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UFPel: Um Universo Feminino

anuncio-dia-da-mulher21.jpg Os números são incontestáveis e não deixam dúvidas. Hoje, na UFPel, as mulheres são ampla maioria no corpo discente, 14.772, enquanto os homens somam 9.620, entre todos os graus e modalidades de ensino.

Entre os servidores, elas são 1.326, sendo 658 docentes e 668 técnicas. Três mulheres comandam Pró-Reitorias na Universidade, Fabiane Tejada da Silveira, na Graduação, Denise Gigante, na Pesquisa e Pós-Graduação, e Rosane Brandão, nos Assuntos Estudantis.

São 219 mulheres em chefias, direções e coordenações, de órgãos como o Hospital Escola, Julieta Fripp, e a Rádio Federal FM, Vera Lopes.

Os números revelam que na UFPel o Dia Internacional da Mulher tem motivos para ser comemorado com orgulho. “Este Dia, que teve origem na luta das mulheres por melhores condições de vida e de trabalho, deve ser muito comemorado, pois a luta teve êxito”, festeja o reitor Mauro Del Pino.

Para ele, atualmente não há mais espaço na sociedade para qualquer tipo de discriminação de gênero. “Por exemplo, o fato de termos três pró-reitoras nada mais é do que a afirmação das conquistas das mulheres e a consolidação de espaços em todos os segmentos e estruturas da sociedade”, observa.

O reitor lembra que, no Século 20, a atuação das mulheres no Magistério era restrita à Educação Básica. No Século 21, sublinha Del Pino, não há limites. “A Educação Superior não é mais reduto de homens. Elas são a maioria”, ressalta.

Números:
Acadêmicas: 14.772
Servidoras
Total: 1.326
Técnicas: 668
Professoras: 658
Pró-Reitoras: 3
Cargos de chefia: 219 (inclui diretoras, coordenadoras e coord. adjuntas de curso, chefes de departamento, entre outros).

Poema

Todas as Vidas     Cora Coralina

Vive dentro de mim 
uma cabocla velha 
de mau-olhado, 
acocorada ao pé do borralho, 
olhando pra o fogo. 
Benze quebranto. 
Bota feitiço… 
Ogum. Orixá. 
Macumba, terreiro. 
Ogã, pai-de-santo…

Vive dentro de mim 
a lavadeira do Rio Vermelho. 
Seu cheiro gostoso 
d’água e sabão. 
Rodilha de pano. 
Trouxa de roupa, 
pedra de anil. 
Sua coroa verde de são-caetano.

Vive dentro de mim 
a mulher cozinheira. 
Pimenta e cebola. 
Quitute bem-feito. 
Panela de barro. 
Taipa de lenha. 
Cozinha antiga 
toda pretinha. 
Bem cacheada de picumã. 
Pedra pontuda. 
Cumbuco de coco. 
Pisando alho-sal.

Vive dentro de mim 
a mulher do povo. 
Bem proletária. 
Bem linguaruda, 
desabusada, sem preconceitos, 
de casca-grossa, 
de chinelinha, 
e filharada.

Vive dentro de mim 
a mulher roceira. 
– Enxerto da terra, 
meio casmurra. 
Trabalhadeira. 
Madrugadeira. 
Analfabeta. 
De pé no chão. 
Bem parideira. 
Bem chiadeira. 
Seus doze filhos, 
Seus vinte netos.

Vive dentro de mim 
a mulher da vida. 
Minha irmãzinha… 
tão desprezada, 
tão murmurada… 
Fingindo alegre seu triste fado.

Todas as vidas dentro de mim: 
Na minha vida – 
a vida mera das obscuras.

 

Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas ou Cora Coralina, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi poeta e contista brasileira. Produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás. Começou a escrever poemas aos 14 anos, porém, Publicou seu primeiro livro em 1965, aos 76 anos.

Publicado em 07/03/2013, na categoria Notícias.