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Estudo aponta relação entre consumo de açúcar e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) evidenciou que crianças que consomem açúcar em quantidade superior a 121 gramas por dia apresentam uma chance três vezes maior de ter Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) aos seis anos de idade.

O estudo é fruto da tese de doutorado de Bianca Del Ponte da Silva, sob orientação da professora Iná Santos.

A quantidade de açúcar avaliada corresponde aproximadamente a cinco colheres de sopa de açúcar refinado, uma barra de chocolate, duas latas de refrigerante, um litro de suco artificial, três fatias grandes de bolo ou um pacote de bolachas recheadas.

O consumo de açúcar foi avaliado a partir do consumo de biscoito doce, bolo, guloseimas (balas, chicletes e pirulitos), chocolate, sorvete, achocolatado, açúcar, geleia, refrigerante, suco artificial e bolacha recheada.

O estudo utilizou dados de diferentes visitas aos participantes da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004. No acompanhamento realizado em 2010/2011, cerca de 3,7 mil crianças foram avaliadas na clínica localizada no Centro de Pesquisas em Saúde Amilcar Gigante, para responderem questões sobre hábitos de vida e saúde em geral (incluindo saúde mental).

A pesquisa também investigou o efeito do consumo de cafeína durante a gravidez sobre TDAH. A cafeína é uma substância que está presente em maior quantidade no chimarrão e no café, mas também (em menor quantidade) em refrigerantes que contêm cola ou guaraná, no chocolate, chá preto e alguns medicamentos como analgésicos. Nesse estudo, as fontes utilizadas para medir o consumo de cafeína foram café e chimarrão. No entanto, o estudo mostrou que o consumo de cafeína durante a gestação não esteve associado ao TADH aos seis anos de idade.

O TDAH é frequente entre crianças em idade escolar. Crianças com TDAH apresentam falta de atenção, impulsividade e hiperatividade, que interferem negativamente no desempenho escolar e na relação intrafamiliar. A origem do transtorno não está bem estabelecida, mas se sabe que há forte contribuição genética.  Suspeita-se que o consumo alimentar pela mãe no período gestacional ou pela criança pode estar relacionado ao desenvolvimento do transtorno. Alguns estudos vêm investigando esta relação, como é o caso da pesquisa de Bianca.

Defesa
O trabalho de Bianca será apresentado no dia 22, às 9h, no Auditório Kurt Kloetzel, no Centro de Pesquisas em Saúde Amílcar Gigante (Prédio A). A banca avaliadora será composta por Helen Gonçalves, Juliana Vaz e Sandra Petresco.

Publicado em 15/01/2016, na categoria Notícias.