Pacientes do Hospital Escola participam de estudo nacional
Na semana em que se celebra o Dia do Idoso, o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel) participou da segunda edição do SarcDay, pesquisa idealizada por pesquisadores locais e realizada em todo o país. Na quinta-feira (3), centenas de pacientes hospitalizados participaram da pesquisa que visa investigar o risco de Sarcopenia, uma das principais síndromes geriátricas que acomete cerca de um quarto dos idosos no mundo. Esse acompanhamento, no HE, foi realizado pela equipe da Unidade de Nutrição e por estudantes da Faculdade de Nutrição da UFPel.
A edição de 2018 serviu como piloto e teve resultados relevantes que já foram apresentados em evento científico em São Paulo e estarão em destaque, em dezembro deste ano, no Cachexia, Sarcopenia and Muscle Wasting Conference, em Berlim, Alemanha. Esses resultados apontaram a importância da identificação do risco de sarcopenia nos pacientes, uma vez que os pacientes que foram identificados como de alto risco para sarcopenia nos três primeiros dias de internação apresentaram risco de óbito nos 30 dias subsequentes. O valor é cinco vezes maior do que os que não tinham risco para sarcopenia. Segundo a professora adjunta da Faculdade de Nutrição da UFPel, Silvana Orlandi, esses dados reforçam a necessidade de um olhar cuidadoso sobre os idosos hospitalizados, de forma a identificar quais deles apresentam risco aumentado de sarcopenia e, assim, permitir intervenções precoces, direcionando os recursos de saúde pública para quem mais precisa.
A partir do sucesso obtido na primeira edição, que contou com a participação de 12 hospitais de cinco estados brasileiros, o SarcDay passou, no ano de 2019, a contar com o apoio da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Nesta edição, a ação está sendo realizada simultaneamente em 34 hospitais de 10 estados (AP, BA, MA, MG, PB, PE, PR, RJ, RS e SP), além de um estudo-piloto em um hospital holandês, em vias de “expandir as fronteiras” do projeto para o ano que vem.
A síndrome
Conforme o professor das Faculdades de Medicina da UFPel, Thiago Gonzalez, o envelhecimento está associado a várias patologias bem conhecidas, como a osteoporose, a depressão e as cardiopatias. Nos últimos anos, porém, muito tem se estudado a respeito desta síndrome também associada ao envelhecimento, sarcopenia. “Essa síndrome envolve a perda da musculatura, da força e a piora do desempenho muscular. De modo geral, pode-se dizer que torna os idosos mais fragilizados, prejudicando seu estilo de vida e tornando-os mais dependentes da ajuda de terceiros, além de facilitar o surgimento de comorbidades clínicas”, destacou.
“A sarcopenia, apesar de considerada extremamente relevante no campo da geriatria, é uma síndrome pouco abordada por pesquisadores latino-americanos. E, para melhor entender a magnitude de uma doença, é sempre necessário ter plena ciência de sua prevalência – ou seja, quantas pessoas são afetadas por ela na população em que se está inserido”, finalizou o pesquisador.
SarcDay
O SarcDay é um estudo multicêntrico observacional longitudinal que envolveu, em sua primeira edição, 12 hospitais de cinco estados (Bahia, Distrito Federal, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul). O estudo avaliou idosos hospitalizados admitidos até 72 horas, e todas as avaliações foram realizadas num único dia, durante a Semana do Idoso, em 2018. Na ocasião, dados auto-relatados de internações prévias e o motivo da internação atual foram abordados por meio de questionário padronizado, e o risco de sarcopenia foi avaliado através do escore SARC-CalF, composto por cinco questões objetivas (SARC-F) e aferição da circunferência da panturrilha (CP). Trinta dias depois, através de dados de prontuário, verificou-se a evolução clínica dos participantes.