espaços de saúde da região, colocando o Hospital da UFPel em posição de relevância e protagonismo.
Um momento disruptivo, que traz uma nova fase para dentro do cotidiano, foi mencionado pelo gerente de Ensino e Pesquisa do HE e representante da Rede Saúde/RS, Tiago Collares. Em sua avaliação, o projeto aproxima e conecta hospitais da região e traz inovação para dentro do HE, chamada de “extensão inovadora”, que traz avanços científicos para a realidade da sociedade. O gestor lembrou que quando se fala em One Health, é importante a conexão de possibilidades para buscar soluções. “Esse projeto [resistência antimicrobiana] é um ponto conectado dentro da One Health. A importância dele está ligada às ações que são necessárias e que trazem um novo momento para a saúde da região e do país”, pontuou.
De acordo com ele, a situação vivenciada durante a pandemia, quando o HE passou por uma transformação e pelo compartilhamento de ações de enfrentamento, abriu a oportunidade da criação da Unidade de Diagnóstico Molecular, laboratório de excelência que é padrão de referência no Brasil. Hoje, transformado em Centro de Genômica e Oncologia Translacional, permite acesso a biorrepositórios e busca genômica de resistência antimicrobiana. “A gente dá um novo passo e, para trabalhar com isso, tem que ser de forma coletiva, como estamos fazendo aqui”, disse, observando que a vinda desse projeto, com parcerias fortes como a Fiocruz, e financiamento da Fapergs, mostra que o grupo está se organizando e criando novos momentos.
A superintendente do HE, Carolina Ziebell, salientou o envolvimento de tantas pessoas, de diferentes locais, no que chamou de “processo macro”, envolvendo as instituições em um projeto que trará notáveis benefícios para todos. “Esse tema é um grande desafio. Temos que ter muitas pessoas envolvidas para termos boas soluções e desfechos”, disse, ao mencionar a importância do trabalho em rede – experiência que o HE já tem em atuar na Ebserh e no SUS. “Que essa entrega e empolgação se perpetuem durante todo o projeto e que ele possa ser um estímulo para avanços e continuemos nos dedicando na construção de melhorias no ensino e na assistência”, finalizou.