Em meio à pandemia, doação de sangue não pode parar
Em meio às ações de solidariedade que ocorrem durante a pandemia do Coronavírus, uma em especial precisa de atenção: a doação de sangue. Com a chegada do frio, as doações de sangue normalmente costumam diminuir – e em cenário de pandemia, a situação fica mais comprometida ainda. Para motivar doadores e tirar dúvidas, uma das rodas de conversa promovidas periodicamente pela Coordenação de Desenvolvimento de Pessoal da Universidade Federal de Pelotas (CDP/UFPel) tratou do tema.
“Mesmo na pandemia, a doação é segura”, garante a professora da Faculdade de Medicina UFPel Cecília Fernandes Lorea. Ela e a enfermeira do Hemocentro Regional de Pelotas (Hemopel), Isabel Cristina Borges Savedra, esclareceram os principais pontos e as medidas de prevenção que estão sendo aplicadas. “Temos tomado todo o cuidado, com distanciamento, higienização e equipamentos de proteção”, assegura Isabel.
As convidadas destacaram vários pontos do processo de triagem clínica – que vai avaliar as condições do doador e definir se ele está apto para doar. Há alguns requisitos (veja na lista abaixo). Por exemplo, se a pessoa fez tatuagem ou procedimento estético como maquiagem definitiva deve esperar um ano para ser doador – se o local tiver alvará, o prazo diminui para seis meses. Uso de medicação controlada não costuma ser impedimento, exceto o uso em quantidade, mas é necessário avaliar cada caso. Também é preciso estar atento a sintomas gripais e aplicação de vacinas. Tudo vai ser avaliado caso a caso. “O ideal é que a pessoa seja o mais sincera possível, para que tenhamos um sangue de qualidade”, destaca a enfermeira.
Um dos mitos é de que o doador poderia ficar “fraco” ou anêmico. “A doação faz bem para quem recebe e quem doa”, esclarece Isabel.
É importante que a pessoa esteja bem alimentada (evitando alimentos gordurosos) e hidratada. Ao mesmo tempo, não deve estar de estômago muito cheio. Precisa estar descansado, tendo dormido no mínimo seis horas na noite anterior.
Além disso, a pessoa só é liberada se está se sentindo bem. Atestado de doação (ou comparecimento, caso não esteja apto a doar) é fornecido. É importante não esquecer de levar documento de identidade com foto e se hidratar também após a doação.
Em caso de dúvidas sobre a doação, faça contato com os serviços de saúde e esclareça antes de sair de casa.
E a Covid?
De acordo com Isabel, não há testagem para Covid-19 porque não há evidência de que seja transmitido pelo sangue. No entanto, se após a doação houver sintomas gripais, o doador deve avisar o Hemocentro ou o Banco de Sangue.
Em redes sociais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma série de apelos pela doação constante e pela conscientização da necessidade de sangue de qualidade como componente essencial dos sistemas de saúde. “Nossa mensagem é: continue doando sangue e salvando vidas. Doar [sangue] durante a [pandemia] de Covid-19 é seguro, dado o distanciamento social e o respeito à medidas de higiene”, destacou a OMS.
O Ministério da Saúde lançou a campanha “Seja solidário. Doe Sangue. Doar é um ato de amor”, para incentivar o aumento da margem de segurança entre estoque e demanda no sistema de saúde que hoje encontra-se em estado de alerta. A situação é emergencial para os tipos O positivo e O negativo e crítica para o tipo A.
Necessidade que não espera
Com a pandemia, há diminuição nos estoques de sangue do mundo inteiro. Com a chegada do inverno, há os processos infecciosos naturais, que diminuem as doações. Por exemplo, quem fez a vacina da gripe precisa esperar 48h para ser doador.
A médica hematologista do Hospital Escola (HE EBSERH UFPel) Gilca Costa Nachtigal, avalia que muitas pessoas têm impedimentos ou mesmo receio de sair de casa para doar. Com a pandemia, também cessaram os trotes solidários que os estudantes universitários costumam organizar. Por isso, o “Junho Vermelho” é o mês dedicado a chamar atenção para o tema e sensibilizar para a doação. “Esse é um momento crucial. O sangue é insubstituível e as doações são totalmente voluntárias e essenciais. Quem precisa corre risco de vida. Apesar da pandemia, há pessoas que continuam precisando”, alertou.
A médica ressaltou ainda que o processo de triagem é uma fonte de segurança para quem vai doar e também para quem vai receber. “São os dois pilares da hemoterapia e todos os cuidados estão sendo utilizados”.
Funcionamento do Banco de Sangue da Santa Casa (que abastece o HE/EBSERH/UFPel):
De segunda a sexta-feira, das 8h às 16h (sem fechar ao meio-dia)
Santa Casa – Praça Piratinino de Almeida, 53
Contato: (53) 3284-4703
Funcionamento do Hemocentro Regional de Pelotas (Hemopel):
De segunda a sexta-feira, das 8h às 14h
Av. Bento Gonçalves, 4.569
Contato: (53) 3225-4022
Para doar você precisa:
Dormir no mínimo 6 horas na noite anterior;
Estar bem de saúde (sem sintomas de doenças ou infecções);
Ter idade entre 18 e 69 anos, 11 meses e 29 dias. Menores de 18 anos (entre 16 e 17 anos e 11 meses) necessitam de autorização dos pais;
Doar no máximo 4 vezes por ano, caso seja homem e, 3 vezes no caso das mulheres;
Pesar mais de 50kg;
Não ser usuário de drogas;
Não estar grávida ou amamentando;
Não ter efetuado contato sexual com pessoas que tenham comportamento de risco para doenças transmissíveis pelo sangue;
Estar bem alimentado, observando o intervalo mínimo de 2 horas após o almoço e 1 hora após o café ou lanche, não ultrapassando 4 horas sem alimentação.
Portar documento original com foto;
Não fumar duas horas antes da doação;
Não ingerir bebidas alcoólicas 12 horas antes da doação.
Intervalo entre Doações:
Homens: 60 dias (máximo de 4 doações no período de um ano)
Mulheres: 90 dias ( máximo de 3 doações no período de um ano)
Pra onde vai o sangue doado?
Todo sangue doado é separado em diferentes componentes, como: hemácias, plaquetas, plasma e crioprecipitado. Desse modo, uma doação pode beneficiar mais de um paciente.
*Com informações da Agência Brasil, do Portal do Servidor e do Banco de Sangue da Santa Casa