Higienização e distanciamento ainda são a melhor prevenção contra o Coronavírus, diz enfermeira da UFPel
Desde que foram noticiados os primeiros casos da Covid-19, doença causada pela infecção com o novo Coronavírus, uma grande recomendação foi dada a todos: lavar as mãos com cuidado e frequência e manter distanciamento social. E essas continuam sendo as grandes formas de combater o contágio pelo causador da pandemia, segundo a enfermeira da Faculdade de Enfermagem da UFPel e membro do Cômite Interno para Acompanhamento da Evolução da Pandemia pelo Coronavírus Ana Amália Torres.
A orientação, segundo a profissional, é que a lavagem das mãos seja feita de forma frequente e sempre depois de contato com superfícies que tenham uso coletivo. O ato de higienização deve ter uma duração mínima de 40 segundos e deve contemplar todas as áreas da mão: a palma, o dorso, os polegares e os demais dedos, as áreas entre os dedos e também o punho. Adornos devem ser retirados para uma melhor eficácia. No caso de não ser possível lavar as mãos com água e sabão, pode ser utilizado álcool em gel com concentração de 70%.
O distanciamento social é outra atitude a ser observada: atos como a fala, tosse ou espirros expelem gotículas vindas das vias aéreas, justamente o veículo transmissor do Coronavírus; por isso, deve-se manter uma distância de, no mínimo, 1,5 m das demais pessoas. Por isso, ao tossir ou espirrar, a “etiqueta respiratória” deve ser utilizada, cobrindo a boca e o nariz com um lenço descartável ou o antebraço.
A enfermeira diz ainda que todas as atitudes devem ser observadas: “Um EPI [equipamento de proteção individual] ou um cuidado isolado não é tão efetivo quanto todos juntos”.
Equipamentos de proteção individual
Ana Amália destaca que o uso de máscaras de tecido-não-tecido (TNT) de camada tripla, sendo uma delas um elemento filtrante, conhecida como máscara cirúrgica, deve ser adotado pelos profissionais de saúde, cuidadores de doentes e também pelas próprias pessoas com sintomas respiratórios.
“Essas máscaras formam uma barreira física para conter as gotículas”, explica. No entanto, ela prossegue, o equipamento deve ser utilizado corretamente: devem ter uso único e precisam ser retirados sem contato com a parte externa, para não ocorrer contaminação das mãos.
Já para profissionais que tem um contato constante com os pacientes infectados pela Covid-19 a indicação é de uso de máscaras do tipo N95, conhecida como bico-de-pato. Esta apresenta uma capacidade filtrante maior. Além disso, em situações de carência, pode ser reutilizada, por até 12 horas, pelo mesmo profissional. Outro equipamento que traz mais uma barreira física entre as gotículas e os olhos, nariz e boca – locais pelos quais ocorre a transmissão do Coronavírus – é o face shield (viseira), que proporciona uma grande cobertura facial associado ao uso da máscara.
Uso de máscaras pela população
“Ainda não há evidências científicas fortes quanto aos benefícios ou não no uso de máscaras caseiras”, pontua Ana Amália, referindo-se aos artefatos feitos de tecido. Apesar de esta ser uma orientação do Ministério da Saúde e estar contida em diversos decretos municipais e estaduais, a prática ainda não encontrou uma comprovação de seus efeitos, em decorrência do mau uso delas.
Segundo a enfermeira, o item pode proporcionar uma barreira física para barrar o vírus, mas, em compensação, pode causar uma falsa sensação de segurança para quem usa, ocasionando um relaxamento nas práticas de higiene e distanciamento, estas sim comprovadamente redutoras da transmissão. “O uso inadequado da máscara de tecido é mais prejudicial que o não uso”, afirma.
Por isso, quem eleger o uso da máscara caseira deve manter associados os cuidados de higiene e distanciamento. Além disso, deve limitar o uso de até duas horas por máscara – trocando por outra, quando necessário -, com lavagem após o uso, e atentar-se para não tocar a face externa quando for retirá-la.
A servidora da Faculdade de Enfermagem ressalta, ainda, que a população em geral não utilize as máscaras cirúrgicas, deixando-as para os grupos que necessariamente devem utilizá-las: profissionais da saúde, pessoas doentes ou com sintomas respiratórios e cuidadores.