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Fumicultura, Tabagismo e Asma: uma combinação perigosa

Pesquisa realizada dentro do  Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel, em São Lourenço do Sul, RS, entre janeiro e março de 2011, investigou a ocorrência de asma e tabagismo em 2.469 fumicultores. O trabalho mostrou que 11% dos homens e mulheres tiveram chiado no peito, no último ano. O chiado no peito é um sintoma que indica crise de asma e falta de ar e portanto pode incapacitar o fumicultor para trabalhar, pois o trabalho na fumicultura exige grande esforço físico e posições forçadas, como ficar curvado para colher a folha do fumo.

Durante o cultivo do fumo, o fumicultor tem contato com pesticidas, com a poeira do fumo seco dentro de galpões fechados e absorve nicotina através da pele durante a colheita da folha verde do fumo. O estudo mostrou que aplicar agrotóxicos, ter tido doença da folha verde no ano anterior e ter contato com a poeira do fumo seco aumenta o risco de ter chiado no peito.

O estudo detectou também que 31% dos homens eram tabagistas e 19% eram ex-fumantes, ou seja, metade da população do sexo masculino já tinha fumado cigarro. Os homens mais velhos, com menor renda, que trabalhavam há mais tempo com fumo e com pesticidas, que realizavam muito esforço físico e que não frequentavam alguma religião fumavam mais. Já entre as mulheres, 3% eram tabagistas e 4% ex-fumantes.

A revisão de literatura sobre a absorção de nicotina pelos fumicultores durante a colheita do fumo apontou que os níveis de cotinina urinária destes trabalhadores eram muito superiores aos de tabagistas que não colhiam fumo, mostrando que o trabalho na fumicultura expõe o agricultor a doses elevadas de nicotina, durante longas jornadas de trabalho.

Estes achados reforçam a Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, em seu Artigo 18, que prevê a necessidade de proteção ao meio ambiente e à saúde da pessoas na fumicultura. Logo, políticas públicas devem enfocar a saúde e a segurança no processo de produção do fumo, examinando alternativas para a mecanização da colheita e a elaboração de equipamentos de proteção que evitem a absorção de nicotina e sejam utilizáveis em ambientes com altas temperaturas e umidade. A diversificação de culturas deve ser orientada considerando a redução do uso de pesticidas, em todas as culturas, e a organização de uma rede de comércio que assegure a venda da produção.

A presente tese de doutorado foi desenvolvida pela aluna Nadia Spada Fiori, sob orientação da professora Anaclauda Gastal Fassa, do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas.

Orientador: Anaclaudia Fassa

Banca: Guilherme Franco Netto, Luiz Facchini e Ricardo Noal

Data:16/11/2015

Hora: 14:30

Local: Auditório B do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia.

Apresentador: Nádia Spada Fiori.

Publicado em 09/11/2015, na categoria Notícias.