Maior estudo epidemiológico sobre a Covid-19 será retomado pelo Ministério da Saúde
Coleta de dados do EPICOVID 2.0 está prevista para iniciar ainda no primeiro semestre, em 133 cidades
O maior estudo epidemiológico sobre Covid-19, no Brasil, será retomado pelo Ministério da Saúde. Para avaliar a real dimensão da pandemia no país, o EPICOVID 2.0 irá centrar as atenções em quatro pontos: vacinação, impactos sobre a vida das famílias, histórico de infecção pelo coronavírus e sintomas de longa duração. A previsão é de que a coleta de dados comece ainda neste primeiro semestre, nas mesmas 133 cidades que fizeram parte das edições anteriores do EPICOVID, entre 2020 e 2021. Os 133 municípios estão espalhados por todos os estados brasileiros. Serão entrevistadas 250 pessoas por cidade, em um total de 33.250 participantes.
“A retomada do EPICOVID 2.0 é necessária para o Brasil finalmente ter dados confiáveis sobre os impactos da pandemia de Covid-19. O estudo original era a principal fonte de informação para a população sobre a disseminação da Covid-19 no país, até ser censurado e boicotado pelo Ministério da Saúde”, destaca o coordenador-geral, o epidemiologista Pedro Curi Hallal, que seguirá à frente do trabalho, junto a pesquisadores que já integravam o grupo e a outros nomes que ganharam destaque com seus estudos durante a pandemia
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, reforça que o Ministério da Saúde voltou a colocar a ciência como a grande mobilizadora para a instituição de políticas públicas. “Com a pesquisa, teremos dados para nos orientar. Hoje, por exemplo, não temos nenhuma estimativa sobre qual é o impacto da Covid-19 longa, ou seja, as sequelas da doença na nossa população”, explica. A partir das informações, o governo federal poderá, então, ampliar serviços como atendimento cardiológico, neurológico, fisioterapia e assistência em saúde mental.
O investimento para implementação do estudo será de mais de R$ 8 milhões. A coordenação estará a cargo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), através do Centro de Epidemiologia.
Confira os 4 focos da nova pesquisa (*):
– Vacinação contra Covid-19: cobertura inicial, cobertura das doses de reforço, percepção sobre a segurança e efetividade da imunização e conhecimento sobre a vacina são alguns dos pontos a serem observados.
– Impactos da pandemia: estimativa da quantidade de órfãos, percentual da população com perda de familiar de primeiro grau durante a pandemia, reflexos sobre emprego e trabalho e impactos sobre a renda domiciliar, sobre a educação de jovens e adultos e também sobre a saúde, incluindo a saúde mental, serão aspectos analisados.
– Histórico de infecção por Covid-19: autorrelato de infecção pelo SARS-CoV-2, condutas preventivas adotadas, medicamentos consumidos, sintomatologia e intensidade dos sintomas, assim como busca e acesso aos serviços de saúde integram o questionário.
– Covid-19 longa: manutenção de sintomas por longos períodos e consequências sobre saúde, emprego, educação e relações sociais também fazem parte da coleta de dados.
(*) Os domicílios e as pessoas entrevistadas serão definidos por sorteio.
Relembre os principais resultados obtidos na 1 edição do EPICOVID-19:
– A quantidade de pessoas infectadas era três vezes maior do que os dados oficiais.
– O risco de infecção era o dobro nos 20% mais pobres do que nos 20% mais ricos.
– Os indígenas tinham risco quatro vezes maior de infecção do que as pessoas brancas.
– O sintoma mais comum de Covid-19, no começo da pandemia, era perda de olfato ou paladar.
– Crianças tinham o mesmo risco dos adultos de infectar-se, embora a gravidade da doença fosse menor entre elas.