UFPel e áreas de avaliação da CAPES publicam manifestos contra as modificações realizadas
A Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação e as coordenações das áreas de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES) publicam manifestos contra as modificações que a Coordenação vem realizando.
Para a coordenadora adjunta da área de Enfermagem, Luciane Kantorski, a CAPES é um patrimônio da comunidade acadêmico-científica e da sociedade brasileira. “Ela é responsável por um modelo de avaliação da pós-graduação robusto, complexo e eficaz, construído a partir da ampla participação da comunidade científica. Por isso manifestamos nossa perplexidade mediante a falta de diálogo na CAPES no momento atual e reafirmamos que a CAPES somos nós”, ponderou.
De acordo com o coordenador da área de Saúde Coletiva, Bernardo Horta, o manifesto é em defesa do diálogo para que todas as mudanças sejam discutidas e realizadas em seu devido tempo. “Também estamos preocupados com o calendário de avaliação, tendo em vista os impactos da pandemia nos programas de pós-graduação. Além disso, defendemos a revisão da distribuição de bolsas, pois o novo algoritmo de distribuição que foi implantado esse ano, ao contrário do esperado, que seria a diminuição das assimetrias regionais, aumentou a concentração de bolsas na região sul e sudeste, que são as regiões onde estão a maioria dos programas e os programas com melhor avaliação”, explicou.
Para o coordenador adjunto da área de Biotecnologia, Tiago Collares, as Universidades estão vivendo um dos piores momentos institucionais junto a CAPES em relação a desconstrução dos pilares vitais que acabam trazendo insegurança a todo o sistema de pós-graduação. Segundo Collares, fazer ciência de referência com impacto social, necessariamente passa por um esforço coletivo e orquestrado para garantir que os critérios estabelecidos pelas áreas possam promover a formação de cérebros brasileiros para o enfrentamento dos desafios científicos que a vida apresenta. “Somos mais de 4.400 programas dedicados a formar recursos humanos para o Brasil e o mundo. A CAPES deveria olhar para cada egresso de seus programas como um “filho CAPES” e que merece seu apoio para transformar o Brasil a partir da ciência, da arte, da tecnologia, de suas engenharias, da preservação de seu patrimônio histórico, de políticas públicas, sociais e educacionais dentre tantas áreas que conectadas colocam o país em condições de exercer o equilíbrio, a democracia, a cidadania, garantindo liberdade nas tomadas de decisão para sua população”, disse.
O Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Flávio Demarco, lembra que a CAPES está completando 69 anos e foi a grande impulsionadora do desenvolvimento da pós-graduação no Brasil. “O Brasil saiu de uma posição subalterna em termos de produção do conhecimento no mundo, até alcançar a posição de 13º maior produtor de conhecimento. Para que isto acontecesse o papel da CAPES foi essencial, tanto no financiamento quanto no desenvolvimento de políticas de avaliação que produziu uma constante melhora nos Programas, nas diferentes áreas. No entanto, atualmente a CAPES, num momento que o Brasil e o mundo têm tanta necessidade da ciência, para enfrentar a crise representada pela COVID-19, o que vemos é uma política de corte de investimentos, com redução de bolsas, e cada vez menos respeito às manifestações da comunidade científica brasileira. Tentativa de reduzir áreas de conhecimento, redução do papel dos coordenadores de área dentro do processo de avaliação são outras das medidas recentemente sinalizadas”, destacou. Para Demarco, um dos pontos principais do sucesso da CAPES foi a participação da comunidade (docentes, discentes, Pró-Reitores, Universidades) na formulação de políticas. “Devemos lutar para resgatar isso e colocar novamente a pós-graduação brasileira num ritmo de crescimento, contribuindo para o desenvolvimento do país”, finalizou.
Confira na íntegra os manifestos: