Aberta a exposição A Tradição dos Doces Coloniais de Pelotas
Na tarde de quinta-feira (28), o Museu do Doce da UFPel inaugurou a exposição intitulada “A Tradição dos Doces Coloniais de Pelotas”, que ficará aberta para visitação do público sempre de terças a sextas-feiras, das 14:00 às 18:30, e sábados e domingos, das 14:00 às 18:00, até o dia 30 de junho, no Museu (Praça Coronel Pedro Osório, Casarão 8).
O professor Roberto Heiden, diretor do Museu do Doce, relata que a abertura da exposição contou com a presença do público em geral e de autoridades como a Secretária de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul Beatriz Araújo, o Vice-Reitor da UFPel professor Luis Amaral, a Pró-Reitora da Extensão da UFPel Professora Francisca Michelon, além do professor Fábio Vergara, um dos colaboradores na montagem e conceito da mostra.
Duas tradições constituem a região doceira da Pelotas e antiga Pelotas (Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo e Turuçu) de acordo com o Inventário Nacional de Referência Cultural “Produção de Doces Tradicionais
Pelotenses”. A tradição dos doces finos e a tradição dos doces coloniais, ambas com suas singularidades e interconexões. Os doces coloniais representam uma vertente doceira normalmente menos explorada e veiculada nos espaços culturais, turísticos e mesmo comerciais da cidade.
De acordo com o IPHAN, a tradição dos doces coloniais tem seu surgimento e história diretamente relacionados ao próprio processo de colonização na região de Pelotas no século XIX e que deu origem a diversas formas de empreendimentos familiares ao longo desse século e dos posteriores. Diferentes etnias, tais como alemães, pomeranos, italianos, franceses, etc, exploraram técnicas de agricultura, com destaque para a produção de frutas, um dos principais ingredientes dos doces coloniais, cuja documentação encontra-se presente no já citado INRC. Essas frutas foram e continuam a ser utilizadas como base para a preparação de doces diversos, tais como compotas, chimias, frutas secas e outros. A produção doceira revela além dos seus sabores uma forte relação entre tradição e o processo de constituição de uma identidade cultural local, na medida em que receitas e hábitos de consumo são aspectos dessa cultura que tem sido transmitidos através das gerações, seja na tradição dos doces coloniais, tema da exposição, como também na tradição dos doces finos.
Dessa forma, a escolha do tema da mostra atende a vários objetivos, primeiramente a própria valorização dos doces coloniais por meio de uma exposição específica e que dinamiza o Museu do Doce a partir de sua missão, que é a valorização dos saberes e fazeres relacionados a tradição doceira local.
Cabe ainda destacar que o tema dos Doces Coloniais, na mostra, é explorado a partir de uma variedade de objetos antigos, tais como embalagens de ingredientes, formas domésticas, frascos, instrumentos artesanais em madeira para o processamento de frutas, utensílios domésticos, assim como fotografias, vídeos e impressos de diferentes épocas e origens, dentre outros. A exposição também explora a existência de doces a base de farinha e assados. Embora não tenham obtido destaque junto ao INRC, cucas, biscoitos natalinos, e uma série de outras guloseimas são presença marcante na cultura gastronômica da região. São destaque na mostra dois antigos tachos de cobre e mexedores de chimia, de grandes dimensões. Uma parte importante do acervo exposto foi emprestado por museus da Colônia de Pelotas e da Antiga Pelotas, localizados na região da “Serra dos Tapes”. Os museus que colaboraram para a realização da exposição com peças emprestadas foram o Museu Etnográfico da Colônia Maciel; o Museu Gruppelli; o Museu da Imigração Pomerana da família Jeske, todos de Pelotas, além do Museu
da Imigração Pomerana de São Lourenço do Sul.