UFPel participa do Encontro Nacional de Estudantes Quilombolas
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) esteve representada no 1º Encontro Nacional dos Estudantes Quilombolas (ENEQ), que ocorreu no município de Cavalcante, em Goiás, no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, entre os dias 16 a 19 de novembro. Estiveram presentes mais de 500 estudantes de todas as regiões do Brasil. Da UFPel, participaram os estudantes Alex Dias Schug (Medicina), Jilvani Farias (Medicina), Niele Souza (Nutrição) e Pamela Correa (Nutrição), além da professora Georgina Lima.
Em plenária final realizada no domingo (18/11) a Região Sul foi escolhida para sede do 2º ENEQ, no próximo ano. Caberá às universidades presentes (UFPel, FURG e UFSC) a decisão de qual instituição será co-responsável e a escolha da data.
O 1º ENEQ foi pensado e planejado por estudantes quilombolas de graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG) em articulação com estudantes quilombolas de outras regiões do país. De acordo com os participantes, o evento representa um ganho histórico na organização nacional dos estudantes quilombolas em um tempo de austeridade em que se vêem ameaçadas cada dia mais a inclusão e a permanência desses estudantes na universidade, considerando os recorrentes cortes em educação, saúde, ciência e tecnologia.
O evento se propôs a discutir questões étnico-raciais, impactos do racismo na permanência no ensino superior, identidade quilombola, autodeclaração, direito territorial, saneamento básico e saúde da população quilombola. Em todos esses temas, foi feita uma relação com a importância da defesa da universidade pública, autônoma e popular sem limitações de muros e prédios, inserida e a serviço da comunidade e compromissada com a resolução de problemáticas sociais que têm impacto direto na qualidade de vida das populações em vulnerabilidade socioeconômica em específico para esse debate, as populações quilombolas de todo o país.
Algumas universidades federais têm contribuído para o desenvolvimento socioeconômico e político das comunidades quilombolas através da lei de cotas e Processos Seletivos Específicos para ingressos de Indígenas e Quilombolas, dando assim, oportunidades a um povo historicamente excluído das universidades e, consequentemente, de todos os espaços de poder. “Acreditamos numa universidade compromissada com as causas sociais e na defesa de uma educação pública de qualidade e que promova equidade entre as populações”, destacam. A UFPel está com inscrições abertas para o processo seletivo específico para quilombolas e indígenas. Saiba mais aqui.
Nesse sentido, o encontro assumiu a responsabilidade de articular ações com o movimento estudantil quilombola para o fortalecimento das políticas de ações afirmativas e as políticas de reparação de danos para a população quilombola no Brasil. A escolha do Sítio Histórico do Patrimônio Cultural Kalunga foi estratégico para pensar as lutas a partir do Terreiro, do Território e do Quilombo, nas perspectivas de retomar identidades e partir dela, a força enquanto movimento estudantil. “Acreditamos que essa luta precisa ser além dos muros da Universidade ou de um pensamento intelectual eurocentrado, mas popular”, salientam os participantes. Maior Território Quilombola do Brasil, o povo Kalunga carrega em sua história uma grande marca de resistência e até hoje preserva seus costumes ancestrais, razões pelas quais foi escolhido pelos organizadores em consonância com demais universidades envolvidas, como símbolo de resistência.
Saiba mais na página do Encontro.