Falta de anestesistas no HE UFPel: reunião discute reflexos nas residências médicas
Um grande grupo de representações reuniu-se no auditório da Reitoria da Universidade Federal de Pelotas na tarde desta quarta-feira (22) para discutir as implicações que a falta de anestesistas no Hospital Escola está acarretando no funcionamento das residências médicas desenvolvidas no local.
Participaram, além de integrantes da gestão da Universidade e do Hospital, a direção da Faculdade de Medicina e profissionais e estudantes ligados aos programas de residência. Na pauta, a busca de soluções que busquem resolver, de forma imediata, tais implicações. A reitora da UFPel lembrou que a busca de uma resolução é uma questão latente e que deve ser encampada pela Universidade como um todo pois a formação dos residentes é feita pela instituição.
Antes de abrir a palavra aos presentes, foi proposto pela reitora um relato das últimas ações tomadas nas diversas frentes pensadas para enfrentar a crise. A superintendente do HE, Carolina Ziebell, destacou que a questão envolvendo os anestesistas sempre foi problemática na casa de saúde, que nunca conseguiu completar as vagas existentes desde o dimensionamento feito pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O quadro foi agravado, segundo Carolina, pela pandemia; o Hospital chega aos dias de hoje com apenas sete profissionais da área, além de não poder contar com os residentes desde o fechamento do programa especializado em Anestesiologia.
Após diversas tentativas de seleção de anestesistas ou empresas que ofereçam o serviço, a superintendente explicou que agora aguarda-se o resultado de mais uma tentativa de processo seletivo simplificado, que deve ter alguma definição até meados de março.
O coordenador de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, sob cuja alçada se encontram os programas de residência médica, relatou que um grupo de trabalho (GT) foi formado para discutir a atuação da formação de residentes, mas que, mesmo que seu propósito seja um debate mais amplo, este grupo também pode se envolver na crise instalada.
Já a vice-reitora Ursula Silva, enquanto presidente do Conselho Coordenador do Ensino, da Pesquisa e da Extensão (COCEPE), pontuou as iniciativas do órgão colegiado, especialmente daquelas que envolvam a seleção de docentes para a área de Anestesia, que pegará carona no edital de concurso já aberto. Segundo Ursula, caso haja inscrições e os candidatos sejam aprovados, há perspectiva que haja preenchimento até meados do ano.
Com a abertura para falas dos presentes, foi possível encontrar unanimidade de que a convergência de ações é a única forma de encontrar saídas para essa problemática. Entre os pontos levantados pelos presentes, esteve a de que o fechamento de áreas específicas para priorizar outras pode levar a problemas em outros programas de residência, como a Ginecologia e Obstetrícia e a Pediatria, que se valem dos atendimentos e procedimentos realizados no Hospital Escola para a formação prática de seus estudantes. A médica Luciana Cunha, que atua como supervisora, disse considerar a falta de anestesistas no HE e suas consequências como um problema de saúde pública para a região.
A diretora da Famed, Julieta Fripp, disse que sua preocupação é que a questão já está respingando na população usuária do Hospital. Por isso, sugeriu o envolvimento de entidades como o Conselho Municipal de Saúde. A coordenadora do curso de Medicina, Silvia Macedo, disse também acreditar na união de cada vez mais esforços: “Tenho certeza de que conseguiremos reverter essa situação, mas se todos trabalharmos juntos”.
A superintendente lembrou que a suspensão de atendimentos a casos que chegam diretamente ao Hospital deverá ser suspensa apenas em determinados turnos, para que não se percam os casos que podem colaborar na formação das diversas áreas.
Foram apresentados pela reitora, para finalizar a reunião, alguns encaminhamentos: a ampliação do GT, para que haja em sua composição pessoas de outros âmbitos ligados à área da saúde em escala regional; a realização de novo encontro com a Prefeitura e a Secretaria de Saúde; e o acionamento da Azonasul e da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), visto que o HE presta atendimento a diversos outras cidades da região.