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IV Simpósio Internacional Negritude em Pauta reforça saberes tradicionais e saúde da população negra em Pelotas

O IV Simpósio Internacional Negritude em Pauta, que ocorreu entre os dias 7 e 9 de agosto, reuniu lideranças, pesquisadores, profissionais de saúde e a comunidade para discutir a integração dos saberes ancestrais dos Povos de Matriz Africana às práticas do Sistema Único de Saúde (SUS). Com o tema “Saberes ancestrais como práticas de saúde e cura complementares ao SUS”, o evento teve como objetivo promover a valorização dos saberes tradicionais dos Povos de Matriz Africana e sua articulação com a saúde pública.

A programação contou com representantes de órgãos governamentais, lideranças religiosas e comunitárias, estudantes e especialistas para debater experiências e políticas que valorizem práticas culturais e religiosas no cuidado à saúde da população negra.

Na abertura, a coordenadora do evento, Marina Mota, destacou a trajetória e o significado do simpósio. “Este projeto começou há muito tempo, vem de nossa ancestralidade e também de anos de trabalho, para que hoje estivéssemos reunidos, discutindo pontos importantes e repensando uma saúde que leve em consideração os saberes originários”, afirmou.

A pró-reitora de Ações Afirmativas e Equidade da UFPel, Cláudia Daiane Molet, expressou sua alegria e destacou a importância do evento para a Universidade. “O tema do simpósio está alinhado com as práticas das universidades federais, especialmente em ações afirmativas e cuidado. É um orgulho para a UFPel sediar um evento dessa magnitude”, afirmou.

A diretora da Faculdade de Enfermagem da UFPel, Valéria, também falou sobre a importância do evento para a formação dos profissionais de saúde e para o fortalecimento do reconhecimento dos saberes ancestrais. “Ainda há pouca reflexão sobre os saberes ancestrais em nossas instituições formadoras e no município. Precisamos ampliar esse olhar para garantir um SUS mais equitativo e integral”, destacou.

O vice-reitor da UFPel, Eraldo Pinheiro, fez um convite à reflexão sobre cuidado, respeito e inclusão no ambiente universitário e na sociedade. “Este evento vem falar da importância do cuidado com o nosso ser e da proximidade uns com os outros para enfrentarmos juntos as dificuldades, que muitas vezes atingem mais a algumas pessoas do que a outras. Estamos vivendo um momento importante em Pelotas, com a criação da Secretaria de Igualdade Racial e o retorno da Secretaria da Mulher, além da atuação da vice-prefeita, o que reforça a importância de estarmos em espaços de decisão levando nossas perspectivas para o futuro”, afirmou.

O secretário de Igualdade Racial de Pelotas, Júlio Domingues, falou sobre a criação recente da secretaria e os desafios enfrentados. “Este evento representa um momento potente de resistência e afirmação. É fundamental difundir conhecimentos e fortalecer coletivamente as lutas pelos saberes tradicionais e pelos direitos da população negra”, afirmou.

A prefeita em exercício de Pelotas, Daniela Brizolara, manifestou sua emoção e ressaltou a importância da ancestralidade e do conhecimento tradicional na saúde pública. “Lembro que na minha infância não havia pediatras, nem mesmo clínicos gerais de fácil acesso para as pessoas mais pobres. Muitas vezes, recorriam-se às ervas medicinais e aos saberes ancestrais para cuidar da saúde. Este é um momento de celebração da nossa ancestralidade, mas também de luta para que esses conhecimentos se tornem políticas públicas mais fortes e presentes em nosso município”, destacou.

Também compuseram a mesa de abertura a professora da UCPel e coordenadora da Rede de Saúde Infantil Materna de Pelotas, Kota Mulanji Regina Goulart Nogueira; a diretora da Faculdade de Enfermagem da UFPel, Valéria Cristina Christello Coimbra; e a conselheira do CONSEA RS, além de coordenadora nacional do FONSANPOTMA, Iyá Vera Soares d’Oyá, da Nação Oyó do Povo Yorubá. A secretária de Saúde de Pelotas, Angela Moreira, não pôde comparecer, mas enviou uma carta que foi lida durante a abertura.

As atividades ficaram gravadas e podem ser acompanhadas no Youtube do Evento.

Marina Mota fez uma avaliação positiva do encontro, destacando a reunião de diversos segmentos em um espaço fértil de diálogo e troca. Foram apresentados mais de 78 trabalhos, acompanhados de debates ricos e profundos, além da participação de 55 palestrantes que compartilharam seus saberes e fortaleceram redes de colaboração. “Passaram pelo simpósio mais de 500 pessoas presencialmente e cerca de 300 online, um público significativo que reconheceu a qualidade da organização e das discussões. Apesar dos desafios relacionados ao financiamento e à infraestrutura, consideramos o evento um sucesso, que certamente continuará a inspirar transformações em Pelotas e em toda a região”, afirmou.

Publicado em 12/08/2025, nas categorias Destaque, Notícias.
Marcado com as tags coletivo de diversidade Hildete Bahia da Luz, Negritude.