Universidade Mais Humana: Maus tratos a animais
A Universidade Federal de Pelotas está cada vez mais caminhando em direção à valorização da vida. Nesta série de matérias de boas-vindas ao ano letivo, serão apresentadas práticas, histórias de vida e maneiras de colaborar para que tenhamos cada vez mais uma instituição de ensino superior comprometida com a vida e mais humana.
Estão sendo abordados temas como racismo, homofobia, xenofobia, violência contra a mulher, AIDS e Doenças Sexualmente Transmissíveis, Alcoolismo e Drogas, Solidariedade, Cuidado com os Animais, Desperdício, Trote Solidário e Sustentabilidade.
São os estudantes, os professores e os servidores que fazem a UFPel ser o que ela é – e tornar-se tudo o que pode ser. Ao acolher sua comunidade acadêmica, a Universidade Federal de Pelotas deseja que cada um possa fazer de 2016 uma oportunidade para construir uma universidade mais humana.
Maus Tratos a animais
A Universidade Federal de Pelotas preocupa-se em promover a ética nas relações, sejam elas em quaisquer esferas. Assim, o trato com os animais também perpassa a conduta ética de qualquer cidadão.
Segundo a lei Federal número 9605/98, praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos é crime. Em Pelotas, uma lei municipal regulamenta o controle da população felina e canina e define maus-tratos como toda e qualquer ação voltada contra cães e gatos que implique em crueldade, especialmente em ausência de alimentação mínima necessária, tortura, uso de animais feridos, submissão a experiências pseudocientíficas.
Felipe Rosa, veterinário residente do hospital veterinário da UFPel, esclarece que a definição de maus tratos é muito ampla. “É difícil conceituar. O que parece ser maus tratos para mim, pode não ser para outra pessoa”, afirma.
Ele esclarece que esta avaliação deve ser feita caso a caso e deve levar em conta a situação de bem ou mal-estar do animal. “São considerados maus-tratos a permanência do animal em situação de mal-estar que poderiam ser evitadas por alguém que goze de pleno juízo”, explica o veterinário.
No hospital, casos de atendimentos a animais vítimas de maus-tratos são frequentes, segundo Felipe Rosa, muitos chegam bastante debilitados e, na maioria das vezes, vítimas de negligência.
O HV atende estes animais através de uma parceria com o Centro de Controle de Zoonoses, órgão do Departamento de Vigilância à Saúde da Prefeitura de Pelotas. “O Hospital trata e devolve à entidade competente”, explica Felipe ao informar que o hospital não tem estrutura para alocar animais e que lamenta os inúmeros casos em que a população abandona filhotes nas imediações do HV. O veterinário reforça que o local serve apenas para tratamento de animais doentes e o risco de infecção de animais sadios, principalmente filhotes, é muito grande.
Pessoas que queiram denunciar casos de maus tratos e abandonos de animais podem recorrer aos órgãos da administração pública como o Centro de Zoonoses ou a Brigada Militar Ambiental.
Para mais informações sobre como proceder em casos de maus tratos a animais acesse o link [http://sosanimaispelotas.org.br/maus-tratos.html].
NURFS: uma referência no tratamento a animais silvestres na UFPel
A região de Pelotas é privilegiada na variedade da fauna silvestre. Entretanto a presença destes animais tão próximos a locais povoados pode ser uma grande ameaça, principalmente quando estes se deparam com a crueldade humana.
Um exemplo disto aconteceu com o Xico, um lagarto Teiú, do gênero Salvator merianae, encaminhado ao Núcleo de Reabilitação da Fauna Silvestre, NURFS, com sérias lesões causadas por espancamento e queimaduras com água quente.
O NURFS, juntamente com o CETAS, Centro de Triagem de Animais Silvestres foram criados por iniciativa do Instituto de Biologia em associação com a Faculdade de Veterinária em 1998 para atender a uma demanda regional específica de atenção a Fauna Silvestre Brasileira.
O Núcleo recebe animais oriundos de apreensão ou resgates feitos pela Polícia Ambiental, Polícia Federal, Civil e Militar.
O professor Marco Antônio Coimbra, integrante da equipe, conta que o NURFS acaba recebendo também muitos animais exóticos oriundos dos procedimentos policiais. Estes animais são tratados e reencaminhados à Secretaria de Meio Ambiente que faz a destinação apropriada. “Geralmente são destinados à zoológicos, mantenedores da fauna silvestre ou criadores comerciais”, explica o professor. Alguns animais permanecem mais tempo no Núcleo porque sua destinação depende de decisão judicial.
Coimbra explica que muitas pessoas, ao decidir ter um animal silvestre ou exótico como bicho de estimação não faz um estudo prévio para saber se terá estrutura para mantê-lo em sua guarda. “Os répteis, por exemplo, tartarugas, serpentes, lagartos, precisam de uma fonte externa de calor. As pessoas querem ter animais mas desconhecem as especificidades de cada espécie. Há muita bibliografia atualmente, basta querer saber”, afirma.
O professor também explica que é necessário avaliar, antes de adquirir um animal exótico, se em sua localidade existem profissionais da área de veterinária aptos a atender estes animais. Além disso é importante saber a expectativa de vida pois algumas espécies tem uma grande longevidade. “A arara vermelha pode viver 86 anos. A pessoa que adquire uma ave destas deve entender que elas são como uma herança”, aponta Coimbra ao destacar o exemplo de uma arara rejeitada pelos filhos de sua dona que faleceu.
Alguns animais silvestres podem aparecer em zonas urbanizadas devido à diminuição de seu habitat e frequentemente são agredidos pelas pessoas. É importante saber que geralmente eles não atacam humanos. As serpentes, por exemplo, tendem a fugir quando se sentem ameaçadas. O professor Marco Antônio defende que o Rio Grande do Sul é privilegiado pelo pequeno número de espécies peçonhentas e que as serpentes são importantes para o controle do meio ambiente. “As serpentes são super importantes, controlam a população de animais como rãs e ratos e servem de alimento para outros. Ainda fornecem substâncias para a fabricação de remédios. São verdadeiras farmácias vivas”, explica.
Os maus tratos a animais, sejam eles domésticos ou silvestres, são atitudes injustificáveis. É dever de todos agir para a total extinção destas práticas. Pessoas que possuem animais de estimação devem garantir o seu bem estar, mantê-los abrigados em local apropriado, com iluminação e ventilação adequadas, com água e comida suficientes e boa higiene. Os animais que não possuem dono também precisam ser respeitados.
O veterinário Felipe Rosa afirma que a responsabilidade é de toda a população e também dos órgãos administrativos. “A administração pública deve assegurar orientação e educação sobe procedimentos e prevenção de maus tratos e a guarda responsável de animais”, explica.