Show de Vitor Ramil abre semana de eventos. Retire senha na Livraria
Às 19h desta segunda-feira (8), no Teatro Guarany, ocorre a cerimônia conjunta de abertura do 23º Congresso de Iniciação Científica (CIC), do 16º Encontro de Pós-Graduação (Enpos) e do Congresso de Extensão e Cultura (CEC), seguida de show de Vitor Ramil. As senhas para o show devem ser retiradas na Livraria da UFPel, no Casarão 8 da praça Coronel Pedro Osório, nesta sexta (5), das 13h às 19h, e nestes sábado (6) e domingo (7), das 14h às 18h, até segunda-feira ou até esgotarem as senhas. Serão disponibilizadas 1.200 senhas, com entrada franca.
Vitor Ramil
Compositor, cantor e escritor, o gaúcho Vitor Ramil começou sua carreira artística ainda adolescente, no começo dos anos 80. Aos 18 anos de idade gravou seu primeiro disco Estrela, Estrela, com a presença de músicos e arranjadores que voltaria a encontrar em trabalhos futuros, como Egberto Gismonti, Wagner Tiso e Luis Avellar, além de participações das cantoras Zizi Possi e Tetê Espíndola. Neste período Zizi gravou algumas canções de Vitor, e Gal Costa deu sua versão para Estrela, Estrela no disco Fantasia.
1984 foi o ano de A paixão de V segundo ele próprio. Com um elenco enorme de importantes músicos brasileiros, este disco experimental e polêmico, produzido por Kleiton e Kledir, proporcionou ao público uma espécie de antevisão dos muitos caminhos que a inquietude levaria Vitor Ramil a percorrer futuramente. Eram vinte e duas canções cuja sonoridade ia da música medieval ao carnaval de rua, de orquestras completas a instrumentos de brinquedo, da eletrônica ao violão milongueiro. As letras misturavam regionalismo, poesia provençal, surrealismo e piadas. Deste disco a grande intérprete argentina Mercedes Sosa gravou a milonga Semeadura.
Em 1987, tendo trocado o sul do Brasil, Porto Alegre, pelo Rio de Janeiro, Vitor lançou Tango. Diferentemente do disco anterior, este era o resultado do trabalho de um grupo pequeno de músicos a partir de um repertório também reduzido. Em oito canções o furor experimental e lúdico de antes cedeu lugar a letras densas e elaboradas de canções que viraram sucessos. O letrista se afirmava e o compositor tornava-se mais sutil, proporcionando aos músicos e grandes improvisadores como Nico Assumpção, Hélio Delmiro, Márcio Montarroyos, Leo Gandelman ou Carlos Bala perfomances marcantes.
Na passagem dos anos 80 para os 90 Vitor afastou-se dos estúdios e passou a dedicar-se ao palco, pois quase não fizera shows até então. Foi quando nasceu o personagem Barão de Satolep, um nobre pelotense pálido e corcunda, alter-ego do artista. Dividindo alguns espetáculos com esta figura ao mesmo tempo divertida e mal-humorada, mesclando música, poesia, humor e teatro, Vitor começava a consolidar seu público e a aperfeiçoar sua interpretação.
Neste período não só definiu-se a música e postura do Vitor Ramil dos discos que viriam a ser gravados na segunda metade dos anos 90 como apresentou-se o Vitor Ramil escritor, através da novela Pequod, ficção criada a partir de passagens da infância do autor, de sua relação com o pai, de suas andanças pelo extremo sul do Brasil e pelo Uruguai. A partir do lançamento deste primeiro livro, em 1995, de grande repercussão junto à crítica e lançado na França, o artista passou a ocupar-se duplamente: música e literatura.
Mas mais do que pela escritura de Pequod os anos 90 ficaram marcados para Vitor Ramil como os anos em que começou a refletir sobre sua identidade de sulista e sua própria criação através do que chamou de A estética do frio. A busca dessa “estética do frio” deu-lhe a convicção de que o Rio Grande do Sul não estava à margem do centro do Brasil, mas sim no centro de uma outra história. Neste momento, significativamente, ele deixava o Rio de Janeiro para voltar a viver no Sul.
Simultaneamente a Pequod aconteceu a gravação do cd À Beça. Tendo saído apenas como edição especial, em tiragem limitada, por uma revista de música de Porto Alegre, este disco representou seu primeiro esforço de realizar algo a partir das idéias da estética do frio. Com versos leves, cheios de coloquialidade, em melodias fluentes e inusitadas concepções rítmicas, o disco antecipava os dois próximos e mais importantes trabalhos: Ramilonga – A Estética do Frio e Tambong.
