Nota do Hospital Escola – Reflexos em assistência e ensino pela insuficiência de anestesistas
O Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), vem a público se manifestar sobre os reflexos na assistência e no ensino que a instituição vem enfrentando nos últimos meses devido à insuficiência de médicos anestesistas.
Primeiramente, é importante esclarecer que o quadro atual de médicos anestesiologistas concursados na instituição é de oito profissionais – estando um em afastamento prolongado – e que este quantitativo permite o funcionamento de somente uma das três salas cirúrgicas do HE. Devido ao perfil assistencial da instituição, esta sala fica reservada às urgências do pronto atendimento obstétrico e dos pacientes internados.
Por outro lado, o HE é uma Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON), sendo referência nesta área para 17 municípios da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), realizando, entre outras atividades, muitos procedimentos cirúrgicos oncológicos, os quais não estão sendo realizados tendo em vista o cenário descrito acima.
Preocupados com os cerca de cem pacientes em aguardo por cirurgia oncológica que são amparados pela Lei nº 12.732/2012, que determina que o paciente portador de neoplasia maligna necessita realizar o acesso ao tratamento, por muitas vezes cirúrgico, em até 60 dias, e considerando o fato de que há mais de dois meses buscam-se alternativas para a contratação de médicos anestesistas, todas estas infrutíferas, a instituição busca por uma solução ética e dentro dos princípios da administração pública para atender às demandas de ensino e assistência.
Frente à dificuldade de reposição do quantitativo de profissionais anestesiologistas e considerando as responsabilidades descritas, o Hospital Escola iniciou tratativas junto à Secretaria Municipal de Saúde e os demais hospitais da cidade, com a participação do Ministério Público Estadual, para a transferência do pronto-atendimento obstétrico para outro prestador, a fim de, minimizando o atendimento às urgências da maternidade, otimizar o desempenho dos médicos anestesistas para atender às demais demandas cirúrgicas, principalmente oncológicas.
É necessário esclarecer que a proposta é a transferência do pronto-atendimento (porta aberta) para outro prestador local, não havendo diminuição de leitos obstétricos, nem dos partos realizados nessa instituição. Além disso, os atendimentos ambulatoriais de pré-natal (consultas e exames) e a UTI neonatal não sofrerão alteração.
As tratativas estão sendo conduzidas com responsabilidade e as mudanças apenas ocorrerão após a pactuação completa dos fluxos, que serão amplamente divulgados para a população. Destaca-se que este é um movimento de caráter emergencial, que poderá ser reavaliado posteriormente, após a normalização do quadro de anestesistas.