Professora Beatriz Ana Loner dará nome a uma rua no bairro Liberdade
Nos últimos dias, a Câmara de Vereadores de Pelotas decidiu prestar uma homenagem à professora Beatriz Ana Loner, falecida em 29 de março de 2018. A iniciativa partiu da vereadora Carla Cassais que propôs nomear uma rua no bairro Liberdade em memória da educadora.
A homenagem está revestida de simbologias ao homenagear uma mulher que passará a nomear uma rua em Pelotas (historicamente, homens da elite são os laureados para nomear os logradouros). Além disso, reconhece a trajetória de uma educadora (do ensino fundamental ao nível superior e lembra a importância da pesquisa que Beatriz desenvolveu e que tinha como ênfase exaltar o protagonismo de trabalhadoras e trabalhadores (em especial pessoas negras) na construção do município como um polo econômico e cultural do Estado.
A escolha do bairro Liberdade para abrigar a rua que levará o nome da professora também contém um caráter simbólico. Além de ser um local habitado por muitos trabalhadores e trabalhadoras da cidade, o nome “Liberdade” representa os valores que Beatriz defendeu ao longo de sua vida. Democracia, igualdade, respeito, valorização dos trabalhadores e a própria liberdade são conceitos que estarão eternamente associados ao seu nome.
Beatriz Ana Loner não se destacou apenas no âmbito acadêmico; sua presença era constante nas causas populares, políticas e sociais do município. Ao homenageá-la, a Câmara de Vereadores não apenas reconhece a importância individual da educadora, mas também presta homenagem a todas as mulheres que, como ela, militam incansavelmente por uma educação e por uma sociedade mais justa e igualitária.
Beatriz foi uma figura destacada no campo da educação, atuando desde o ensino fundamental até o nível superior. Sua trajetória acadêmica e suas pesquisas deixaram um impacto duradouro, focando especialmente no protagonismo de trabalhadoras e trabalhadores, com ênfase na comunidade negra, na construção do município como polo econômico e cultural do Estado.
A rua que levará o nome de Beatriz Ana Loner será, assim, mais do que um endereço; será um memorial vivo, repleto de significados e valores que ecoarão na comunidade de Pelotas, inspirando gerações futuras a seguir o exemplo de uma mulher que dedicou sua vida à construção de um mundo melhor.
Beatriz Loner
Beatriz fez sua graduação em História na UFRGS, tinha Mestrado em História na UNICAMP e Doutorado em Sociologia também na UFRGS. Foi professora estadual durante anos, momento em que atuou no Sindicato dos Professores do Estado do RS (CPERS). Entre os anos de 1987 e 1988 foi professora substituta da UFPel, passando a ser efetiva no cargo a partir de 1989, após a realização de concurso público.
Na universidade fundou o Núcleo de Documentação Histórica da UFPel (NDH-UFPel), um centro de documentação que alberga importantes documentos vinculados ao mundo dos trabalhadores, como o acervo da Justiça do Trabalho e as fichas de qualificação da Delegacia Regional do RS, por exemplo. Logo após a sua morte o NDH passou a homenageá-la ao conceder o seu nome a este centro de documentação.
Na UFPel esteve envolvida, também, na criação do Bacharelado em História, dos Programas de Pós-Graduação em Sociologia e História. Foi autora de vários artigos, capítulos de livros e livros principalmente sobre as temáticas do mundo dos trabalhadores e da escravidão e pós-abolição.
Dentre as obras que são mais importantes ressalta-se a sua tese de Doutorado intitulada Classe Operária: organização e mobilização em Pelotas (1888-1937), publicada posteriormente em livro pela editora da UFPel. Foi coautora do livro Dicionário de História de Pelotas, obra que já teve três edições e, na última, em formato e-book, obteve mais de 142 mil downloads.
Após a sua aposentadoria da UFPel foi professora visitante da Universidade Federal de Santa Maria e lá orientou vários alunos e alunas.
Era a companheira do José Bernardo Coutinho e mãe da Mariana, Lúcia e Eleonora. Embora tivesse nascido na serra, em Bento Gonçalves e passado um bom tempo em Porto Alegre, viveu a maior parte da sua vida em Pelotas e era uma apaixonada pela cidade e sua história, para a qual contribuiu enormemente, através das pesquisas que realizou e dos trabalhos que orientou durante a sua trajetória acadêmica.
Seus alunos costumam lembrar com saudade de suas aulas sobre História do Brasil e por seu senso de justiça.