PAVE: reunião com representantes de escolas privadas discute possíveis mudanças
Um grupo de dirigentes de escolas da rede privada de ensino de Pelotas esteve presente na manhã da última segunda-feira (14) para reunião com o reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Curi Hallal. A pauta em questão foi levantada pelos próprios representantes, o possível aumento na proporção das vagas destinadas a estudantes de escolas públicas no Programa de Avaliação da Vida Escolar (PAVE).
O tema foi levantado pela Administração Central da Universidade, que tem o desejo em ampliar gradativamente a fatia de vagas reservadas aos advindos da rede pública até atingir a proporção existente de matriculados. Ou seja, como cerca de 90% dos alunos estão nas escolas mantidas pelo poder público, esta mesma fração seria usada para a reserva.
Diversos argumentos pautaram a manifestação dos dirigentes de escolas da rede privada. A primeira delas é em relação ao número de inscritos para o processo seletivo: a diferença percentual seria pequena – 55% da rede pública contra 45% da rede privada. Além disso, foi trazido à discussão que os concorrentes nas cotas também podem vir a ocupar vagas da ampla concorrência.
Foi destacado também o fato de que os números a serem analisados desta próxima etapa podem enganar, devido ao fato de que há poucas turmas de terceiro ano do Ensino Médio em 2018 devido ao acréscimo do nono ano: “Há escolas que têm até cinco turmas de terceirão, mas que em 2018 estão com apenas uma”, argumentou um dos presentes.
Outro ponto levantado pelo grupo foi relacionado aos programas pedagógicos das escolas, que, segundo o grupo, hoje em dia, tenta conciliar os conteúdos do PAVE com os do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), provas de naturezas e abordagens diferentes entre si. “Teríamos que nos redesenhar pedagogicamente”, afirmou um dos presentes.
O grupo também contava com a presença de uma dirigente de escola estadual, que expressou a sua preocupação em relação às famílias que abandonariam a rede privada em busca de matricular seus filhos nas públicas, causando até uma sobrecarga nesses educandários. Também foi citada a busca apenas pelas instituições de excelência encontradas no sistema público.
Entretanto, os representantes também aproveitaram a oportunidade para ressaltar o processo de reaproximação da organização do PAVE, liderada pela Coordenação de Desenvolvimento de Concursos (Coodec), e as escolas de Ensino Médio, de ambas as redes, considerada uma grande conquista para o programa.
Contraponto
Hallal disse, durante o encontro, que o argumento da gestão da UFPel, ao buscar ampliar esse percentual de vagas para os estudantes de escolas públicas é conceitual, de valorização do ensino público. “Se fôssemos esperar a rede pública ter a qualidade esperada, demoraria muito tempo”, afirmou.
De qualquer forma, ele destacou que a proporção de 90% é a meta final a ser buscada, mas que a aplicação está sendo pensada de forma escalonada, com acréscimos periódicos, que podem ser avaliados cotidianamente. Mas ele pontua que já há a convicção de se propor o aumento para 60% já nesta edição.
O reitor realizou um convite para que o grupo escolhesse um representante para que pudesse apresentar seus argumentos na reunião do Conselho Universitário que ocorrerá nesta quinta-feira (16) e que tratará o tema.