Discussões além-fronteiras são cenário de estudo do Doutorado em Antropologia
Concentrado na articulação estratégica, oportuna e inovadora entre a Antropologia Social e Cultural e a Arqueologia, o Programa de Pós- Graduação em Antropologia (PPGAnt) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) contará, a partir deste ano, com a abertura do curso de Doutorado. Dispondo de um corpo docente qualificado e de condições infraestruturais para o oferecimento do novo curso, o PPGAnt, criado em 2012, já titulou 25 mestrandos, tendo atualmente 43 matriculados no Programa.
A Coordenadora do PPGAnt, Loredana Ribeiro, conta que desde a criação do curso de Bacharelado em Antropologia da UFPel, em 2008, o Programa é pioneiro na articulação entre os campos da Antropologia Social e Cultural e da Arqueologia no país. Loredana afirma que ambos os cursos proporcionam interpretações sobre processos históricos e socioculturais em contextos rurais e urbanos, considerando as diferentes temporalidades e a expressiva sociodiversidade regional e para além-fronteiras.
A professora também enfatiza que a criação do curso de Doutorado no Programa vai incrementar as relações estabelecidas, desde 2012, entre a graduação e a pós-graduação em Antropologia no âmbito institucional. “A abertura do curso irá pavimentar o caminho de continuidade da formação acadêmica de excelência nos campos da Antropologia Social e Cultural e da Arqueologia. A implementação da proposta significa a oportunidade de continuidade de estudos e pesquisas, desde a graduação até o doutorado”.
O quadro docente do PPGAnt conta atualmente com 15 professores permanentes, sendo sete antropólogos, sete arqueólogas e um conservador. Também possui em seu quadro cinco colaboradores, sendo três antropólogas, uma arqueóloga e um etnomusicólogo.
Linhas de pesquisas
Loredana conta que o PPGAnt possui duas áreas de concentração, Antropologia Social e Cultural e Arqueologia, tendo quatro linhas de pesquisa transversais que atendem a ambas as áreas. As linhas Rede e Performance e Sociedade, Ambiente e Territorialização estão presentes no Programa desde sua criação, em 2012. Com a aprovação do Doutorado, ao final do ano passado, duas novas linhas passaram a fazer parte do PPGAnt: Antropologia e Arqueologia dos Objetos e Arqueologia e Etnologia de Povos e Comunidades Tradicionais.
A linha de pesquisa Antropologia e Arqueologia dos Objetos agrega estudos sobre processos relacionados à formação de fronteiras e comunidades, considerando as relações entre grupos humanos e objetos, bem como as coleções particulares e museológicas e as investigações referentes à ativação e representação relativas ao patrimônio cultural. Pesquisas a respeito de processos de territorialização, etnicidade e identidades culturais estão incluídas nesta linha, que atenta para as formas pelas quais as comunidades constroem suas vidas sociais e simbólicas no tempo e espaço, por meio dos objetos e contatos interétnicos.
A segunda linha, Arqueologia e Etnologia de Povos e Comunidades Tradicionais, contempla estudos sobre povos e comunidades tradicionais e contemporâneas. Indígenas, quilombolas e ribeirinhas, populações que constituem as temáticas clássicas para a Antropologia e a Arqueologia no Brasil e em outros países do continente americano, representam campos de estudos desta linha de pesquisa. Assuntos como cultura material, organização social, cosmologia, religião, relações interétnicas, história, indigenismo, educação escolar, etnicidade, colonialismo, urbanização, territórios e processos de territorialização também são discutidos nesta linha.
Já na linha Comunidade, Rede e Performance são reunids os estudos sobre relações entre corpos humanos, objetos, espaços, oralidades e discursos, que são sistematizados no campo social, na produção de imagens e pelas ciências. Contemplando assuntos relacionados a comunidades, redes e performances, compostas por conexões, fluxos e limites constituídos na sociedade, esta linha discute temas que precisam ser entendidos a partir da dinâmica entre sentido e realidade, apreendida na perspectiva diacrônica e sincrônica.
Por fim, em Sociedade, Ambiente e Territorialização, o Programa apresenta a linha que se dedica aos estudos a respeito das relações entre sociedade, cultura e natureza, com enfoque nas representações e práticas coletivas. Relacionando processos de territorialização no âmbito de contextos sócio-históricos singulares, busca analisar e interpretar as expressões culturais dos diferentes grupos que produzem sociabilidades articuladas à apropriação e subjetivação do espaço, assim como, aos ritmos e tempos da duração em situações de conflito socioambientais.
Impactos para a região
Segundo Loredana, assim como já ocorre nos cursos de graduação e mestrado, o Doutorado proposto irá atrair pesquisadores de outras regiões do Brasil e diferentes países para a Universidade. A coordenadora conta que, atualmente, há apenas outros dois cursos semelhantes no Brasil, portanto, estudantes interessados no diálogo entre os campos da Antropologia e Arqueologia terão na UFPel espaço privilegiado para desenvolver suas pesquisas. “O Doutorado irá atender a uma demanda suprarregional, pois não há, tanto no Rio Grande do Sul, quanto em toda a região Sul do Brasil, um programa semelhante ao PPGAnt, calcado na articulação estratégica, oportuna e inovadora entre a Antropologia Social e Cultural e a Arqueologia.”
A coordenadora do PPGAnt também afirma que a localização estratégica do município de Pelotas e da própria Universidade tem propiciado o desenvolvimento de estudos antropológicos e arqueológicos focados nas questões das fronteiras e da alteridade, facilitando a construção de acordos, parcerias e intercâmbios com entidades e instituições de ensino e pesquisa, nacionais e estrangeiras. “As pesquisas nos campos da Antropologia Social e Cultural e da Arqueologia, desenvolvidas por docentes e discentes do PPGAnt, contribuem para a ampliação de projetos pautados no compromisso social e no desenvolvimento sustentável, com participação de diferentes coletividades sociais.”
Loredana também destaca que de modo pioneiro na região sul, o PPGAnt, desde 2013, adota a política de ações afirmativas para candidatos indígenas e negros. Com isto, a criação do curso de Doutorado é uma consequência das ações de docentes e discentes ligados ao Programa, reafirmando o compromisso social e institucional da Antropologia e Arqueologia na região.
Período de seleção
As inscrições para o processo seletivo da turma de Doutorado em Antropologia estarão abertas entre 25 de janeiro e 15 de fevereiro. O Exame de Seleção, com previsão de início no mês de fevereiro, apresentará cinco etapas: Análise do Anteprojeto de Pesquisa, Defesa do Anteprojeto de Pesquisa, Prova Escrita de Conhecimento Específico e Análise do Currículo Lattes. Candidatos residentes fora do Rio Grande do Sul poderão realizar a defesa de anteprojeto por Skype ou similar, assim como, realizar a prova escrita em algum outro programa de pós-graduação, cuja coordenação se comprometa formalmente a aplicar a referida prova. O edital de seleção será publicado em breve no endereço http://www.antropologiaufpel.com.br/ .