“Basta de Assédio” é tema de mesa-redonda na SIIEPE
Sexual, Moral, Verbal, Virtual, Psicológico. Os mais variados tipos de assédio são situações por vezes naturalizadas na sociedade e que devem encontrar resistência dentro das universidades. Para trazer o assunto à discussão, a 4ª Semana Integrada de Inovação, Ensino, Pesquisa e Extensão (SIIEPE) promoveu a mesa-redonda “Assédio na Universidade. Vamos dar um basta!”, que ocorreu na manhã desta quarta-feira (24). Em uma sala cheia – e majoritariamente feminina – a importância do assunto – sua identificação, denúncia e políticas dentro das instituições de ensino – foi ressaltada.
O tema foi apresentado pela coordenadora do Núcleo de Gênero e Diversidade da UFPel, Eliane Pardo, e pela representante do Núcleo de Gênero e Diversidade do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (Nuged/IFSUL), Renata Porcellis. A mediação esteve por conta do pró-reitor de Assuntos Estudantis, Mário Azevedo Júnior.
Na abertura do debate, o reitor Pedro Hallal destacou que a UFPel faz um movimento para enfrentar o problema. Falou sobre a criação do Nugen, espaço que faz frente a questões educativas e estruturativas, e que, embora o processo de investigação de denúncias possa ser demorado, é preciso que seja uma apuração adequada. O gestor salientou ainda que a UFPel está trabalhando em uma resolução contra o assédio, que deverá em breve ser submetida ao Conselho Universitário (CONSUN).
Para Eliane, a Universidade precisa de uma urgente formação e sensibilização sobre todos os tipos de assédio. De acordo com a coordenadora, as leis precisam ser politizadas nas instituições para terem aplicabilidade. “Se a Universidade identifica esse problema e o repete, precisamos combater”, disse.
Basta
Não consentimento e hierarquia. São os dois pontos principais para caracterizar uma situação de assédio. Pesquisadora da área do assédio sexual, Renata concentrou sua fala especialmente nesse segmento. Para ilustrar a questão, ela trouxe exemplos, como contar piadas de caráter obsceno e sexual; mostrar ou partilhar imagens ou desenhos explicitamente sexuais; envio de cartas, notas, e-mails, chamadas telefônicas ou mensagens de natureza sexual; avaliar pessoas pelos seus atributos físicos; fazer comentários sexuais sobre a forma de vestir ou parecer; seguir ou controlar alguém – em termos de legislação, sempre quando uma relação hierárquica estiver envolvida.
De acordo com ela, é preciso que os assédios comecem a ser expostos para que o processo de investigação e punição possa ser melhorado. Geralmente, a primeira denúncia é a mais difícil. Depois, vem o “efeito cascata”, quando mais pessoas se sentem encorajadas a relatar. “Muitas vezes a pessoa fica em dúvida se foi assédio. Isso se dá por uma naturalização da cultura do estupro que há na nossa sociedade. Enquanto não houver denúncia, não há resultado”, alertou.
Conforme a convidada, uma pesquisa de 2017 apontou que 46,4% dos jovens (entre 12 e 31 anos) já sofreu assédio sexual na rede de ensino, seja básica ou superior. Com campanhas e hashtags, o debate sobre o tema quadruplicou nos últimos três anos. Em contrapartida, o assédio virtual cresceu 26.000%.
Para denunciar
A denúncia de assédio sexual deve ser feita sempre com ajuda de alguém próximo (nunca sozinha). A polícia deve ser acionada e um Boletim de Ocorrência deve ser feito. A orientação é que a vítima guarde o máximo de informações possíveis (dia, hora, local, testemunhas e, se possível, provas). O Disque Mulher pode ser acionado pelo telefone 180.
Dentro da instituição, as denúncias podem ser feitas junto ao Nugen (Rua Almirante Barroso, 1.202 – Sala 112). O telefone é (53) 3284-4305. A Ouvidoria também pode ser contatada. O setor fica na Rua Gomes Carneiro, 1 – Sala 411 e atende no telefone (53) 3284-4098 ou pelo e-mail ouvidoria@ufpel.edu.br.