UFPel tem bacharelado em Ciências Musicais
Criado em 2009, a graduação de bacharelado em Ciências Musicais da Universidade Federal de Pelotas é uma proposta inovadora na Academia, pois é uma das poucas formações do tipo no país. O curso tem o objetivo de formar, além de músicos, profissionais da pesquisa e da crítica em música, produtores culturais, gestores de acervos históricos, entre outros.
Com cerca de dez ingressantes por ano, sempre pelo Sisu de Verão, o curso conta com dois laboratórios, sendo um centro de documentos musicais, que conta com mesa de higienização, mesa de fotografia de documentos, mesa de leitura de marca d’água e lupas para ampliação, além do laboratório de etnomusicologia. Também existem projetos de pesquisa em andamento, além do grupo de estudos interdisciplinares em parceria com universidades de estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Amazonas.
Uma das alunas do curso e bolsista de projeto de pesquisa, a paulista Amanda Oliveira, conta que a escolha no curso não foi por acaso: “eu tocava em uma banda marcial na escola e gosto de pensar nas relações que a música tem na sociedade”. Ao encontrar a graduação em Ciências Musicais após pesquisar na internet, se inscreveu e hoje está cursando o quinto semestre. Ela diz que “é difícil encontrar alguém que se disponha a pensar sobre as artes.”. O técnico-administrativo Otávio Delevedove ressalta a importância da prática dentro do curso: “procuramos colocar o aluno em contato com a vida do profissional da área, tornando-a mais real.”
Com a reforma do Conservatório de Música em progresso após a queda de uma parte do forro do prédio, o curso está provisoriamente sediado na Agência da Lagoa Mirim (ALM). O Conservatório era uma das cinco faculdades da cidade de Pelotas que foram incorporadas como unidade da Universidade Federal de Pelotas. No caso do Conservatório de Música, já não é mais uma unidade acadêmica, mas permanece compondo a UFPel. Delevedove diz que o curso conta com quatro acervos históricos advindos de doações, como documentos da Orquestra de Concertos Hermínio de Moraes, da cidade de Rio Grande e do barítono Andino Abreu, “que foi o primeiro professor de canto do Conservatório, e que gravou Villa Lobos”, segundo Luiz Guilherme Goldberg, professor e um dos criadores do bacharelado em Ciências Musicais.
Superando desafios de forma exemplar
Apesar de pequeno e de enfrentar alguns problemas de infraestrutura, alunos do curso já foram até mesmo a países como Espanha e Portugal para apresentar seus trabalhos de pesquisa, além da participação no congresso Ibero-Americano e da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM). O professor Luiz Guilherme celebra a proatividade dos alunos: “eles mesmos que propuseram a I Semana da Arquivologia e Edição Musical”, evento que ocorreu em maio do ano passado. Os planos para o futuro do curso são otimistas: também idealizado pela aluna Amanda Oliveira, pretende-se organizar o I Congresso de Crítica em Música, em lembrança aos 80 anos de morte de Oscar Guanabarino, figura importante e histórica da crítica musical brasileira.