Movimento de greve recebe apoio da Câmara de Vereadores
Integrantes do movimento grevista dos servidores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), representantes de sindicatos e instituições de ensino estiveram presentes na manhã desta quinta-feira (20) na Câmara de Vereadores de Pelotas. A intenção foi trazer ao debate a PEC 241 e pedir aos vereadores que assinassem uma moção de repúdio à Proposta de Emenda Constitucional e interviessem, junto a seus partidos, para que a matéria seja retirada da votação no Plenário da Câmara dos Deputados.
Além de relatarem suas percepções acerca dos prejuízos em saúde e educação que a PEC traria, os representantes das entidades também mencionaram a contrariedade ao PL 257 – que diz respeito à renegociação das dívidas dos estados com a União -, à Escola sem Partido e à reforma do Ensino Médio. O apoio aos estudantes que estão ocupando espaços na própria UFPel e no Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) também foi destacado.
Junto ao protagonismo dos jovens, ainda foram elencados aspectos como o impacto da PEC na economia do município e que a educação, para o desenvolvimento de um povo, não é gasto, mas investimento.
“Uma Câmara que foi democraticamente eleita não pode aceitar isso”, pontuou a coordenadora da Associação dos Servidores da UFPel (Asufpel), Maria Tereza Fujii. Para o representantes da Associação dos Docentes da UFPel (Adufpel), Henrique Mendonça, com a PEC serviços públicos estão sendo relegados a segundo plano de maneira “leviana, acelerada e sem debate com a população”. “Estamos cobrando contato com as lideranças nacionais e qualquer tipo de manifestação hoje é necessária, para que a população tenha ciência do que estará perdendo”, afirmou.
O reitor da UFPel, Mauro Del Pino, também foi uma das lideranças presentes na Câmara e engrossou o coro de críticas à PEC 241. Segundo ele, se observa um importante crescimento na luta contra a redução de investimentos em saúde e educação de forma inédita. Ao mesmo tempo em que o cenário é alentador, pelo grau de criticidade dos estudantes e integrantes dos movimentos, também é preocupante, pelo profundo enfrentamento que se terá adiante. “A PEC modifica o papel do Estado na sua função pública e altera a Constituição”, alertou.
Em sua fala, Del Pino apresentou dados da pesquisa de 2015 da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que refuta o argumento de que a universidade pública é nicho de acadêmicos abastados. De acordo com o estudo, 66% dos estudantes possuem renda abaixo de 1,5 salário mínimo. O reitor mencionou ainda a relevância de ações como a política de cotas e o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) para garantir o acesso a quem mais precisa. “Os recursos para a educação ainda são muito insuficientes”, disse, citando projeções da Fundação Getúlio Vargas que apontam a redução do investimento de R$ 103 bilhões para R$ 38 bilhões, apenas um terço do que hoje seria injetado.
A expectativa de crescimento populacional, a maior necessidade de saúde, a diminuição da renda e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em um cenário de investimento estagnado, também foram mencionados pelo dirigente da Universidade. De acordo com ele, os elementos envolvidos devem ser profundamente debatidos e é necessário que os representantes públicos se coloquem junto ao movimento e à população “na luta pela educação pública e de qualidade, mantendo a defesa do cidadão brasileiro e o direito constituído”, convocou.
Em suas manifestações, os vereadores externaram apoio ao movimento e repúdio à PEC 241, assinando a moção solicitada.
Protagonismo
Na noite desta quinta-feira (20) está marcada a Assembleia dos Estudantes da UFPel, que será realizada na Faculdade de Direito (Praça Conselheiro Maciel, sem número), às 19h.
Na segunda-feira (24), a partir das 16h, no Mercado Público, está marcado um ato unificado contra a PEC 241, no mesmo dia em que a Proposta poderá ser votada, em segundo turno, na Câmara dos Deputados.