Projeto de pesquisa do curso de Teatro realiza lives com lançamento de livro de egressos
O projeto de pesquisa “Leituras do drama contemporâneo”, do curso de Teatro da UFPel, realiza quinta (5), sexta-feira (6) e sábado (7) uma série de transmissões online, durante as quais ocorrerá um ciclo de leituras dramáticas. O material a ser interpretado é de uma coletânea de textos teatrais de criação de egressos da graduação, que compõem o livro digital “Trilogia Sul Invertido”.
A coletânea é fruto de um projeto elaborado e proposto pelo egresso Mario Celso, que redigiu a obra em conjunto com os colegas Ingrid Duarte e Thalles Echeverry, e submetido ao edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas, realizado pela Secretaria de Estado da Cultura em parceria com a Fundação Marcopolo, com recursos da lei Aldir Blanc.
A criação de cada dramaturgo teve como inspiração as histórias, culturas e especificidades da região sul do estado. Cada artista teve a liberdade de optar onde e como esse tema apareceria em sua escrita. A ideia era que esse aspecto estivesse ou nas personagens, ou nas histórias, nos contextos, nos cenários, por meio de fatos históricos, lembranças.
O título da coletânea – Trilogia Sul Invertido – teve como inspiração a famosa obra América Invertida (1943), do artista uruguaio Joaquín Torres García. O artista, ao criar o manifesto “A Escola do Sul”, destacou a ideia de que o sul deveria ser visto como o nosso norte e, com isso, inverteu o mapa da América do Sul, evidenciando a valorização da parte sul. Partindo do pressuposto que a cartografia faz uma escolha ao determinar o que é norte ou sul, o projeto Trilogia Sul Invertido se aventurou na inversão do mapa do Rio Grande do Sul, com um outro olhar para a nossa posição geográfica, mudando completamente a perspectiva do que está “abaixo” ou “acima”, física e simbolicamente.
A programação das lives inicia no dia 5 de agosto, às 19h, com a leitura dramática do texto Entranhas: aqui ao menos estamos sós, de Thalles Echeverry, realizada por Brenda Seneme, Kelvin Machado, Rosane Oyarzabal Dala Riva, Fernanda Vieira Fernandes e Moira Stein.
No dia 6 de agosto, às 19h ocorrerá a leitura dramática do texto Dengô: O encontro de Aysha e Gazânia, de Ingrid Duarte, realizada por Karolina da Rosa Mendes.
Para o encerramento, no dia 7 de agosto, às 19h, será realizada a leitura dramática do texto Quadrado de três pontas, de Mario Celso, realizada por Lucas Galho, Juliana Caroline, Gabryel Pioner e Mario Celso.
O acesso ao e-book é gratuito e pode ser feito através deste link.
Já as transmissões ocorrerão no canal do projeto de pesquisa, disponível neste link.
Sobre os dramaturgos:
Ingrid Duarte
Mulher negra lésbica, atriz, diretora, dramaturga, arte-educadora, poeta, contadora de histórias e palhaça. Formada em Teatro-Licenciatura pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Atualmente, é ativista do movimento feminista preto, atriz, encenadora, dramaturga e produtora da Companhia Teatral Filhas de Tereza.
Mario Celso
Ator, dramaturgo, dançarino e artista circense com especialidade em malabarismo e clown. Professor de teatro licenciado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Mestrando em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Thalles Echeverry
Ator, diretor e dramaturgo. Professor de teatro formado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e pós-graduando em Artes na mesma instituição. Em 2013 fundou, junto de outros artistas, a VOCÊ SABE QUEM Cia de teatro, em que atua desde então como diretor, ator, dramaturgo e professor de teatro.
Sinopses das peças:
Dengô: O encontro de Aysha e Gazânia
Dengô: O encontro de Aysha e Gazânia narra universos nos corpos de mulheres pretas buscando pontos de conexões e encontros para vibrar afetos explícitos e escondidos na rotina corrida dos dias. No cenário urbano, são registradas pequenas aberturas que geram uma transformação potente e leve, nos fazendo perceber tons de poesias que passam despercebidas. Pequenos retratos das memórias nos olhos de quem busca tornar-se real e expandir. Dengô é essa energia ancestral colorida e risonha que pulsa nos encontros da vida e flui por um instante ou pela vida inteira.
Quadrado de três pontas
O que fazer no último dia em uma cidade? Como sabemos que é realmente o último? O que se passa entre o oi e o adeus para a despedida doer tanto? Pedro, um rapaz nascido em São Paulo, se mudou para Pelotas por conta da faculdade. Depois de cinco anos e recém-formado, ele decide voltar para sua cidade. No texto, ele enfrenta a dificuldade de se despedir de Pelotas e de seus amigos, que após tantos anos juntos, se tornaram inseparáveis. As experiências, os laços e as vivências na cidade fazem com que dentro dele surjam sentimentos ambíguos, como se uma parte quisesse ficar e a outra desejasse partir.
Entranhas: aqui ao menos estamos sós
Entranhas: Aqui ao menos estamos sós apresenta a história de quatro mulheres destroçadas pela dor, de quatro figuras que habitam um casarão em ruínas no Passo das Pedras e que conservam em seu jardim pútrido, a morte. Elas são o resto do mundo e o que restou delas mesmas. É uma dramaturgia que explora o horror de uma história de amor e morte, de pedras e ervas daninhas, num lugar dominado pela escuridão.