Em Ramilonga – A Estética do Frio Vitor inaugura as sete cidades da milonga (ritmo comum ao Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina): Rigor, Profundidade, Clareza, Concisão, Pureza, Leveza e Melancolia. Através delas a poesia de onze “ramilongas” percorre o imaginário regional gaúcho mesclando o linguajar gauchesco do homem do campo à fala coloquial dos centros urbanos. A reflexão acerca da identidade de quem vive no extremo sul do Brasil começa pela recusa ao estereótipo do gauchismo; o canto forte dá lugar a uma expressividade sofisticada e suave; instrumentos convencionais são substituídos por outros, como os indianos e africanos, nunca antes reunidos neste gênero de música. Pela contundência de suas idéias, pela originalidade de sua concepção, Ramilonga é uma espécie de marco zero na carreira de Vitor Ramil.
Tambong, seu trabalho seguinte, foi gravado em Buenos Aires, sob a produção de Pedro Aznar. Seu resultado é a confirmação da idéia de estar “no centro de uma outra história”, com a musicalidade e poesia brasileiras combinadas com as dos países do Prata a fluir naturalmente em quatorze temas cujos arranjos fazem deste um dos trabalhos mais originais da moderna música brasileira.
Tambong saiu em duas versões, português e espanhol. Para realizá-lo Vitor trabalhou com músicos argentinos, como o percussionista Santiago Vazquez, que o acompanha nos shows, e contou com a participação dos artistas brasileiros Egberto Gismonti, Lenine, Chico César e João Barone.
Os shows de lançamento de Tambong levaram para o palco a vibração rítmica e as sutilezas harmônicas e melódicas do disco em meio a uma bela produção de luz e cenografia. Começaram com o espetáculo de abertura criado especialmente para o primeiro Fórum Social Mundial em Porto Alegre e, depois, foram readaptados para uma temporada de um mês no Rio de Janeiro e outra em São Paulo. Na Argentina o lançamento aconteceu em outubro de 2001, com dois espetáculos em Buenos Aires.
No ano de 2002, com sua banda brasileiro-argentina (Santiago Vazquez, percussão; André Gomes, píccolo bass e sitar; Roger Scarton, harmonium e guitarra) levou Tambong em turnê pelas principais capitais do Brasil.
Em 2003 Vitor apresentou seu primeiro show solo em Montevidéu, Uruguai, Sala Zitarrosa, mesmo local onde tocara, no final de 2002, com o compositor e intérprete uruguaio Jorge Drexler, hoje seu parceiro.
Ainda em 2003 apresentou-se com sua banda na Suíça, nas cidades de Genebra, Zurique e Schaffhouse. Em Genebra, no Teatro St. Gervais, Vitor deu uma conferência, tendo como tema “A estética do frio”. Em Paris, no mesmo período, participou do evento de lançamento da tradução para o francês de seu livro Pequod, pela editora L’Harmattan.
Além de seu livro Pequod, suas canções vem sendo distribuídas na Europa em coletâneas inglesas, espanholas e portuguesas. Sobre Vitor Ramil escreveu o produtor londrino John Armstrong: “Why hasn’t this genious dominated the world of music yet?”
Outubro de 2004 é a data de lançamento de Longes, seu sexto álbum, também gravado em Buenos Aires e produzido por Pedro Aznar. Neste trabalho Vitor Ramil aprofunda e aperfeiçoa a linguagem que começou a elaborar nos trabalhos anteriores, Ramilonga e Tambong. Se em Ramilonga chamava a atenção a unidade em torno de temas e timbres e se a marca de Tambong era a diversidade sonora e poética, Longes pode ser definido como uma síntese dessas qualidades, por mais paradoxal que isso pareça, e um avanço a partir delas.
Os arranjos de Longes têm sua base no violão de aço arpejado de Vitor Ramil e nos baixos melódicos de Pedro Aznar. Participam também Santiago Vazquez e Marcos Suzano nas percussões, o baterista Christian Judurcha, o pianista clássico Gabriel Victora, o guitarrista Bernardo Bosísio, a cantora Adriana Maciel, um quarteto de sopros e uma orquestra de cordas.
A apresentação gráfica de Longes traz fotografias feitas por Vitor e sua mulher Ana Ruth em vários países, além de fragmentos de Satolep, romance que Vitor escreveu simultaneamente à criação das canções do disco.
