Contrato de revitalização do acesso ao Campus Capão do Leão é entregue à comunidade
Um ato realizado na manhã desta quarta-feira (15) no auditório da Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado foi o ponto alto para um grupo de cidadãos da região que lutavam pela melhora da qualidade de vida de milhares de pessoas. Foi entregue à comunidade pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, representado pelo técnico Igor Krüger, o contrato de início das obras da revitalização das avenidas Eliseu Maciel, Três de Maio e Duque de Caxias, no trecho correspondente ao acesso ao Campus Capão do Leão da UFPel.
A cerimônia contou com a presença, além do já citado representante do DNIT, do prefeito de Capão do Leão, Cláudio Victoria, do representante da Câmara Municipal, vereador Marco Aurélio, da vice-prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, do diretor do Sindicato de Servidores da UFPel, Tonilar Afonso, do chefe-geral da Embrapa, Clênio Pillon, e do reitor da UFPel, professor Mauro Del Pino, que compunham a mesa de honra.
Dando as boas-vindas aos presentes, o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado destacou a entrega do contrato como um momento ímpar para todas as organizações presentes. “Essa agenda uniu a todos nós para brindar a região com essa mobilização”, disse Pillon. Para o chefe-geral, a conquista da revitalização é um exemplo de que as instituições públicas devem extrapolar as suas missões específicas para proporcionar a qualidade de vida das comunidades onde estão instaladas.
Já o técnico do DNIT Igor Krüger afirmou que a organização reconhece o trabalho realizado pela comunidade para que o trecho fosse federalizado e, posteriormente, reformado. Ele destacou em sua fala que o extrato do edital de início de obras havia sido publicado naquela manhã no Diário Oficial da União.
A fala do diretor da Asufpel, Tonilar Afonso, conhecido como Laco, emocionou pelo relato que trouxe da mobilização desde o início. Ele contou que presenciou a inauguração do trecho de acesso à UFPel, com a presença até mesmo do ministro dos Transportes da época. Desde o fato, ocorrido há mais de 30 anos, nunca mais a via teria recebido intervenções mais pesadas, disse Laco. O trabalho começado com as fotografias publicadas no jornal do sindicato ganhou corpo quando houve o capotamento do veículo de uma moradora das redondezas devido às más condições da via.
Foram diversas as soluções pensadas, mas nenhuma delas contemplava o trecho todo. Até que foi encontrado dentro da legislação um artigo que permitiria a revitalização de trechos mais longos, mas com a federalização do espaço. Dentro do processo pedido pelo Ministério dos Transportes, foi necessário, conforme o relato do diretor, que fossem contados todos os veículos que transitavam pelo trecho. Foram contados, em 24 horas, o tráfego de 20 mil deles, entre carros, ônibus, caminhões e bicicletas. O número impressionou o órgão.
A federalização, conquistada nos últimos dias do ano de 2013, trouxe novas esperanças para o grupo formado pela mobilização, formado por representantes da UFPel, Embrapa, Asufpel e da Prefeitura e Câmara do Capão do Leão. A partir de então, os esforços, que incluíram duas idas a Brasília e diversas reuniões no DNIT de Pelotas e Porto Alegre, foram focados no projeto de revitalização das vias que compõe o acesso, que agora foi conquistada.
O vereador Marco Aurélio, outro componente da comissão, afirmou ter orgulho em pertencer ao grupo. Para ele, o diferencial para a obtenção do objetivo foi o trabalho aguerrido de todos, que acreditaram desde o primeiro momento que isso seria possível.
Para o reitor da UFPel, Mauro Del Pino, a revitalização do acesso ao Campus Capão do Leão é resultado da luta por um anseio histórico não só da comunidade científica e acadêmica, mas também dos moradores da região. Del Pino ressaltou o esforço estratégico, realizado por meio de um trabalho articulado sobre as maneiras possíveis em realizar a mobilização. “A comissão soube conduzir esse processo com persistência e sabedoria, de forma que hoje podemos comemorar esse momento”, elogiou.
O gestor da Universidade ainda afirmou que é impossível construirmos um sistema de ensino e pesquisa sem que haja um conjunto de obras de infraestrutura que possibilitem seu funcionamento. Dentro desse espírito, Del Pino também destacou o papel dos estudantes da instituição, que por diversas vezes interromperam o fluxo no trecho para protestarem contra as condições de tráfego: “Isso foi fundamental para que a UFPel levasse esse processo adiante”.
No entanto, o reitor foi firme em afirmar que a luta pela via ainda não foi concluída: “Nós queremos mais!”. De acordo com ele, a revitalização não resolve ainda o conjunto de problemas apresentados, que serão solucionados com a instalação da ciclovia, da iluminação em toda a extensão e da segurança do transporte coletivo. Para esta última demanda, já há movimentação junto ao governo do Estado para que seja alterada a legislação que permite que o mesmo número de pessoas viaje sentada e em pé nos veículos que fazem linhas metropolitanas, como é o caso dos ônibus que levam ao Campus Capão do Leão. “Essa é a luta dos gestores de instituições de países em desenvolvimento: não podemos descansar! Devemos colocar em nossa pauta sempre algo mais”, afirmou.
Os últimos pronunciamentos da manhã foram proferidos pelos chefes dos executivos municipais. A vice-prefeita de Pelotas convidou que todos tirassem duas lições sobre a luta pela revitalização: a de que as coisas não são fáceis de serem executadas, mas que devemos ter força e otimismo para superar os obstáculos, como a burocracia, e que o trabalho coletivo vale a pena. Já o prefeito de Capão do Leão reiterou os elogios sobre o trabalho da comissão, afirmando que sem o seu apoio não seria possível realizar a obra, já que o município não teria condições de fazer tal investimento sem retirar recursos de áreas fundamentais, como a saúde e a educação.
Logo após as falas, foi realizada a entrega do contrato assinado pelo DNIT e pela empresa responsável pela obra, que custará mais de R$ 5 milhões e deverá começar nas próximas semanas. Os presentes foram convidados, então, para participar de almoço comemorativo, realizado no Clube Campestre.