Uma Noite no Museu atrai público para o Casarão 8
Um Museu pulsante e cheio de vida. Assim estava o Casarão 8 da Praça Coronel Pedro Osório na noite deste sábado (22). O Museu do Doce da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) atraiu a comunidade na terceira edição do evento Uma Noite no Museu. Das 18h às 22h, os visitantes participaram de mais de 15 diferentes atividades artísticas e culturais dos mais diferentes estilos – desde exposições até patinação de roller.
Para a diretora do Museu, professora Carla Gastaud, a atividade mostra que o espaço é lugar de muitas coisas – cultura, lazer, diversão e acolhida. O museólogo Matheus Cruz destaca: com o evento, se pretende derrubar o senso comum de que museus são “casas velhas, que não despertam o interesse de ninguém e que quem ‘viu um, viu todos’”. Através da participação de diversos grupos, Uma Noite no Museu traz diversas possibilidades. “Se quebra paradigmas e se expande a possibilidade de público”, pontuou.
Segundo os organizadores, a presença de público vem crescendo na atividade. Na edição anterior, pelo menos 500 pessoas assinaram o livro de presença – sendo que grande parte dos visitantes não costuma registrar sua participação. Nesta edição, pelo menos 600 mil pessoas visualizaram o evento no Facebook. “O evento tornou o Museu mais visível, o que é o nosso objetivo”, contou Cruz.
Dentre as atrações, estavam a exposição “Humanos de Satolep” e “Fitas Clipe”, apresentação do Clube do Choro e da banda Área 53, oficina de bumerangue, food trucks, exibição do documentário “O Liberdade” e exposição “A gente combinamos de não morrer”, do artista Thiago Paixão. O Laboratório de Educação para o Patrimônio da UFPel também esteve presente, oferecendo para crianças jogo da memória, quebra-cabeça e pintura que tinham como tema o Centro Histórico e os doces de Pelotas.
Também houve pré-lançamento do livro multiformato “A Casa do Conselheiro”, que conta com sistema pictográfico de comunicação, braille, audiodescrição, videolivro com Libras e legendas, que será doado para escolas públicas.
Todos os ambientes do Museu estavam preenchidos com música, arte, fotografia, teatro, cinema, oficina, patinação de roller e, claro, doces de Pelotas.
Fruir o Museu
A cabeleireira Simone Santiago, 47 anos, moradora do bairro Fragata, foi apreciar o evento antes de atender uma cliente. “Vou aproveitar o máximo que puder”, garantiu, com o olhar admirado para um dos móveis do local, que, com detalhes entalhados na madeira e um vistoso espelho, remeteu a ela uma penteadeira. “Isso não se vê mais. As coisas que não falam são preciosidades. Dá para ficar muito tempo aqui, só curtindo”, disse. Para Simone, o evento possibilitou a aproximação com a história, acompanhada de momentos culturais. “Sentar ali na frente, sem pressa, para escutar um chorinho, é revigorante”, afirmou. E garantiu que uma oportunidade do gênero não se deixa passar. “A essência da nossa gente está aqui”.
O estudante de Agronomia Jeferson Prates, 19, levou a família, que veio de Rosário do Sul passar o feriado, para conhecer lugares históricos da cidade – uma novidade inclusive para ele mesmo. “Moro aqui há três anos e não conhecia”, explica. Para a colega Aline Miura, 24, o fato de ser um evento noturno possibilita a adesão de público. “À noite, tudo fica diferente”, disse, ao visitarem o porão do prédio.
Próximo
A organização do evento tenciona realizar Uma Noite no Museu a cada dois meses. A próxima edição deverá ocorrer em novembro.
Casa do Conselheiro
O Casarão 8 provavelmente foi projetado e construído pelo arquiteto italiano José Izella, em 1878, para servir como residência para a família do Conselheiro Francisco Antunes Maciel (Conselheiro do Império). Entre os anos de 1950 e 1973, a edificação serviu como sede do Quartel General da 8ª Brigada de Infantaria Motorizada de Pelotas. Depois desse período, foi ocupado por diversos órgãos públicos municipais. O imóvel foi adquirido pela UFPel em 2006, que assumiu o compromisso de organizar, junto com a comunidade doceira, esse espaço cultural. Através de projeto financiado pelo MEC, a Universidade restaurou o prédio que foi entregue à comunidade em maio de 2013 e, desde então, sedia o Museu do Doce. O acervo é composto de peças relacionadas com a história da tradição doceira de Pelotas e região, sejam elas históricas, documentais, bibliográficas ou impressas, além de todo objeto/representação que tenha relação com a missão do Museu.