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Nota da Gestão – A UFPel na construção de uma instituição antirracista

O combate ao racismo é uma luta contínua e inegociável. A dívida histórica que nossa sociedade carrega em relação às desigualdades raciais deve ser lembrada e enfrentada todos os dias. O racismo persiste em nossa sociedade, e, por mais que avancemos, qualquer ação antirracista parece – e muitas vezes é – insuficiente diante da profundidade do problema.

No entanto, é fundamental destacar que, apesar da resistência e das vozes que, em redes sociais ou outros espaços, insistem em negar essa realidade, a UFPel, nos últimos anos, tem feito avanços significativos nessa luta. Por respeito a todos aqueles que historicamente lutaram por direitos e pelas conquistas que hoje valorizamos, a administração central vem a público reafirmar o compromisso da Universidade com a construção de uma instituição antirracista.

Nos últimos oito anos, nossa gestão implementou diversas ações afirmativas em várias frentes, com o objetivo de promover uma reparação histórica e garantir a inclusão e permanência de todos e todas. Entre as principais iniciativas, destacam-se:

  • A UFPel foi uma das pioneiras no Brasil na implementação de ações afirmativas em todos os Programas de Pós-Graduação, desde 2017.
  • Em 2021, ampliamos o acesso afirmativo, sendo também uma das primeiras instituições a garantir a inclusão da população trans/travesti em nossos processos seletivos.
  • Desde 2018, todas as bolsas institucionais de mestrado e doutorado são prioritariamente destinadas a estudantes oriundos de ações afirmativas.
  • Todas as bolsas de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica também são direcionadas para estudantes de acesso afirmativo.
  • Reformulamos as resoluções dos concursos docentes, assegurando que as vagas reservadas para candidatos negros sejam efetivamente preenchidas. Esse processo incluiu uma intensa luta para repor as vagas não utilizadas até essa reformulação, o que tem permitido que, a partir de 2022, todas as vagas sejam preenchidas. Além disso, realizamos um esforço significativo junto à Advocacia-Geral da União (AGU) para obter um parecer favorável que viabilizou a implementação da cota de 30% para os concursos docentes. Já temos um edital lançado e aguardamos a homologação das inscrições. 
  • Desde 2021, as bolsas de extensão voltadas para ações afirmativas são, de fato, ocupadas pelos sujeitos de direito, com a reabertura de editais para preencher vagas remanescentes.
  • Em 2022, promovemos no Centro de Artes um importante debate sobre o papel das instituições no combate ao racismo.
  • Lançamos uma edição da Revista Expressa Extensão em 2021, com o tema “Ações Afirmativas: aproximações e oportunidades”, fortalecendo o debate acadêmico sobre o tema.
  • Instituímos editais do Programa de Apoio à Mobilidade Acadêmica Internacional na graduação, com seleção que prioriza ações afirmativas.
  • Investimos na aquisição de obras de autores negros e negras, ampliando nossos currículos e promovendo uma perspectiva inclusiva que valoriza todos os saberes. Nossas bibliotecas têm reforçado esse compromisso, especialmente com a compra de livros de autores negros para o curso de Teatro, dentro do projeto “Práticas Performativas e Relações Étnico-Raciais”. Em breve, também disponibilizaremos uma coleção dedicada ao público LGBT em um espaço especial, que será nomeado Sala Rosely Roth.
  • No ano de 2020, alugamos um novo prédio com 12 apartamentos de moradia para estudantes indígenas e quilombolas, substituindo a antiga locação de uma casa.

Além das iniciativas já mencionadas, a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PREC) da UFPel também tem desempenhado um papel fundamental no combate ao racismo, implementando diversas iniciativas significativas nos últimos anos. Entre essas atividades, destaca-se a promoção de visibilidade das referências culturais e artísticas pretas de Pelotas por meio de exposições e eventos nos museus da UFPel. Além disso, a PREC liderou a organização do Ciclo de Educação Antirracista, realizado entre outubro e dezembro de 2023, que incluiu uma série de debates e ações voltadas para a conscientização e enfrentamento do racismo.

Outra iniciativa importante foi a formalização de Termos de Intenção para execução de projetos em parceria com a comunidade carnavalesca e espaços comunitários, como o CDD do Dunas e a APAJAD, que atende jovens e adultos com deficiência. A parceria no Programa Andorinha, em convênio com a SMED, também tem sido essencial para a realização de projetos em escolas municipais, fortalecendo a inclusão e a educação antirracista.

A PREC inaugurou o Espaço de Arte Popular: Encontro de Saberes da UFPel, um espaço dedicado à valorização da arte e cultura popular, contribuindo para a difusão do conhecimento e das práticas culturais negras. Durante a pandemia e as enchentes, a PREC mostrou liderança na articulação com movimentos sociais e o poder público para ações solidárias, demonstrando seu compromisso com a justiça social.

A inserção nos bairros com projetos como Ruas de Lazer, Vem Ser Pelotas e o Fórum Social da UFPel tem sido outra estratégia eficaz da PREC para fortalecer o vínculo entre a universidade e a comunidade. Além disso, a busca por apoio financeiro para o Projeto Desafio pré-universitário reflete a preocupação com a inclusão educacional, garantindo bolsas aos participantes e promovendo a permanência no curso.

Em parceria da PRE com a PRAE, têm sido realizadas regularmente rodas de conversa sobre editais específicos de bolsas para ações afirmativas, incentivando a busca ativa de estudantes para ocuparem essas vagas.

