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Festival destaca importância da permanência estudantil por meio da arte, do direito e da diversidade

Realizado nos dias 6 e 7 de novembro, o I Festival da Permanência Estudantil reuniu estudantes, docentes e artistas para discutir permanência, diversidade e saúde mental em diferentes espaços da UFPel. A iniciativa reforçou o compromisso institucional de pensar a permanência para além dos auxílios financeiros, valorizando o acolhimento, o pertencimento e o direito à educação pública de qualidade.

O festival, promovido pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD), especialmente sua linha de pesquisa em Direitos Sociais e com o Projeto Toco, trouxe à Universidade dois nomes de destaque nacional, o pesquisador e jurista Bruno Rodrigues de Lima, vencedor do Prêmio Jabuti e o ator César Mello, premiado no teatro, cinema e audiovisual.

Permanência que acolhe

A pró-reitora Josy Anacleto destacou que o objetivo do Festival foi “proporcionar aos estudantes momentos de tranquilidade, aprendizagem e acolhimento por meio da arte e da literatura”, especialmente após um ano intenso de atividades acadêmicas, como congressos, seminários e a SIIEPE. Segundo ela, “a permanência estudantil é um tema transversal na UFPel e precisa ser pensada também como garantia de saúde mental, combate ao racismo e fortalecimento de vínculos com a Universidade”, disse.

Direito, arte e história

O primeiro dia do Festival reuniu estudantes em dois momentos centrais. Pela manhã, Bruno Rodrigues de Lima ministrou a palestra “Pai contra Mãe: as origens perdidas de Luiz Gama”, lançando seu novo livro sobre o jurista, abolicionista e intelectual negro do período imperial, figura ainda pouco reconhecida na história oficial do direito brasileiro.

À noite, o público assistiu ao longa “Doutor Gama”, seguido de um debate com Bruno e com o protagonista do filme, César Mello. A conversa, que se estendeu muito além do previsto, evidenciou o impacto da trajetória de Gama e abriu espaço para reflexões sobre racismo estrutural e representatividade nos cursos jurídicos.

A professora da Faculdade de Direito, Ana Clara Henning, destacou a importância de discutir permanência a partir desse encontro entre arte e direito. “Foi muito significativo unir o Programa de Pós-Graduação em Direito, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e o Centro de Artes em torno da mesma pauta. Essa articulação mostra que a discussão sobre direitos sociais e permanência é compromisso de toda a universidade.”, observou.

Racismo na saúde: “Corpo Preto” provoca debate na Medicina

No dia 7, o curta-metragem “Corpo Preto”, protagonizado por César Mello, premiado também por essa atuação foi exibido na Faculdade de Medicina. A atividade gerou um debate sobre como o racismo estrutural impacta diagnósticos, tratamentos e experiências de pacientes negros no sistema de saúde.

A parceria com o Coletivo Negro Carolina Maria de Jesus e com docentes da Terapia Ocupacional ampliou a discussão para estudantes e profissionais da área da saúde. Para a Prae, levar o tema da permanência para cursos historicamente elitizados é essencial para promover uma Universidade mais diversa, inclusiva e acolhedora.

Uma aula que inspira trajetórias

O encerramento ocorreu no Centro de Artes, com uma aula magna ministrada por César Mello a estudantes do curso de Teatro, em parceria com o Projeto Teatro do Oprimido (TOCO) e com o grupo de pesquisa Inventar – Arte e Construção do Conhecimento Jurídico.

A professora Fabiana Tejada ressaltou que o encontro foi marcante para a formação identitária dos estudantes. “Ver um ator negro, com trajetória reconhecida no teatro, cinema e televisão, vindo de condições sociais desfavoráveis, foi fundamental para que nossos estudantes visualizassem caminhos possíveis. Permanência é criar perspectiva de futuro e fortalecer o desejo de permanecer na Universidade”, salientou.

Além das atividades acadêmicas, o Festival reacendeu movimentos estudantis. O Coletivo Luiz Gama, composto por alunos do Direito, retomou suas atividades após o período da pandemia, impulsionado pelas discussões do evento.