Pesquisador da Epidemiologia lidera ranking do Google Acadêmico no Brasil
O epidemiologista Cesar Victora, do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel (CPE), está em primeiro lugar no ranking de cientistas brasileiros mais citados no Google Acadêmico. O levantamento, realizado pelo Laboratório de Cibermetria, do Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha, analisou o volume e o impacto da produção científica de 33 mil pesquisadores de instituições do Brasil cadastrados em perfis públicos do Google Acadêmico, com dados coletados em abril de 2015.
Para construir o ranking, que abrange cientistas de todas as áreas do conhecimento, os autores aplicam o índice-H de produtividade científica como critério de classificação. A base de cálculo é o banco de citações do Google Acadêmico, que inclui artigos científicos, teses, trabalhos acadêmicos e sites de pesquisa em todo o mundo. Victora, com índice-H de 106, é autor de pelo menos 106 artigos que foram citados, no mínimo, 106 vezes cada um.
Além de Victora, mais três pesquisadores do CPE aparecem entre os cem primeiros mais citados na ferramenta do Google: os epidemiologistas Pedro Hallal, na posição 53, Bernardo Horta, na posição 67, e Aluísio Jardim Barros, na posição 86.
Reconhecido como centro de excelência em pesquisas populacionais na área de saúde materno-infantil, o CPE é responsável pela condução de estudos que estão na base de políticas de saúde adotadas hoje no Brasil e em mais de 190 países ligados à Organização Mundial de Saúde (OMS).
Estes estudos incluem:
– pesquisas sobre a importância do aleitamento materno exclusivo durante os seis primeiros meses de vida do bebê, que resultaram na atual política de amamentação exclusiva até os seis meses da criança, da OMS;
– criação de curvas de crescimento para crianças de até cinco anos, por meio de estudo multicêntrico patrocinado pela Organização Mundial da Saúde em seis países, que resultou em novos gráficos adotados atualmente por mais de 140 países;
– estudos de acompanhamento de crianças desde o nascimento até a idade adulta, que evidenciaram a importância dos primeiros mil dias de vida (correspondentes ao intervalo que vai do início da gestação até os dois primeiros anos) para a saúde e o capital humano na idade adulta;
– pesquisas sobre a morte súbita na infância, que motivaram ampla campanha nacional de prevenção, com educação dos pais sobre a necessidade de colocarem os bebês para dormir na posição de barriga para cima;
– avaliações do programa nacional de fortificação de farinhas com ferro, evidenciando uma série de falhas técnicas nos processos industriais, que levaram à completa reformulação do programa pelo Ministério da Saúde;
– criação de curvas de crescimento fetal, a partir de exames de ultrassom durante a gravidez. Os resultados fornecem, pela primeira vez em saúde pública mundial, um padrão internacional para diagnóstico precoce de déficits de crescimento fetal intrauterino.