Estudantes da Turma Especial de Medicina Veterinária retornam à Palma com acolhida
“O conhecimento não é propriedade de ninguém e pertence ao povo”. A frase sinalizou a tônica da atividade de acolhida à Turma Especial de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para assentados da reforma agrária. Na ocasião, estudantes, professores, representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da gestão da Universidade estiveram reunidos e falaram sobre a importância da turma e o papel da Universidade e do coletivo para a criação de um mundo melhor. O encontro ocorreu na tarde desta segunda-feira (07), no Centro Agropecuário da Palma, da UFPel.
A promoção da turma é fruto de uma parceria entre a UFPel e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). Os 50 alunos, que integram a quarta Turma Especial, retornaram ao Centro Agropecuário da Palma, onde residem, para o início deste semestre. Para Emanoeu Teixeira, um dos estudantes coordenadores da turma, ao lado da colega Kethellyn de Oliveira, o retorno à UFPel é “magnífico”. “É toda uma perspectiva pessoal criada. O sonho de muita gente foi deixado pelo caminho na pandemia”, disse. São 14 estados do país representados na Turma Especial.
A atividade começou com uma mística, realizada pelos alunos, tratando de solidariedade na pandemia. Na sequência, o integrante da direção estadual do MST, Adalberto Martins, falou sobre os desafios da formação híbrida, a necessidade de continuar os cuidados em relação à Covid-19 e da auto-organização do grupo, enquanto coletivo, com vistas a recuperar, melhorar e se apropriar dos conhecimentos que tiveram à distância, buscando possibilidades de inserção na Universidade e na comunidade. “Vamos retomar e avançar na discussão de um projeto produtivo que nos ligue às nossas raízes”, adiantou, também agradecendo a parceria da UFPel. “Estamos felizes de receber vocês aqui e botar essa juventude a estudar”, disse.
Para o representante da direção nacional do MST, Ildo Pereira, trata-se de uma construção histórica com a Universidade. “Estamos aqui e esse ano vai ser bastante interessante para a sociedade brasileira. Teremos vários desafios e um deles é olhar para esse ano e construir um projeto”, pontuou.
A reitora Isabela Andrade falou sobre a alegria do reencontro, da retomada dos olhos nos olhos, da proximidade e da troca de energia, que tanto faz falta nas relações humanas. A gestora explanou também sobre a valorização da ciência que ocorreu durante a pandemia, lamentando as vidas que se perderam por descaso. “Se é possível dizer que houve algo de bom, isso foi o olhar atento da sociedade à Universidade de forma construtiva”, disse, mencionando pesquisas reconhecidas e a instituição como referência nacional e internacional, com vistas a uma nova realidade, com atenção à educação, que transforma o mundo. “Fizemos questão de estar aqui e dizer da importância que vocês têm para nós. Contem conosco pela defesa da turma e do programa. Obrigada por acreditarem no projeto e na proposta de Universidade que queremos. Que possamos, juntos, transformar o mundo”, finalizou.
Emocionado, o coordenador do projeto, professor Luiz Filipe Schuch, refletiu sobre a posição do docente, que é de passagem: acompanhar uma etapa da vida de seus estudantes. Etapa esta que sofreu com o afastamento durante a pandemia. Por isso, a celebração pelo retorno e rotinas de estudo em conjunto. “Estamos retomando em cima de algo que já estava plantado. Obrigado pela presença. É importante para que a gente tenha esse fôlego. Estamos construindo outra perspectiva de mundo nesse trabalho coletivo. Temos muito a construir no sentido de estarmos juntos”, pontuou.