Evento na Faem celebra o Dia Mundial do Solo
“Onde a Alimentação Começa” é o tema deste ano do Dia Mundial do Solo, celebrado no dia 05 de dezembro em todo o planeta desde 2015, como uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, da Universidade Federal de Pelotas (Faem/UFPel), a data foi marcada com um evento híbrido, que trouxe variadas palestras sobre a temática. A organização foi do Programa de Pós-Graduação em Manejo e Conservação do Solo e da Água (PPG MACSA).
Segundo a FAO, a perda de nutrientes é um dos principais processos de degradação do solo que ameaça a nutrição, sendo reconhecida como um dos problemas mais importantes em nível global para a segurança e a sustentabilidade alimentar em todo o mundo. Para a coordenadora do PPG MACSA, professora Maria Cândida Nunes, o tema é interdisciplinar e envolve muitos aspectos. Se o solo perde os atributos mais importantes – físicos, químicos e biológicos – explica, não consegue cumprir a função de produzir alimentos. “O meio produtivo precisa entender como manejar, como cuidar, para que o solo não se degrade e seja perdido. Que seja utilizado da forma mais adequada”, destacou.
O ciclo de palestras começou com “Interpretando a Fertilidade do Solo na Agricultura Conservacionista: disponibilidade e acessibilidade aos nutrientes”. O tema foi trazido pelo pesquisador José Denardin (Embrapa Trigo). Na sequência, o assunto foi “Nutrientes do Solo: onde eles estão?”, abordado pela professora do Departamento de Solos da Universidade Federal do rio Grande do Sul (UFRGS), Cláudia de Barros. Ambas as explanações ocorreram em formato virtual.
A seguir foi a vez das palestras presenciais, que ocorreram na Sala A da Faem. A primeira foi “Manejo de Solos de Terras Baixas: os últimos 35 anos”. O palestrante foi o professor do Departamento de Solos da UFPel, Rogério Oliveira de Sousa. O docente trouxe aos participantes um panorama da evolução do manejo dessas áreas – caracterizadas pelo relevo mais plano e de difícil drenagem, principalmente utilizadas na cultura do arroz irrigado. O desenvolvimento dos sistemas de cultivo do solo, com destaque especialmente para o que tradicionalmente se faz no espaço – arroz irrigado e pecuária de corte – e a perspectiva que aponta cada vez mais para a rotação de culturas, com soja, milho e pastagens. “O cenário de cultivo mudou muito com a utilização de novas tecnologias, principalmente de drenagem, que permitiram que essas outras culturas tivessem êxito e bons rendimentos”, apontou. Conforme Sousa, a diversidade de culturas melhora a qualidade e a conservação do solo, com controle e diminuição na incidência de plantas daninhas resistentes e divisão nos custos de produção, o que traz mais rentabilidade ao sistema produtivo.
Depois, foi a vez de o pesquisador José Maria Parfitt, da Embrapa Clima Temperado, abordar “Sistemas de Produção Agropecuária nas Terras Baixas do Rio Grande do Sul: Atuais e Futuros”. Atualmente, apontou, as Terras Baixas possuem em produção principal pecuária, arroz – cultura, em certa medida, estagnada – e soja, atualmente em evolução. De acordo com ele, a tendência no Brasil é a produção de mais de uma safra de grãos por ano, como, por exemplo, soja ou arroz e trigo na entressafra, ou sequência de milho e trigo, dentre outras combinações. “Essa mudança já está em curso e aumenta a diversificação e a intensificação das culturas. A agropecuária vai ter que se integrar a esse formato”, projeta. Segundo o pesquisador, as Terras Baixas são a nova fronteira agrícola do estado. A exportação de milho tem crescido, em especial com a demanda da China. “O estado vai ter que produzir milho e as Terras Baixas têm bastante água, o que facilita”, disse.