Seminário discute boas práticas na atenção domiciliar
Pioneiro na atenção domiciliar no país, o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel) promoveu, nesta quinta-feira (23), um espaço de compartilhamento das experiências da região no âmbito do serviço. O Seminário de Boas Práticas na Atenção Domiciliar reuniu estudantes, professores e trabalhadores da área da saúde de oito municípios. Além de trocarem ideias sobre suas vivências, os participantes fizeram do espaço uma oportunidade para reforçar a importância dessa política pública.
Dentre os temas discutidos, além dos relatos de boas práticas e experiências, estiveram a atenção domiciliar como mudança do modelo tecnoassistencial, o serviço de atenção domiciliar no SUS, e o panorama atual da atenção domiciliar no país e suas perspectivas.
Foi o momento do país, aliás, o motivador do encontro, destacou a superintendente do HE e coordenadora geral da Atenção Domiciliar do Hospital, Julieta Fripp. Segundo ela, é preciso estabelecer canais e redes entre os envolvidos com a atenção domiciliar no país, uma iniciativa recente. Esse modelo de atenção efetivou-se como política pública em 2012 – sendo o serviço do HE o primeiro do país, já vocacionado com a atuação do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) desde 2005.
Atualmente, por meio de convênio com a Prefeitura de Pelotas, o HE é responsável pela atenção domiciliar do município e possui três equipes, atendendo aproximadamente 150 pacientes concomitantemente, reunindo a atuação do PIDI e do programa Melhor em Casa. “Temos uma prática de muitos anos e sabemos da importância dessa política. Há um grande anseio em poder articular redes para potencializar essa iniciativa que tem trazido grande satisfação a usuários de diferentes idades e com variadas patologias”, disse. Segundo a superintendente, como elo entre a atenção primária e a hospitalar, o cuidado domiciliar evita muitas internações.
O tom sobre o momento político também esteve na fala da professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Laura Feuerwerker. Segundo ela, há a necessidade de articulação e fortalecimento em defesa da iniciativa de base no Sistema Único de Saúde (SUS). Para a coordenadora técnica da Atenção Domiciliar do HE, Isabel Arrieira, o Seminário seria momento para discutir uma política que “faz diferença na vida das pessoas”.
Na ocasião, a secretária adjunta da Secretaria Municipal de Saúde, Ana Costa, falou sobre a importância do serviço para o município. Ao agradecer a prontidão do HE, salientou a qualidade indiscutível do serviço e a importância da integração.
Fortalecimento e avanço
Representando a coordenação geral de Atenção Domiciliar do Ministério da Saúde, Débora Spalding Verdi mencionou que o espaço de discussão e fortalecimento é importante no momento de instabilidade nacional. Segundo ela, o serviço do HE é sempre inovador e, consolidado, inspira aprendizados e o olhar para tornar mais forte a iniciativa.
A posição frente à conjuntura nacional foi a tônica da manifestação do reitor da UFPel, Mauro Del Pino. “A Atenção Domiciliar tem se constituído como uma estratégia fundamental para que um maior número de pessoas possa usufruir do direito à saúde. É como um hospital na rua”, pontuou. O reitor também destacou a participação de nove cursos de graduação que contribuem para qualificar a formação de profissionais em perspectiva relevante para a população.
Segundo o gestor, o evento é um revelador da importância do SUS, conquista que deve ser mantida e continuada. “Nesse momento conturbado, devemos erguer nossa voz para dizer que de forma alguma aceitaremos a redução dos direitos sociais. O trabalho do HE mostra que estamos no caminho certo e não podemos retroceder. Podem contar com a UFPel não apenas defendendo o que já temos, mas avançando nessa que é uma das mais importantes estratégias de saúde pública”, finalizou.