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Pesquisa avalia benefícios de coprodutos da vinificação na alimentação de ovinos

cam01029Um estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) agregou dois destaques de Pinheiro Machado, a uva e a ovelha, em um estudo promissor. Ao longo de um ano e meio, os pesquisadores administraram coprodutos de vinificação – cascas, bagaços e sementes – na alimentação de ovinos. Além de apontar uma opção sustentável para o descarte desse tipo de resíduos e ganho ambiental, o estudo sinalizou benefícios para a saúde dos animais.

dsc02241O curso de Tecnologia em Gestão Ambiental e os programas de pós-graduação em Zootecnia e Veterinária uniram-se para propor uma destinação interessante ao bagaço de uva que era descartado, mas possui bom valor nutricional. Com apoio da Estância Guatambu, que doou os resíduos da uva e 40 cordeiros para iniciar o trabalho, a pesquisa recebeu financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O estudo foi realizado em 2015.

1423147078474Parte dos resíduos utilizada no estudo foi secada em estufa, de forma experimental, enquanto a outra parcela ficou ao sol por 72 horas na época da colheita da uva, entre os meses de janeiro e fevereiro. O resultado ao sol foi considerado melhor do que na estufa.

Em relação aos efeitos na saúde animal, a pesquisa apontou que, usando 20% do coproduto da uva na dieta das ovelhas por dois meses, não houve intoxicação – o que poderia ocorrer pela elevada quantidade de cobre na composição e à sensibilidade dos ovinos a esse elemento. Além disso, os ovinos tiveram tendência a ganhar peso.

O estudo também avaliou a emissão de metano dos animais – considerado um dos gases relacionados ao efeito estufa e um dos principais vilões da pecuária. Segundo a coordenadora da pesquisa, professora Fernanda Medeiros Gonçalves, o resultado foi surpreendente. Os animais que ingeriram o resíduo da uva reduziram as emissões em 14%. “Quando se pensa em um rebanho, é uma redução bastante considerável”, destacou, observando também a diminuição do volume de bagaços que seriam apenas descartados. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN), em 2015 o Rio Grande do Sul processou mais de 702 milhões de quilos de uva. Hoje, a área de produção vitivinícola no Brasil soma 83,7 mil hectares, divididos principalmente entre seis regiões.

De acordo com a professora, o estudo apontou ganhos ambientais e econômicos, já que reduz o descarte e também os custos com a alimentação – o bagaço da uva é mais semelhante ao pasto em termos nutricionais do que as rações. Além da boa aceitação pelos animais, o bagaço de uva tem propriedades que auxiliam na sua digestão.

Futuro
É intenção que a pesquisa prossiga com a avaliação da digestibilidade dos coprodutos e a função dos taninos na sanidade dos animais.

O estudo deverá também, no próximo semestre, ganhar outros rumos, embora com a proposta semelhante. Os pesquisadores deverão avaliar o papel dos resíduos da fabricação do azeite de oliva para a alimentação animal, dessa vez com galos reprodutores. A azeitona é rica em fibras e substâncias antioxidantes. A ação, também em parceria com produtores locais, vai avaliar se a dieta vai surtir efeito na melhora da reprodução das aves.

Publicado em 06/10/2016, nas categorias Destaque, Notícias.