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Professores da UFPel ajudam a medir impactos de rompimento de barragem no ES

Os professores da UFPel Marcos Baccarin, do Instituto de Biologia, e Andrea Bittencourt Moura, da Faculdade de Agronomia, estão participando da Rede Rio Doce Mar (RRDM), do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática e Áreas Adjacentes, cujo objetivo é ajudar a mensurar os impactos do rompimento da barragem de Fundão, no Espírito Santo. Os docentes fazem parte do anexo 5 do Projeto, que trabalha “Alterações ecológicas na dinâmica dos manguezais e vegetação de restinga sob influência dos sedimentos provenientes do Rio Doce”, cabendo a eles a pesquisa sobre o vegetação de restinga, mais especificamente microbiota do solo (biocontrole e promotores de crescimento) e trocas gasosas (fluorescência transiente da clorofila e teores de pigmentos fotossintéticos). O Programa tem duração de um ano e seis meses.

O trabalho

A Rede Rio Doce Mar, rede colaborativa acadêmica formada por pesquisadores de 24 instituições de todo o país e com coordenação central na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), iniciou em setembro os trabalhos de monitoramento da biodiversidade do rio Doce e áreas adjacentes marinhas.

A ação faz parte do termo de cooperação técnico-científica firmado entre a Fundação Renova e a Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest) para ajudar a mensurar os impactos do rompimento da barragem de Fundão na biodiversidade aquática.

O monitoramento inicial foi o ecotoxicológico, dividido em quatro expedições, que totalizaram 50 pontos de coleta distribuídos entre o rio Doce, mangues, praias e mar, a fim de verificar impactos dos sedimentos na qualidade de ambientes e biodiversidade aquáticos.

As primeiras embarcações, Mar de Abrolhos e Aleluia I, sairam do cais de Santa Cruz, município de Aracruz (ES), onde existe uma base oceanográfica da Ufes. Elas foram responsáveis pelos estudos e coletas referentes ao material do campo marinho como água, sedimentos, bentos, medições de temperatura, salinidade, turbidez, análise de metais, dentre outros.

As coletas começaram em Setiba (Guarapari) e passam por Vitória, Aracruz, foz do Rio Doce, Itaúnas, para terminar no Parque Nacional Marinho de Abrolhos (BA).

Além das embarcações, duas equipes fizeram monitoramentos terrestres nas praias do litoral norte do Espírito Santo e nos manguezais situados entre Aracruz e Caravelas (BA). Outra equipe se dedicará exclusivamente ao rio Doce.

De acordo com coordenador do monitoramento ecotoxicológico, Adalto Bianchini, professor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), o principal objetivo foi fazer a avaliação do estado atual de contaminação nesses diferentes segmentos e verificar qual a influência, entre outros, da pluma de rejeitos e sedimentos originados do rompimento da barragem. “Assim podemos medir os níveis de contaminação e os possíveis efeitos biológicos nos organismos e ecossistema como um todo, e também qual é a relação disso com o rompimento da represa”, afirmou.

Acordo de Cooperação

O acordo firmado entre a Fundação Espírito-Santense de Tecnologia (Fest) e a Fundação Renova tem orçamento de R$ 120 milhões e dará subsídios para a tomada de decisão das ações de conservação da biodiversidade da região impactada.

Para isso, o estudo vai analisar dados anteriores ao rompimento e monitorar a fauna e a flora da porção capixaba do rio Doce e ambientes marinhos e costeiros impactados. Dessa forma, será possível identificar o impacto agudo e crônico sobre as espécies e a cadeia alimentar, além de avaliar o habitat de fundo marinho, a qualidade da água e a ecotoxicidade, a fim de indicar eventuais medidas reparatórias.

No primeiro ano de projeto, serão coletadas amostras de água, sedimentos, animais e vegetais. Para realização dos monitoramentos, estarão envolvidos cerca de 550 profissionais, entre eles colaboradores acadêmicos. Será priorizada a contratação de mão de obra local, como pescadores e catadores de caranguejo.

Ao todo serão monitorados pontos de toda a porção capixaba do rio Doce e da região que vai do entorno de sua foz a Guarapari (ES), ao sul, e até Abrolhos (BA), ao norte.

As coletas incluem água, sedimento, organismos aquáticos em geral, incluindo plâncton, algas, bentos, peixes, análises em tartarugas, golfinhos, observação de baleias, aves, até imageamento do fundo marinho.

Para o estudo serão utilizados drones, aeronaves e embarcações de pequeno, médio e grande portes, além de sensores de diversos tipos, imagens de satélites e boias automatizadas, equipadas com instrumentos específicos para esse tipo de monitoramento. Os laboratórios das universidades estão aptos para fazer a análise das amostras.

Os resultados dos monitoramentos serão entregues trimestralmente à Fundação Renova. A cada semestre, será realizado um workshop para apresentação dos resultados, com a participação dos órgãos ambientais.

Sobre a Fundação Renova

A Fundação é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, constituída com o exclusivo propósito de gerir e executar, com autonomia técnica, administrativa e financeira, os programas e ações de reparação e compensação socioeconômica e socioambiental para recuperar, remediar e reparar os impactos gerados a partir do rompimento da Barragem de Fundão, com transparência, legitimidade e senso de urgência.

A Fundação foi estabelecida por meio de um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado entre Samarco, suas acionistas, os governos federal e dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, além de uma série de autarquias, fundações e institutos (como Ibama, Instituto Chico Mendes, Agência Nacional de Águas, Instituto Estadual de Florestas, Funai, Secretarias de Meio Ambiente, dentre outros), em março de 2016.

Publicado em 29/10/2018, na categoria Notícias.