UFPel emite Nota sobre a destruição do Museu Nacional
A UFPel está publicando Nota sobre a destruição do Museu Nacional. Veja abaixo.
A Universidade Federal de Pelotas expressa o seu profundo pesar na perda irreparável provocada na memória da nação brasileira pelo incêndio que destruiu o Museu Nacional.
Perdeu-se um acervo de valor incomensurável e uma edificação que foi palco de importantes acontecimentos históricos da construção da nação brasileira. O Palácio de São Cristovão, que foi sede do Museu Nacional desde 1892, antes foi residência da família real portuguesa e abrigou a família imperial brasileira no período de 1808 a 1889. Também sediou a primeira Assembleia Constituinte Republicana de 1889 a 1891.
O Museu Nacional é a instituição de pesquisa mais antiga do Brasil. O então Museu Real, fundado por D. João VI em 1818, foi reconhecido ainda no século XIX, como o mais importante museu de história natural da América do Sul. Desde 1946 é vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro e, como museu universitário, caracteriza-se por seu perfil acadêmico e científico, desenvolvendo pesquisas de excelência e disseminando conhecimentos nas áreas de ciências naturais e antropológicas.
As coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia conformaram um acervo de 20 milhões de itens. Ao longo de mais de dois séculos, o acervo foi ampliado por intermédio de coletas e escavações, permutas, doações e compras. Se este número parece incalculável, alguns exemplos do que ali estava exposto talvez possam melhor dimensionar a sua importância. No Museu Nacional, detentor de uma das maiores coleções de meteoritos existentes, o meteorito de Bedengó ganhava destaque por ser o maior do Brasil e um dos maiores do mundo. Também estavam sob a guarda do Museu Nacional os remanescentes do esqueleto de Luzia, o mais antigo fóssil humano já encontrado nas Américas, datado de cerca de 11.500 a 13.000 anos atrás. No acervo de Arqueologia estavam reunidas peças de grande importância provenientes de diversas civilizações que habitaram as Américas, a Europa e a África, desde o Paleolítico até o século XIX. Os esquifes, sarcófagos e múmias, que tanto interesse despertava nos visitantes, faziam parte de uma importante coleção de arqueologia egípcia.
Como um museu universitário, portanto, sede de ações acadêmicas importantes para muitas áreas do conhecimento, a perda dos seus acervos também significa imenso prejuízo à ciência brasileira. Como um museu histórico, com duzentos anos de existência completados em 2018, a sua destruição atinge a memória do país. Como um museu que abrigava coleções de diferentes naturezas, exemplares valiosos de culturas e espécies extintas, o mundo lamenta o desastre porque parte do patrimônio que ali estava dizia respeito à humanidade.
A Universidade Federal de Pelotas é solidária e apoiadora de toda e qualquer ação que possa contribuir para minorar tamanha perda e incentiva que se traga à luz das discussões acadêmicas a responsabilidade que todos, universidades e sociedade, precisamos ter com os nossos bens culturais.