Ainda, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) também tem desempenhado um papel fundamental na construção de uma UFPel mais equitativa, com diversas ações direcionadas ao enfrentamento do racismo e ao acolhimento de estudantes negros e negras.

Destacamos algumas das principais ações da PRAE voltadas à promoção da equidade racial, as quais demonstram um compromisso contínuo em fomentar a equidade racial e construir um ambiente acadêmico mais acolhedor e antirracista na UFPel.

  • Grupo Terapêutico “Decolonizar: Rodas de escuta e escrevivências étnico-raciais”: Um espaço de escuta e acolhimento voltado para acadêmicos racializados, utilizando “escrevivências” como ferramenta para explorar e compreender sentimentos e afetos relacionados às questões étnico-raciais.
  • “Diz Aí: Clínica Feminista e Antirracista”: Um projeto de extensão que oferece acolhimento psicológico, integrando ações do Núcleo de Estudos e Pesquisas E’LÉÉKÒ, em parceria com o Serviço Escola de Psicologia e o Núcleo de Apoio Psicopedagógico da PRAE.
  • Sala das Pretas: Um grupo de leitura e acolhimento para mulheres pretas, oferecendo um espaço para discussões sobre ancestralidade, antirracismo, saúde e autoestima. A atividade é especialmente voltada para as bolsistas da PRAE.
  • Letramento Racial: O Núcleo Psicopedagógico de Apoio ao Discente (NUPADI/CP/PRAE) promove estudos sobre racismo e educação antirracista, com formações voltadas para servidores, como o I Encontro de Formação Antirracista na PRAE e e um encontro na mesma modalidade com a equipe da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura.
  • Exposição “Quem é você no rolê da branquitude”: Uma reflexão coletiva da equipe do NUPADI sobre como a branquitude se manifesta no comportamento cotidiano. A exposição utilizou memes e textos explicativos para promover autocrítica e reflexão sobre o combate ao racismo.
  • Projeto CEPRANTI – Círculo de Estudos das Práticas Antirracistas: Com o objetivo de promover e difundir a cultura negra e as práticas antirracistas, o projeto integra a comunidade universitária e a população regional, ampliando recursos para um atendimento mais acolhedor e antirracista na UFPel.
  • Evento Julho das Pretas: Comemorando o Dia de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, o evento integrou a agenda nacional, fortalecendo a ação política de mulheres negras.
  • Exposição interativa: Mulheres pretas que fizeram, fazem e farão história: Parte do Projeto Cepranti, essa exposição interativa celebra a vida e obra de mulheres negras que marcaram a história, promovendo a interação através de QR codes e redes sociais.

A CODIN (Coordenação de Diversidade e Inclusão) também tem participado ativamente na construção de diversas ações afirmativas na UFPel. Abaixo estão algumas delas:

  • Encontro de Saberes e Fazeres Indígenas e Quilombolas : O encontro reúne diferentes epistemologias presentes no artesanato, na alimentação, nas pesquisas acadêmicas. Além disso, propícia reuniões de lideranças indígenas e quilombolas para discutir elaboração do edital do processo seletivo especial para seleção de Indígenas e Quilombolas para a graduação.
  • Processo seletivo especial para seleção de Indígenas e quilombolas para os cursos de graduação: Organização e realização em diálogo com os coletivos indígena e quilombolas e com lideranças de aldeias e quilombos. Mapeamento de todo o processo visando a criação de regulamentação.
  • Permanência de indígenas e quilombolas: Aprovação da Resolução 50/2023 que permite acesso aos benefícios da PRAE aos estudantes da graduação, bem como monitorias e acompanhamento pedagógico.
  • Ações de formação: Diversas ações com temas sobre assédio, racismo, misoginia, homolesbotransfobia e capacitivo em parceria com PROGEP e PRE.
  • Aumento da equipe da CODIN: Nomeações de assistente em administração, administradora, técnico em assuntos educacionais, assistente social e pedagoga;
  • Contratação de psicopedagogas e tils.
  • Aprimoramento do procedimento de heteroidentificação: Mapeamento e qualificação de todo o procedimento de heteroidentificação incluindo agendamentos pelos setores, convocações, realização do Curso de formação para as bancas de heteroidentificação em 2023 incluindo debates sobre relações étnico-raciais, privilégios da branquitude, protagonismo dos movimento social negro nas ações afirmativas, aspectos administrativos das bancas.
  • Revitalização da Casa Oca: Revitalização da Casa Oca – Espaço de (Re) existências, com oficinas mensais, espaço destinado para utilização dos nossos alunes e da comunidade externa.
  • Implementação da Sala Arco-iris: com atendimento psicólogico para estudantes LGBTQIA+.
  • Aumento de tutores e monitores: para público atendido pelo NAI e implementação de monitores de disciplinas para estudantes transexuais e travestis.
  • Implementação de laboratório de informática na Casa do estudante Indígena e Quilombola.

Essas ações refletem o nosso compromisso contínuo em construir uma UFPel mais inclusiva e justa. Sabemos que ainda há muito a ser feito, mas é com seriedade, responsabilidade e compromisso que seguimos na luta por uma universidade e uma sociedade mais igualitárias.

Publicado em 09/09/2024, nas categorias Destaque, Informes Acadêmicos, Notícias.