UFPel deverá ter processo seletivo diferenciado para surdos
Em reunião com a coordenadora da área de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) do Centro de Letras e Comunicação da Universidade Federal de Pelotas (CLC/UFPel), professora Ivana da Silva, o reitor Mauro Del Pino confirmou que a instituição deverá instituir um processo seletivo diferenciado para surdos. A proposta foi uma reivindicação da comunidade surda local, que identifica a dificuldade de acesso à Universidade por meio dos processos tradicionais.
Conforme Ivana, muitos estudantes surdos ingressam no ensino superior em outras instituições de ensino particulares ou em públicas que possuem vestibulares próprios para os surdos. O formato do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que disponibiliza um intérprete presencial e que muitas vezes não consegue atender satisfatoriamente a demanda, também não favorece os surdos. Na ocasião, ela mostrou ao reitor a referência do processo seletivo utilizado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que atrai estudantes surdos de diversos locais do país por aplicar uma prova idêntica à dos demais candidatos, porém gravada em DVD. Nele, em vídeo, há a sinalização do conteúdo. Os candidatos surdos assistem no computador e podem marcar as alternativas. Conforme a professora da área de Libras do CLC, Tatiana Lebedeff, que também participou do encontro, trata-se de uma questão de acessibilidade linguística.
Atualmente, a UFPel tem três alunos surdos na graduação – nos cursos de Engenharia da Computação, Turismo e Ciências Sociais -, e dois na pós-graduação. Além deles, há três docentes surdos. “Queremos ampliar o acesso da comunidade surda à UFPel”, pontuou Ivana.
Na ocasião, Ivana falou, também, sobre a necessidade de professor surdo para Letras-Libras, ênfase em licenciatura, para a qual há uma vaga disponível.
O reitor destacou que a comunidade surda tem se mostrado atuante e batalhadora na luta por seus direitos. Segundo ele, a intenção é fazer a Universidade cada vez mais inclusiva e as demandas serão encaminhadas. Del Pino aprovou a realização do vestibular específico, à semelhança do que já ocorre hoje com os povos quilombolas e indígenas. O reitor solicitou o apoio do grupo do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) e do CLC para a concepção dessa prova específica, a partir das adaptações necessárias e seguindo a legislação pertinente.
A intenção, ressaltaram as professoras, é que o processo seletivo diferenciado se estenda, também, a cursos de pós-graduação.
Participaram da reunião, ainda, a chefe do NAI, Mírian Bohrer, a chefe da Seção de Intérpretes do NAI, Daiana San Martin Goulart, e a assessora da reitoria, Lorena Gill.