No final de 2004, por ocasião do lançamento de Longes, Vitor publicou A estética do frio – Conferência de Genebra (Satolep Livros), edição bilingüe (francês-português) da palestra apresentada na cidade Suiça em 2003. Desde então, as idéias contidas nesse livro vem tendo uma repercussão crescente no Brasil, no Uruguai e na Argentina.
Em março de 2006 Vitor Ramil reuniu-se ao percussionista carioca Marcos Suzano para uma temporada de shows no Centro Cultural Carioca, no Rio de Janeiro. O êxito artístico e de público dessa colaboração motivou-os a gravar um disco em duo, para o qual Vitor compôs uma série de novas canções.
Satolep Sambatown é o nome desse trabalho, que chegou às lojas de todo Brasil na primeira semana de setembro de 2007. Como o próprio nome indica, trata-se do encontro dos universos muito particulares desses dois artistas. Satolep, anagrama de Pelotas, cidade natal de Vitor, que está presente de forma recorrente tanto em sua literatura como em sua música, é também o nome do selo através do qual ele costuma lançar seus discos. Sambatown, clara referência ao Rio de Janeiro, cidade natal de Suzano, é o nome do primeiro disco solo de Marcos Suzano e também de seu selo independente.
Da Satolep de Vitor veio a “estética do frio”, com arpejos em cordas de aço, harmonias abertas, melodias hipnóticas, letras cheias de poesia. Da Sambatown de Suzano veio seu pandeiro único no centro de uma arquitetura rítmica em que sons acústicos dialogam com ondas sonoras vindas do mundo da eletroacústica.
Tanto Vitor como Suzano têm um pé na tradição musical de seus lugares de origem, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, e outro no contexto da experimentação, das invenções mais radicais da cena musical contemporânea. Em Satolep Sambatowneles tocam todos os instrumentos e assinam a produção.
O repertório do disco traz 11 canções de Vitor, entre elas, Livro Aberto, Invento, Astronauta lírico, Viajei e 12 segundos de oscuridad, esta em parceria com o compositor e cantor uruguaio Jorge Drexler, que também participa do disco como intérprete. Cantando pela primeira vez em português, ele divide com Vitor os vocais de A zero por hora. Outra participação especial é a da cantora carioca Kátia B, que canta com Vitor em Que horas não são?
Voz, violões de aço, percussão e efeitos eletrônicos. É com esses elementos, e mantendo sempre a formação em duo, que Vitor Ramil e Marcos Suzano recriam no palco a música produzida em Satolep Sambatown.
No roteiro do show, todas as canções do disco: as já citadas e ainda O copo e a tempestade, A ilusão da casa, A word is dead e Café da Manhã. Além dessas novidades, releituras de canções de outros discos de Vitor como Livros no Quintal, Não é Céu, Foi no mês que vem, Neve de Papel e Estrela, estrela. Na iluminação, Marcelo Linhares. O cenário é de Isabel Ramil e Luíza Mendonça.
Além de várias cidades brasileiras, o show passou pelo Japão, Portugal e Argentina.
Por seu trabalho em Satolep Sambatown, Vitor Ramil ganhou em 2008 o Prêmio TIM de melhor Cantor de MPB, eleito por voto popular.
Nesse mesmo ano, Satolep Sambatown foi o grande vencedor do Prêmio Açorianos de Música, com 4 premiações: melhor disco de MPB, melhor intérprete, melhor espetáculo e melhor compositor.
Em junho de 2008 Vitor Ramil lançou seu segundo romance, Satolep, pela editora Cosac Naify, com concorridas sessões de autógrafos em Pelotas, Porto Alegre, São Paulo e Paraty, durante a Flip (Feira Literária Internacional de Paraty), onde Vitor esteve como autor convidado, participando de uma mesa chamada A estética do frio.
Com grande repercussão de crítica e público, menos de um mês depois de seu lançamento, Satolep já estava em sua segunda edição.
2010 é o ano do lançamento do CD e DVD délibáb.
délibáb reúne milongas que Vitor compôs a partir das milongas-poemas do argentino Jorge Luis Borges (1899-1986), publicadas originalmente no livro Para las seis cuerdas, e dos versos do brasileiro natural do Alegrete João da Cunha Vargas (1900-1980), registradas, na voz do poeta, em fitas cassete e posteriormente publicadas em seu único livro, Deixando o pago.
Gravado em Buenos Aires, o disco tem participações do violonista argentino Carlos Moscardini e de Caetano Veloso.
délibáb figurou entre os melhores discos e shows do ano (2010) nas listas de importantes jornais e revistas brasileiras e argentinas.
