Palestra com fotojornalista português lota sala do Museu do Doce
Foram mais de 20 viagens papais, cinco anos nos grandes prêmios de Fórmula 1, guerras na África e no Oriente Médio. As quatro décadas de carreira do fotojornalista Fernando Ricardo foram matéria-prima para uma partilha de experiências em forma de palestra, realizada no início da noite desta terça-feira (7), no Museu do Doce da UFPel.
Promovida pelo Grupo Foto Comentário, formado por amigos interessados em debater fotografia, o evento lotou o espaço destinado para sua realização com profissionais da área, estudantes e curiosos, que puderam ouvir relatos de Ricardo durante a sua trajetória como fotojornalista.
Abrindo a palestra, o jornalista e servidor aposentado da UFPel Luiz Carlos Vaz lembrou que as imagens do convidado da noite, batidas em um dia, poderiam estar nas páginas de mais de 10 mil jornais no dia seguinte, devido ao seu trabalho nas prestigiadas agências Associated Press (AP) e France Presse (AFP). Logo em seguida, Fernando Ricardo tomou a palavra, dizendo que aquela noite seria para falar sobre suas fotografias.
O fotojornalista contou diversas passagens da sua atividade profissional, como quando comprou dezenas de litros de água mineral em uma cidade da África para poder revelar suas imagens no quarto do hotel, já que aquela vinda do sistema de abastecimento não tinha qualidade para o processo químico, fato que teria ofendido os habitantes do local. Outro fato lembrado por Ricardo ocorreu no incêndio do bairro de Chiado, em Lisboa. Suas imagens, por serem as primeiras a serem transmitidas – graças à saída do fotógrafo do local por helicóptero – , foram capa nos principais diários europeus no dia seguinte.
Entre as histórias por trás das imagens, o português também tecia comentários sobre o ofício. “Fotógrafos não fotografam com suas máquinas, mas com sua cultura, com o que veem”, afirmou. Ricardo também falou sobre a transformação do cenário profissional nos últimos dez anos, com o advento da fotografia digital. “Temos todos que repensar… O que poderá ser visto no futuro?”, questionou os presentes. Ele respondeu afirmando que o público dos veículos impressos tem cada vez mais exigido qualidade e é essa a razão do abandono de alguns periódicos, mas a adesão a outros, que têm adotado essa estratégia.