Estudo da UFPel conclui que 50% dos novos casos de demência no Brasil nos próximos 30 anos são preveníveis
Cerca de 1 milhão de brasileiros sofrem de demência atualmente – a maioria deles têm a doença de Alzheimer. Há 30 anos, eram 500 mil. Daqui a 30 anos, serão 4 milhões. Em estudo intitulado “Physical inactivity and dementia in Brazil: a call to action” conduzido pelos pesquisadores Natan Feter e Jayne Santos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), respectivamente, publicado em agosto na revista oficial da Associação Brasileira de Neurologia, os pesquisadores concluíram que 50% dos novos casos de demência no Brasil nos próximos 30 anos são preveníveis, o que representa 2 milhões de casos a menos.
Natan Feter, um dos autores da pesquisa destacou que a atividade física pode contribuir para a prevenção primária e secundária. “Na prevenção primária, temos evidências fortes e comprovadas do papel da atividade física na prevenção de demência. Por exemplo, até um quarto dos casos de demência no Brasil podem ser atribuídos a falta de atividade física. Além disso, a atividade física reduz o risco para doenças cardiovasculares e metabólicas, que também estão associadas ao risco de demência. O problema é que temos uma alta e persistente prevalência de inatividade. Entre adultos, 50%, e entre adolescentes, 80%. Na prevenção secundária, sabemos também que a atividade física está associada a melhor qualidade de vida e menor taxa de hospitalização em pessoas com demência. Por exemplo, 1 em cada 3 hospitalizações por demência poderiam ser evitadas com atividade física”, explicou.
A demência já é a sétima causa de morte em todo o mundo e uma das principais causas de incapacidade e dependência entre os idosos. Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou, em Genebra, Suíça, o Plano de Ação Global para as Demências 2017 – 2025, adotado por 194 países, ressaltando a necessidade urgente de medidas, por parte dos governos, quanto ao cuidado às pessoas com demência.
O pesquisador ainda alerta para a necessidade de pensar em promover um comportamento saudável, incluindo a atividade física desde cedo para reduzir a incidência de doenças crônicas, em especial as cardiovasculares. “Assim, poderemos controlar a incidência de demência no futuro. Por fim, diminuir o estigma associado à demência. Incluir as pessoas com demência em estratégias de cuidado integral, incluindo um estilo de vida saudável”, disse.