Em 2011 délibáb foi o grande vencedor do Prêmio Açorianos de Música, o prêmio mais importante do sul do Brasil, ganhando os troféus de: CD do ano, DVD do ano, Melhor disco de MPB, Melhor Instrumentista (Carlos Moscardini).
Também em 2011 Vitor Ramil foi indicado ao PRÊMIO DA MÚSICA BRASILEIRA como MELHOR CANTOR e MELHOR CD na categoria música regional por délibáb, concorrendo diretamente com grandes nomes como Gilberto Gil.
A cerimônia aconteceu no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e VITOR RAMIL recebeu o troféu de MELHOR CANTOR ao lado de Elba Ramalho que recebeu o troféu de melhor cantora na mesma categoria.
No show délibáb, Vitor Ramil e Carlos Moscardini apresentam todo o repertório de 12 milongas do disco, além de milongas do disco Ramilonga – A estética do frio.
Já foi apresentado em Buenos Aires 2 noites no Teatro 25 de mayo, retornou 3 noites para o Notorious e Rosário/AR. Em Buenos Aires ainda fez parte de um ciclo em homenagem a Mercedes Sosa na Casa Del Bicentenário. Em Porto Alegre os concertos aconteceram no Teatro Bourbon Country retornando para 2 temporadas de 3 noites cada uma no Theatro São Pedro. Já passou por São Paulo no Teatro do Sesc Pompéia (2 vezes) e teatro do SESC Santana, por Pelotas no Theatro Guarany, no Teatro Solar de Botafogo no Rio de Janeiro. Foi apresentado em Florianópolis, Curitiba, Montevideo, Juazeiro do Norte e Cariri no Ceará e Souza na Paraíba.
Vitor Ramil e Carlos Moscardini estiveram em Paris, para duas noites de shows na prestigiada casa de jazz SUNSET/SUNSIDE. Da França o show délibáb seguiu para Portugal na Casa da Música, no Porto na Culturgest em Lisboa, onde Vitor já havia se apresentado com muito êxito em 2011. A Casa da Música e a Culturgest são consideradas as melhores salas de espetáculo de Portugal. Brasilia também recebeu o show délibáb.
Em 2013, Vitor Ramil lançou Foi no mês que vem, álbum duplo com trinta e duas músicas das sessenta de seu songbook, que teve lançamento simultâneo. O disco conta com dezessete participações de músicos e intérpretes de Brasil, Argentina e Uruguai, entre eles, Jorge Drexler, Milton Nascimento, Fito Paez, Pedro Aznar, Ney Matogrosso, Kleiton e Kledir, Marcos Suzano, Santiago Vazquez e Carlos Moscardini (seu parceiro no disco anterior, délibáb). As gravações aconteceram em Buenos Aires, Porto Alegre e Rio de Janeiro; a mixagem e a masterização, na Califórnia, EUA.
Foi no mês que vem foi parcialmente produzido com recursos captados através de financiamento coletivo (crowdfunding) realizado na internet pela plataforma Traga seu Show. Participaram 863 pessoas de oito países.
Recentemente, o álbum venceu cinco categorias do Prêmio Açorianos de Música, entre elas a de Álbum do Ano, e esteve entre os três finalistas nas categorias Disco do Ano (MPB) e Melhor Intérprete (MPB) do 25o Prêmio da Música Brasileira.
O Songbook – Vitor Ramil (Editora Belas Letras) traz em suas 310 páginas, além de sessenta completíssimas partituras (harmonias, melodias, afinações, tablaturas, diagramas e letras), uma biografia do compositor, análises técnicas e críticas, fotos, manuscritos e discografia. O trabalho foi realizado por Vagner Cunha e Fabricio Gambogi (partituras) e Luís Augusto Fischer, Juarez Fonseca e Celso Loureiro Chaves (textos).
Atualmente Vitor Ramil está voltado para o lançamento de seu terceiro romance, A primavera da pontuação (Ed. Cosac Naify) e para a pré-produção de um novo álbum, ainda sem data de lançamento prevista.
Em agosto, Vitor Ramil se apresentou em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. As apresentações tiveram um sabor de “até breve”, já que em setembro Vitor parte para a Espanha para uma estadia de seis meses.
Em outubro, Foi no mês que vem será apresentado em Lisboa, Portugal, no tradicional Teatro São Luiz, dessa vez com as participações especiais de dois artistas portugueses: a jovem fadista Gisela João e o pianista Mário Laginha, além de Carlos Moscardini.