Pesquisador Gaúcho: dois professores da UFPel são premiados
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) divulgou, na última sexta-feira (17), a lista de investigadores agraciados com o prêmio Pesquisador Gaúcho no ano de 2021. Dois docentes da Universidade Federal de Pelotas estão na lista desta 11ª edição da premiação: Antônio Oliveira, da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, na categoria Pesquisador Destaque, e Fabrício Conceição, do Centro de Desenvolvimento Tecnológico, na categoria Pesquisador na Indústria.
Neste ano, o prêmio tem por temática “A Ciência a serviço da Sociedade”, destacando a contribuição da ciência no combate à pandemia e o seu potencial em gerar inovação, riquezas e bem-estar, contribuindo para uma sociedade melhor. Os concorrentes são indicados por instituições ligadas à ciência e à tecnologia, e os vencedores são escolhidos por comitês ligados à Fundação.
É justamente nesse contexto que a reitora da Universidade Federal de Pelotas, Isabela Andrade, comemora a notícia: “É um grande orgulho para a nossa instituição”. Ela destaca, além disso, o fato de que a UFPel ter dois premiados coloca a Universidade entre os grandes nomes da ciência gaúcha.
A solenidade de premiação será virtual, realizada por transmissão, com realização no período de 17 a 23 de outubro. A programação será divulgada, posteriormente, nos canais da Fapergs.
O investigador laureado na área de Ciências Agrárias é Antônio Costa de Oliveira, professor e pesquisador da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Oliveira é engenheiro agrônomo formado pela FAEM, possuindo mestrado em Agronomia Genética e Melhoramento de Plantas pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Genética pela Universidade Purdue (EUA).
No ano de 1994, foi convidado a integrar os quadros da Universidade Federal de Pelotas, após um período de vínculo com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Um dos objetivos era que o docente colaborasse na fundação de um grupo de pesquisa em Biotecnologia Vegetal. Desde o retorno do doutorado, o professor dedica-se aos cursos de graduação e pós-graduação em Agronomia e também no PPG em Biotecnologia.
Oliveira descreve o momento como de muita alegria, em ser reconhecido por seus pares pelo trabalho realizado junto à sociedade gaúcha. Essa contribuição, como lembra, é fruto de uma carreira de muito esforço e dedicação, não apenas de sua parte, mas de tantos colaboradores, colegas e mentores. “Acho que todo o cientista é um sonhador, e o prêmio mostra que devemos sempre seguir nossos sonhos”, comemora.
“A ciência traz resultado, traz desenvolvimento”, destaca o Pesquisador Gaúcho. No caso das pesquisas realizadas por Oliveira, o foco é a segurança alimentar: a partir do estudo do genoma de plantas de cultivo, busca-se entender a resposta dos vegetais aos estresses ambientais e prepara-los para as mudanças climáticas que estão por vir. A intenção é preparar plantas mais tolerantes às intempéries, como secas, excesso de chuvas, salinidade e frio; dessa forma, a produção de alimentos não será tão afetada por condições climáticas. “Estamos trabalhando para o presente e para o futuro”, diz.
Escolhido na categoria “Pesquisador na Indústria”, uma das cinco que buscam contemplar a integração entre a pesquisa e o meio empresarial, o professor Fabrício Rochedo Conceição é médico veterinário formado pela UFPel e possui mestrado em Veterinária e doutorado em Biotecnologia, também pela universidade pelotense.
Desde 2008, é docente dos cursos de graduação e pós-graduação em Biotecnologia do Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDTec) da UFPel, atuando principalmente no Laboratório de Imunologia Aplicada, no qual ocupa a liderança, desenvolvendo pesquisas no desenvolvimento e avaliação de vacinas, imunodiagnósticos e probióticos para animais.
A sensação em receber o prêmio, para Conceição, é de honra e orgulho, visto que este é um reconhecimento dado pela própria comunidade científica gaúcha, conhecida por sua qualidade e contribuição ao desenvolvimento. No entanto, ele estende a premiação a todo o grupo que colabora com as pesquisas realizadas com ele: “Essa conquista pessoal é, na verdade, fruto de um trabalho coletivo de uma equipe qualificada e dedicada à boa ciência”.
Segundo o premiado, a Biotecnologia, enquanto área de conhecimento, busca sempre gerar novos produtos e processos; por isso, a pesquisa na área traz inovação, o que justifica o prêmio estar enquadrado justamente na categoria relacionada à indústria. As novas vacinas desenvolvidas por meio de suas investigações, que previnem doenças que atingem as principais espécies produtivas, permitirão a mitigação de grandes prejuízos vividos pela pecuária brasileira. Elas são mais eficientes que as convencionais e produzidas por meio de um processo mais simples, rápido e seguro. A tecnologia, desenvolvida na UFPel, teve sua transferência realizada no ano de 2018.
Mesmo com a chegada da pandemia causada pelo coronavírus, o trabalho não parou, apenas mudou de foco: desde março de 2020, os esforços do laboratório foram direcionados para o desenvolvimento de moléculas proteicas do SARS-CoV-2, compartilhadas com diversos grupos de pesquisa da UFPel e de outras instituições para investigações que busquem mitigar o impacto da doença.