UFPel e Ministério da Saúde criam Guia de Atividade Física para o Brasil
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e o Ministério da Saúde estão construindo um Guia de Atividade Física para a População Brasileira, que tem o objetivo de elaborar as primeiras Recomendações Brasileiras de Atividade Física, divididas por ciclos da vida, para crianças, jovens, adultos e idosos, considerando as condições físicas, os domínios e contextos nos quais se dá a prática de atividades física no Brasil.
Para a condução do projeto, um comitê científico foi estabelecido, com pesquisadores das cinco regiões do Brasil, um consultor externo e representantes do Ministério da Saúde, da Organização Pan-Americana da Saúde e da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde.
Também fazem parte da proposta os coordenadores dos grupos de trabalho (GTs) e seus respectivos membros. Os GTs foram divididos em crianças, jovens, adultos e idosos, domínios da atividade física, educação física escolar gestantes e pessoas com deficiência.
O projeto conta com diferentes etapas, como revisão da literatura científica, escutas com representantes da sociedade e consulta pública. Os membros do comitê científico esperam que o Guia de Atividade Física sirva como um documento de consulta para toda a população brasileira e contribua para uma sociedade fisicamente mais ativa e saudável.
Bases científicas
A prática de atividade física contribui para a proteção e combate às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). O cumprimento da quantidade de atividade física recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 150 minutos semanais de atividade física de intensidade moderada ou 75 minutos de vigorosa, reduz significativamente as chances do desenvolvimento de câncer de mama e de cólon, diabetes, cardiopatia e eventos de acidente vascular cerebral. E mesmo as atividades físicas realizadas em intensidades mais baixas, como as atividades da vida diária, fornecem benefícios à saúde reduzindo o índice de mortalidade por todas as causas.
Ressalta-se que longos tempos em comportamento sedentário, que são os períodos na posição sentada, por exemplo, apresentam riscos à saúde. Os dados da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2018 apontaram que 44,1 por cento da população com 18 anos ou mais de idade das capitais brasileiras não atende ao mínimo de atividade física recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo que as mulheres (51,7 por cento) e os idosos (69,2 por cento) apresentam as maiores prevalências.
Apesar desses dados, o Brasil ficou entre os países que registraram maior aumento da prevalência de atividade física ao longo do tempo, maior que 15 por cento.
A inatividade física gera impactos econômicos aos sistemas de saúde. No Brasil, do total de internações pelo SUS, 15 por cento foram atribuídas à inatividade física, resultando em um custo total estimado em R$ 275.646.877,64 em 2013. Por outro lado, as ações de promoção da atividade física no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS) podem gerar economia em saúde.
O Decreto nº 9.795, de 17 de maio de 2019, criou a Coordenação-Geral de Promoção de Atividade Física e Ações Intersetoriais (CGPROFI), que organiza as ações de promoção da atividade física na APS, articulando as atividades que objetivam ampliar o acesso e a participação da população brasileira em atividades físicas, por meio de ações intersetoriais, focadas tanto nos ambientes quanto nas pessoas e adaptadas à realidade e aos contextos de vida da população.