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Falta de anestesistas no HE UFPel: reitora expõe problema a prefeitos da Zona Sul

A reitora da Universidade Federal de Pelotas, Isabela Andrade, participou na tarde desta sexta-feira (24) da reunião ordinária da Associação dos Municípios da Zona Sul do Rio Grande do Sul (Azonasul). Na ocasião, Isabela pode apresentar aos gestores municipais a atual crise ocasionada pela falta de anestesistas no Hospital Escola da UFPel. Também participaram a superintendente do Hospital Escola, Carolina Ziebell, e a diretora da Faculdade de Medicina, Julieta Fripp.

O convite à UFPel foi trazido pelo presidente da entidade, Douglas Silveira (PP), prefeito de Cerrito (RS), após reunião realizada na reitoria da Universidade. Ao apresentar Isabela na reunião do colegiado de prefeitos, Silveira destacou a importância do HE para a região e para os municípios ali representados, que quase em sua totalidade encaminham pacientes à instituição. “Precisamos, em conjunto, achar uma saída, e tenho certeza que, direta ou indiretamente, a Azonasul pode ajudar”, salientou.

Abrindo sua fala, a reitora agradeceu o espaço e oportunidade de apresentar aos prefeitos essa situação que é muito difícil para toda a região. Isabela explicou que o impacto da falta de anestesistas é o da limitação do número de cirurgias; enquanto os procedimentos obstétricos de alta complexidade permanecem sendo feitos quando ocorrem as demandas, as cirurgias eletivas, entre elas as oncológicas, não estão em pleno atendimento. Ela destacou que da fila de atendimentos, cerca de um terço é de fora de Pelotas.

Outro problema levantado pela reitora é o dos impactos causados nos programas de Residência Médica do HE: Anestesiologia e Cirurgia Geral já foram fechados; Ginecologia e Obstetrícia corre riscos, por demandar anestesistas, e Pediatria também, por sua grande ligação com a última. “A gente vê isso como um dominó”, disse a dirigente da UFPel.

A partir de tratativas com a prefeitura de Pelotas e dos processos de seleção e contratação de prestadoras de serviço, já é possível contar com duas escalas semanais de 12h: anestesistas já atendem o HE nas terças-feiras e nos sábados. No entanto, isso é insuficiente para desafogar a fila que já chega a cem pacientes.

De acordo com Isabela, em sua fala aos prefeitos, mais de mil profissionais já foram chamados a assumirem as vagas disponíveis em concurso público; além dessa chamada, processos de seleção simplificada de profissionais e de contratação de empresas prestadoras de serviços resultaram desertos. As duas últimas iniciativas estão sendo repetidas, e o resultado deve ser conhecido em meados de março. “Mas sendo bastante franca, pelo quadro passado, achamos difícil que essas vagas sejam preenchidas”, ponderou.

Questionada pelos prefeitos se a falta do serviço é pelo valor oferecido pelo hospital, a reitora esclareceu que o valor pago pelo HE é o máximo possível oferecido pela administração pública federal, definido a partir de um levantamento feito entre todas os hospitais da rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh); a superintendente do HE citou que na última seleção foi oferecido um valor praticamente dobrado, com valores semelhantes aos praticados no maior centro brasileiro, São Paulo (SP). “Infelizmente o valor não se aproxima ao da rede privada, mas é bastante convidativo”, afirmou Carolina.

A prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, definiu o problema como complexo, não tendo nem causa nem solução únicos. Relatando uma reunião com a secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, Paula disse que ambas acreditam que uma das saídas é uma flexibilização das normas de contratação, pois a mesma problemática tem se avizinhado de outros hospitais da rede Ebserh em cidades como Santa Maria (RS) e Rio Grande (RS).

Ela também contou que a prefeitura pelotense tem uma proposta, ainda em estudo, de realizar a contratação de profissional anestesista por meio do município, pois este tem possibilidades mais flexíveis; no entanto, esta saída é temporária, por poucos meses, de forma a permitir o retorno das cirurgias e permitir o funcionamento das residências. Paula ainda levantou a hipótese de a própria associação de municípios ou o consórcio de prefeituras a realizarem procedimento semelhante.

Já o prefeito de Rio Grande (RS), Fábio Branco, propôs um levantamento de anestesistas da região, para constatar se o problema é a falta de profissionais ou se eles estão se fechando em grupos e negando o serviço.

Da reunião, ficou também a ideia de a Azonasul montar um grupo para acompanhar Isabela e Carolina nas reuniões que discutirão a crise em Brasília, agendadas para março.

Publicado em 24/02/2023, nas categorias Destaque, Notícias.