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Pesquisa da Epidemiologia avalia relação entre sobrepeso e doença cardiovascular

Trabalho avalia associação entre sobrepeso da infância à idade adulta e fatores metabólicos de risco para doença cardiovascular

Adultos que tiveram histórico de sobrepeso apenas na infância apresentam níveis de pressão arterial e gordura corporal semelhantes aos daqueles que nunca tiveram excesso de peso até a idade adulta. É o que mostra uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel, que avaliou a associação entre episódios de excesso de peso ao longo da infância, adolescência e idade adulta e a composição corporal e o desenvolvimento de fatores metabólicos de risco para doença cardiovascular em adultos de trinta anos. O trabalho é fruto da tese de doutorado da nutricionista Gabriela Callo Quinte, sob orientação do professor Bernardo Lessa Horta. “Diversos estudos têm se debruçado sobre o excesso de peso ou na infância ou na idade adulta, sem, no entanto, levar em consideração o efeito dos episódios de sobrepeso ao longo das fases da vida sobre a saúde do adulto”, comenta a autora da tese.

A pesquisa analisou dados da coorte de nascimentos de 1982 em Pelotas (RS), que acompanhou o desenvolvimento de quase 3,5 mil recém-nascidos ao longo de trinta anos. Medidas de peso e altura foram coletadas aos 2, 4, 18, 19, 23 e 30 anos dos participantes, para cálculo do Índice de Massa Corporal e determinação de sobrepeso e obesidade. Dados de peso, altura, porcentagem de massa gorda corporal, níveis de pressão arterial, glicose e perfil lipídico foram obtidos quando os participantes estavam com 30 anos, para avaliação de fatores metabólicos de risco para doença cardiovascular, como hipertensão e diabetes. Dentre 2219 membros da coorte dos quais o estudo obteve pelo menos uma medida de peso e altura na infância (2 ou 4 anos), adolescência (18 ou 19 anos) e idade adulta (30 anos), cerca de um em cada quatro (24%) nunca apresentou excesso de peso, e a maioria (68,6%) nunca foi obeso. Por outro lado, 12% dos participantes apresentaram excesso de peso, e 1,7%, obesidade, em todas as faixas etárias.

De acordo com o resultado das análises, participantes que tiveram sobrepeso ou obesidade somente na infância apresentaram médias semelhantes de massa gorda e pressão arterial. Enquanto o grupo que teve sobrepeso na infância apresentou, em média, percentual de massa gorda corporal de 21% e níveis de pressão arterial sistólica e diastólica de 119.9/72.4 milímetros de mercúrio (mmHG), o 150 grupo que nunca teve sobrepeso apresentou, em média, percentual de massa gorda de 22% e níveis de pressão arterial de 119.4/72.9 mmHg. Já os participantes que tiveram sobrepeso ou obesidade ao longo de todas as faixas etárias apresentaram os maiores valores de gordura corporal, com média de 37,3%, pressão arterial, com média de 129.9/80.6 mmHG, e glicose ao acaso, com média de 97.8 mg/dl, na idade adulta, quando comparados com aqueles que nunca apresentaram sobrepeso.

A conclusão do estudo aponta associação entre a persistência de excesso de peso ao longo da vida e um perfil metabólico cardiovascular desfavorável – relação que aparece mediada pelo índice de massa gorda na idade adulta. “Nosso estudo sugere que crianças com excesso de peso não estão necessariamente destinadas a apresentar risco de doenças cardiovasculares na vida adulta, ao mesmo tempo em que reforça a importância de intervenções para reverter a obesidade ainda na infância”, conclui a pesquisadora.

 

Título: Trajetória do IMC e fatores de risco cardiovascular em adultos jovens.

Orientador: Bernardo Horta.

Banca: Maria Cristina Gonzalez, Maria Cecília Assunção e Janaína dos Santos Motta.

Auditório do Prédio B.

Data: 20/04/2016

Hora: 9h.

Apresentadora: Gabriela Callo Quinte.

Publicado em 05/04/2016, na categoria Notícias.